Soneto da boiada de poeira
Lembro do gosto da terra vermelha
A estreita estrada face um arvoredo
Meus pés trilhando sob cacos de telha
E o orvalho dizendo que ainda era cedo
Seguia como o maestro de uma boiada
Na cabeça, os nós da palha chapéu
Presa à mão, uma varinha improvisada
E ao lado, a réstia de cães seguia ao léu
Serpenteávamos em procissão
De passos, de olhos, de medos, de gritos
Aboios de ventania sem direção
Hoje o chapéu é fogo de palha triste
Os gritos são mais silêncios aflitos
Dentre a boiada que não mais existe.
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