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Encontrados 301 textos. Exibindo página 17 de 31.
Soneto cuidadoso
Cuidado, olha pra trás, olha pro lado
Eles estão na porta a tua procura
Cuidado, não tem reza não tem cura
Eles ainda vão te pegar, cuidado
Olha pro lado de fora do muro
Eles estão lá, eles vão te morder
E vão te prender, vão te entorpecer,
Fazer-te sofrer. Aqui não é seguro
Corre se esconde debaixo da cama,
Em cima da árvore no meio da lama,
Por entre a saia azul da dama estelar
Corre dos caçadores dos que amaram...
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19/04/2015 -
Soneto da amada fazendo as unhas
Bem cuida dessas unhas de menina
Entre alicates e demãos de tinta
Tira toda cutícula, lixa e pinta
Fazendo esculturas de queratina
Espalha esmaltes muitos pela cama
E feito manicure doutoranda
No melhor do capricho da ciranda
Fazendo as unhas dizendo que ama
Ama entre palitinhos e algodão
Ama com espátulas e acetonas
Ama... auto-retrato da perfeição
Esmalta o que deseja para si
Amores, paixões de mandar à lona...
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Soneto da amora
Ai, chora que o beijo dela é de amora
Mancha a alma e bem demora seu esquecer
Chora antes que alguém te mande sofrer
Chora a menina pequena foi embora
Do quase namoro e toda a cidade
Canta e canta em coro que foi traição
O que a menina fez da tua ilusão
E agora chora, ai chora sua maldade
O beijo roxo e doce ficou amargo
O vão entre teus braços ficou largo
E a tua comédia virou um bangue-bangue
Sai pelo velho oeste como o bandido...
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Soneto da boiada de poeira
Lembro do gosto da terra vermelha
A estreita estrada face um arvoredo
Meus pés trilhando sob cacos de telha
E o orvalho dizendo que ainda era cedo
Seguia como o maestro de uma boiada
Na cabeça, os nós da palha chapéu
Presa à mão, uma varinha improvisada
E ao lado, a réstia de cães seguia ao léu
Serpenteávamos em procissão
De passos, de olhos, de medos, de gritos
Aboios de ventania sem direção
Hoje o chapéu é fogo de palha triste...
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30/09/2013 -
Soneto da confissão
Confesse que me acha chato, bobo, idiota
Que me quer longe, como Vênus de Netuno
Confesse que está louca pra bater a porta
Nesta cara pouca num instante oportuno
Confesse que optou por bem melhor companhia
Que nem se lembra do sonhador que cá existe
Confesse que voltou as costas à fantasia
De repente e sem culpa de me fazer triste
Confesse o não sentir falta desta presença
Que tudo não passou de uma vaga ilusão
E em silêncio, deu-me a solidão por sentença...
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Soneto da continuidade
Das mãos unidas fez-se sem alcance
O que sem controle escorreu em teu dorso
Na promessa de ter sido só o esboço
Das tantas laudas do nosso romance.
Ah! Se houver amor, mata teus medos...
Deixa quiçá o desespero da ausência
Dos nossos beijos... Confia na sentença
Que irá nos acorrentar sem segredos.
Fazer valer o que sempre foi válido,
Eis o Superior Tribunal do Amor
Que faz o sol em nós não se pôr pálido.
...
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Soneto da conversa fiada
Quando a noite chegar para dormir
Cansada das minhas fiadas conversas
Hei de ser como trovador que versa
O adeus, dois, três dias antes de partir.
No instante em que pousar os cabelos
De estrelas no travesseiro de plumas
Hei de trilhar no lombo de um camelo
Os caminhos desertos de quem ruma
Na imensidão vazia de um amor árido
E caem na tentação da flor de pedra
Que bela, de adeus o destino empedra.
Hei de abortar o desejo mais cálido...
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Soneto da correria
À procura da dona da tua vida
Corre torto e aporta no cais do porto
E desamarra os nós de uma partida
Rumo ao mar-adentro coração. Morto,
Ártico ou, índico ou mediterrâneo
Iça âncoras, velas, queime carvão
E atravessa os corais do subterrâneo
Rumo à ilha dos náufragos da ilusão
Tenha a lua no mar e o sol no iceberg
O destino é avante, sonha e navegue
Consulta estrelas, bússolas, desvia
De tudo o que estiver posto nos mapas...
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Soneto da desesperança
Ó tempestuoso céu a esbravejar
Em loucos urros ensurdecedores,
Eu fiel sonho sonhador a sonhar
Sobre o corpo íntimo meus temores.
Raia os raios e se põe o ventre a cortar
Num último parto de ódio e desejo
Onde os anjos caídos terão lugar
E o pecado à morte cederá um beijo.
Imploro em teus pés céu da escuridão
Cuspa-me sonoras lanças em chamas,
E traga o amor na ponta de um trovão.
Varra a solidão com seu vento norte,...
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Soneto da espera
Aquiete-se. Há de ventar o tempo
Do vento que ventará nuas sementes
Na ventania azul das águas ardentes
Correntes nascentes de sentimento
E quando esse dia enfim raiar e chegar
Eu hei de viver em pleno setembro
De primavera e lembrar que não lembro
Que as flores do tempo hão de vingar
Mesmo com todos os nossos abortos
Mesmo com todos os golpes dos botos
Mesmo com toda fome carcará
O meu amor há de brotar mesmo em pedras...
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