Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 214 de 320.

07/01/2011 - art nouveau

Mulher de negócios, cosmopolita, vibrante, capital dos meus sonhos. Milhões e milhões de sonhadores habitam sua alma, desejam seu corpo. Mulher nascida em berço de ouro e criada nas ruas da ilusão. Mulher de beijo bilíngue, olhos escritos em francês ou monegasco, braços e pernas de compassos de aberturas mil. Mulher de pensamentos ultramodernos e fantasias pitorescas.

Mulher agradável nas noites de verão e essencial nas noites de inverno. Quantos baristas, floristas, cosmonautas, escafandristas, toureiros e turistas tatuam sua pele passando para lá e para cá num correr sem fim. Passam com lamparinas acesas e quartos de lua imersos no suspense de uma penumbra. Mulher de leitos e tumbas. Mulher de emoções fundas. ...
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06/01/2011 - Certos dias

Certos dias a gente se avizinha e briga como bons vizinhos. Certos dias a gente se encontra e apronta como se não fosse ocorrer reencontro. Certos dias a gente promete só para aumentar a coleção de promessas não cumpridas. Certos dias a gente acorda com vontade de fazer isso e aquilo, mas não sai da cama. Certos dias a gente jura amor eterno e depois se desconjura. Certos dias a gente se ama só porque se odeia. Certos dias a gente se odeia só porque se ama.

Certos dias a gente se achega, aconchega-se e depois chora. Certos dias a gente se despede antes mesmo de ir embora. Certos dias a gente rompe os limites e depois se corrompe. Certos dias a gente se enxerga lado a lado e depois se nega. Certos dias a gente vai além do casual e depois se pega num ato normal. Certos dias a gente inventa mundos e pessoas e depois mergulha num sono profundo. Certos dias a gente é nobre noutros vagabundo. ...
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05/01/2011 - Mulher Jerusalém

Jerusalém é uma cidade com vida própria, ou melhor, uma mulher que ganhou vida. Uma mulher que coloca aos seus pés as três principais religiões monoteístas do mundo. Uma mulher que faz com que homens sintam-se as próprias reencarnações de São João Batista. Uma mulher que deixa qualquer um, crente ou não, atônico diante de sua beleza, da sua religiosidade, da sua tensão política. Uma mulher que é alvo de milagres e que faz pecar.

Jerusalém é a mulher velha, com quatro mil anos de história, com limites e muralhas, da época do Rei David. Pelas entranhas dessa mulher, a via-crucis, o muro das lamentações, o jardim das oliveiras, o santo sepulcro. Mas Jerusalém é também nova, mais moderna e laica. Uma mulher com bares e jovens e música eletrônica. Uma cidade alto-astral. Mulher alta, 750 metros acima do nível do mar, perto do paraíso. Mulher de baixa umidade, purgatório e inferno. ...
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04/01/2011 - Mulher dos olhos de dry martini

Ah! Como é existencial para qualquer vida o encontro com a mulher dos olhos de dry martíni. Olhos milimétricos, canônicos, eternos feitos, como que por um alfaiate, com quatro gotas de vermute Noilly Prat debruçadas sobre uma dose de gim em bastante gelo na coqueteleria. Depois de misturado e mexido, coa-se o gelo de seus olhares e seus olhos são serviços numa taça de cristal de 100 ml.

Não há nada mais elegante que um cavalheiro segurar seus olhares de dry Martini. Sente-se como David Nive, Fred Astaire, Sean Connery. Diante de seus olhos não há de se ter pressa, tampouco pensamentos paralelos. É preciso sintonizar a cabeça com a freqüência exata de seus coquetéis de globos, retinas e meninas dos olhos. Um coquetel finamente elaborado. ...
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03/01/2011 - Reza mulher

Reza mulher de crenças e ritos. Reza mulher que em nome da fé rompe conflitos, interesses, etnias. Reza mulher que nega a própria emancipação em favor de um Deus dominante. Reza mulher de tantas feridas e quantas saudades não vividas. Reza mulher numa reza que poda suas asas de pássaro. Reza mulher entre a angústia e o bucólico. Reza mulher e mostra-se mulher perfeita de joelhos ao chão e lábios ao crucifixo.

Reza mulher de crenças e ritos. Reza mulher que em nome da fé rompe conflitos, interesses, etnias. Reza mulher que nega a própria emancipação em favor de um Deus dominante. Reza mulher de tantas feridas e quantas saudades não vividas. Reza mulher numa reza que poda suas asas de pássaro. Reza mulher entre a angústia e o bucólico. Reza mulher e mostra-se mulher perfeita de joelhos ao chão e lábios ao crucifixo. ...
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02/01/2011 - Mulheril

Foi de ilusão eu sei que meu destino desaguou no que sonhei. Tão logo previ, encontrei. Tão logo sorri, chorei. Tão logo morri, dancei. Dancei nos seus braços, tropeçando em meus passos. E o cansaço da noite escura foi me deitando em sua formosura. E entre fogos de artifício, pirilampos explodindo no céu, fiz do meu louco a sua loucura. Os carros batiam, os navios naufragavam, os aviões caiam com todo o magnetismo que houve entre meu corpo e seu corpo.

Suores e lágrimas de prazer e de torpor. Folclores de amor e de sofrer. Calor escorrendo pelas costas e frases de bendizer tecendo nos ouvidos. Foram gritos e bramidos. Sua pele se comunicando com a minha em fá sustenido. Namorada e namorado, esposa e marido, amantes. Mulher de papéis e rapéis. Mulher de cachoeiras e corredeiras. Mulher de ar e da falta de ar. Mulher de um vôo cego e da cruz que me prego. Mulher que desejo e medro num amor varonil. Mulher mulheril.


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01/01/2011 - Ama como primeiro mandamento

Ama. Ama sem medida e sem pudor. Ama como se hoje nascesse um novo criador. Ama sem pensar no que passou. Ama sem esperar demais do futuro. Ama de um jeito forte e seguro. Ama não contando os vinténs. Ama de cabeça erguida e braços abertos. Ama de coração partido. Ama sangrando. Ama se dando. Ama devorando a coisa amada com romantismo e heroísmo. Ama perdido no horizonte. Ama trazendo lanças, escudos e cavalarias. Ama a ferro, fogo e poesia.

Ama inventando que hoje é um novo tempo. Ama ao pé do ouvido e num pé de vento. Ama a qualquer hora sem fazer questão de espaço. Ama em teias e redes. Ama em labirintos. Ama em tragos de cachaça e absinto. Ama num céu de algodão. Ama entre a pele e o batom. Ama sutilmente e desvairadamente. Ama cuidando das feridas. Ama mordendo as maçãs. Ama de costela em costela. Ama girando pela espinha. Ama dos cabelos aos tornozelos. Ama, voa, caia e se aninha. ...
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31/12/2010 - Mitológica e antológica

Você que conhece mais e melhor a linha que separa o bem do mal. Você, Eva, Cleópatra, Dalila. Você sempre sedutora, sempre pronta a ludibriar os homens que a devoram com olhos e dentes. Você, divina inspiração de pensamentos pecaminosos. Você que lê pensamentos e desbanca as teorias de Freud. Você que é um ato amoroso sem fim. Você que não distingue o amor físico do espiritual. Você que é outro tipo de afeto, ainda não descoberto pelos intelectuais. Você que é entrelaçada ao eu profundo de todas as coisas. Você que nos apequena diante de sua amplitude cotidiana e literária. ...
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30/12/2010 - Entre perdas e ganhos

Entre perdas e ganhos, perdi. Perdi o passo, perdi o rumo, perdi o prumo. Perdi quem sempre me protegeu, quem sempre me valeu, quem sempre engrandeceu a minha vida. Perdi quem me amou de fato. Perdi quem me ensinou o ato da lida. Perdi quem me criou, quem me educou, quem me inspirou. Perdi o fio da meada. Perdi a estrada. Perdi a cabeça, perdi a canção, perdi o coração. Perdi o ritmo, perdi a razão, perdi para a doença.

Perdi a terra, perdi a lavoura, perdi a semeadura. Perdi a lição, perdi o causo, perdi o sol e a chuva também. Perdi o gosto, perdi o posto, perdi a vontade de voltar. Perdi o embalo, perdi o faro, perdi o verde dos olhos. Perdi a crença, perdi o heroísmo, perdi o cavalheirismo. Perdi a dança, perdi a balança, perdi a esperança. Perdi os sonhos mais puros. Perdi o porto seguro. Perdi a loucura. Perdi a força, perdi a paciência, perdi o ânimo, perdi a ternura. ...
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29/12/2010 - Benfeitorias

Eles querem me fazer calar, me fazer dormir, me fazer corar, me fazer fugir, me fazer falar, me fazer sumir, me fazer acreditar, me fazer cair, me fazer chorar, me fazer despir, me fazer acabar, me fazer cuspir, me fazer tomar, me fazer engolir, me fazer esperar, me fazer fingir, me fazer pecar, me fazer grunhir, me fazer soluçar, me fazer rir, me fazer contar, me fazer ir, me fazer voltar, me fazer ferir, me fazer matar, me fazer trair, me fazer suar...

Eles querem me fazer sofrer, me fazer impor, me fazer perder, me fazer dor, me fazer esquecer, me fazer amor, me fazer valer, me fazer admirador, me fazer torcer, me fazer agitador, me fazer reler, me fazer calor, me fazer saber, me fazer dissabor, me fazer amanhecer, me fazer torpor, me fazer fenecer, me fazer andor, me fazer entontecer, me fazer anterior, me fazer render, me fazer apoiador, me fazer engrandecer, me fazer tambor, me fazer querer......
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