Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
31/12/2010 - Mitológica e antológica

Você que conhece mais e melhor a linha que separa o bem do mal. Você, Eva, Cleópatra, Dalila. Você sempre sedutora, sempre pronta a ludibriar os homens que a devoram com olhos e dentes. Você, divina inspiração de pensamentos pecaminosos. Você que lê pensamentos e desbanca as teorias de Freud. Você que é um ato amoroso sem fim. Você que não distingue o amor físico do espiritual. Você que é outro tipo de afeto, ainda não descoberto pelos intelectuais. Você que é entrelaçada ao eu profundo de todas as coisas. Você que nos apequena diante de sua amplitude cotidiana e literária.

Você quem tira mais prazer do mundo, que é o sonho mais fecundo gerado pela humanidade. Você que é quem mais se entrega ao mundo. Você que vem em ondas ou maremotos. Você que se apaixona em pequenos surtos, em gritos entrecortados, em contorções. Você que ama com os pés no chão e com a leveza dos suspiros suspirados ou recém-saídos do forno. Você que é mitológica e antológica ao mesmo tempo. Você que cria situações absurdas para não viver e morrer numa mesma melancolia. Você que tem desejos secretos. Você que não foi feita para viver presa em corpos ou papéis. Você que é exclusiva e singular mesmo sendo plural.

Você, beleza viva, feliz ano novo!


Comentários

30/01/2016, por Henrique Matias:

Estava procurando no google um texto que fugisse da obviedade quando o assunto é amor para presentear uma pessoa e esse é ótimo. Um achado! Parabéns.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar