Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 12 de 27.

Sem rumo

Não sei quem sou. Sei que ando. Não sei o rumo. Piso em folhas secas que não agüentaram esperar pela primavera e que os jardineiros não tiveram pressa para varrer. Ouço vozes. Olho para os prédios e só vejo vida nas luzes que ultrapassam os vidros das varandas. Janelas. As vozes pareciam ser do concreto. Mais a frente, um cachorro me olha desconfiado. Mais a frente ainda, um grupo de seis meninas ensaia uma coreografia. Passos para lá. Passos para cá. E meus passos são para frente. Para frente rumo ao passado. Ao passado do futuro. ...
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Sem saída

Sem saída. Eis o estado que define a mulher que nem se valera do último amor nem se livrara dele. O último romance não foi o suficiente para fazê-la feliz e era mais do que suficiente para impedi-la de se apaixonar novamente. Ora parecia querer amar de novo ora queria reviver o caso mal resolvido. Queria voar outros céus, beijar outras bocas, entregar-se a outras entregas, mas não tinha coragem de trair o que não conseguia chamar de passado.

Não acreditava mais naquele amor, mas não o desacreditava. Não sabia por onde sair. Pedia conselhos à mãe, à irmã, aos amigos mais próximos, mas tudo girava dentro da sua cabeça e ela não chegava a lugar algum. Na verdade, o que ela mais queria é que ele terminasse esse pseudo-namoro. Ela ficaria com raiva, num choro só, mas depois poderia re-começar, tentar de novo com outro alguém. Afinal, não gostava de ficar sozinha. E isso era o que mais lhe incomodava. Aquele velho ditado ? antes só do que mal acompanhada ? não fazia o menor sentido para ela....
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13/01/2015 - Sem sapatos

Tão logo chegou tirou os sapatos e pisou naquele chão frio e translúcido da nascente que ficava nas terras do seu Adelor, um velho fazendeiro que cansado de contar riqueza pendurou uma rede na varanda para de lá nunca mais sair. Bem longe da casa grande e sem pensar no senhor daquelas terras livrou os pés que viviam trancados naqueles materiais sintéticos. Sim, seus pés viviam numa espécie de natureza morta. As unhas, bem feitas, reluziam por aquela água limpinha. E ela caminhava sem culpa por aquele solo que mais parecia nuvem. Sentiu-se livre. E sem emitir som algum, conversou com Deus. Um contato íntimo com a terra, com o mundo, com o universo. Ela, que na maioria dos dias era fogo, viu-se água. E seus pés ficaram doces, seu corpo ficou doce, e até o choro que verteu de uma emoção ainda não diagnosticada caiu doce naquelas águas que tinham uma espécie de mel. Essa espécie de abelha ficava intocada no chão e produzia esse néctar que borbulhava numa água recém-nascida. O velho Adelor não dava importância para aquelas borbulhas, tampouco para o gosto daquela água, pois só tomava conhaque e cachaça de alambique. Já aquela mulher de ossos finos tomava todo o cuidado necessário para não estragar nada. Pisava com zelo. E até para beber aquela água pedia licença ao lugar. Era de uma elegância de cristal. No início, destoava muito, mas pouco a pouco foi se tornando parte da paisagem a ponto de uma garça mais atrevida paquerá-la. Pena que tinha de voltar para os sapatos, para um caso de cara mais ruim que seu Adelor e para a vida salgada de sempre.


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Sem tempo

Um alambique de pinga abandonado queria dizer-me que tinha ali, entre seus tonéis, litros de passado... Os tijolos à vista estavam escuros pela baba dos musgos. A chaminé, ainda alta, me aguçava uma vontade de escalá-la, de interrogá-la, de encher os pulmões com o teu resto de fumaça. Ela devia guardar tantas coisas em seu vazio escuro. Tenho certeza de que nenhum papai-noel jamais descera por ali. Eu seria o primeiro a desvirginar aquelas paredes de fuligem. Paredes que não mais deveriam saber o gosto da pinga. ...
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19/08/2013 - Sem texto

Hoje não tem texto. As linhas fugiram das minhas mãos. Estou sem sorte. Órfão de destino. Á procura da curva da vida. Não há grandes emoções para serem descritas, pois o mundo anda numa maré de tédio. A inspiração arde em febre, doente de realidade. Aliás, estamos todos com overdose de realidade. Os sonhos estão escassos e assustados, escondidos nos lugares mais improváveis. Um cansaço estranho toma conta do meu corpo. Falta coragem, falta ânimo, falta motivação...

Por isso, hoje não tem texto, não tem pretexto, não tem contexto... É curioso o fato de não haver tempo para nada mesmo sabendo que há tempo para tudo. Torço e me contorço e não sai um verso sequer. As palavras estão todas embaralhadas em minha cabeça, como um tarô que não diz nada com nada. Fujo dos papeis em branco como se eles fossem assombrações. Dói não ter o que dizer. Minhas ideias estão em greve por realizações. E a fantasia, machucada, implora por dias melhores...


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05/09/2015 - Sem vendas

Hoje acordei com um vazio dentro e fora e fora e dentro de mim como se o tudo fosse nada e as faltas fossem deveras notadas. Nada se pôs a encaixar. Ninguém parecia amar como eu amei. E tudo ficava fora do lugar. O meu mundo havia sucumbido a um desses buracos negros espaciais que levam o que temos sem deixar nada para trás. Por todos os lados eu via a dona do meu coração, mas não conseguia tocá-la como se ela fosse poeira, fruta madura da árvore chamada ilusão. Hoje acordei com um vazio como rio sem água, como estrela sem luz, como alicate sem fio, como porto sem navio, como cruz sem Jesus. E eu tentei fechar os olhos e dizer para mim mesmo que estava tudo bem. Mas o amor, quando é amor, vendas não tem. ...
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01/03/2014 - Sem você, eu não tenho

Eu não tenho o que fazer sem você. Eu não tenho para onde ir sem você. Eu não tenho direção ou sentido sem você. Eu não tenho fome sem você. Eu não tenho identidade sem você. Eu não tenho paradeiro sem você. Eu não tenho porquê sem você. Eu não tenho motivo algum para ser feliz sem você. Eu não tenho como falar de amor sem você. Eu não tenho graça sem você. Eu não tenho ânimo sem você. Eu não tenho espaço sem você. Eu não tenho asas sem você. Eu não tenho valor sem você. Eu não tenho razão para viver sem você. Eu não tenho perdão sem você. Eu não tenho força sem você. Eu não tenho em que acreditar sem você. Eu não tenho encaixe sem você. Eu não tenho destino sem você. Eu não tenho cor sem você. Eu não tenho fôlego sem você. Eu não tenho paz sem você. Eu não tenho prazer sem você. Eu não tenho como continuar sem você. Eu não me tenho sem você.


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08/02/2013 - Sem, sem você

Sem você, o buquê fica joga num canto. Sem você, o violão, sem porquê, fica surdo e mudo, sem sentido, sem mi bemol, sem fá sustenido. Sem você, o sol fica sem lua. Sem você, a rua fica sem esquina. Sem você, a mulher fica sem a menina que brinca dentro dela. Sem você, o coração fica sem janela para olhar, para pular, para cometer loucura. Sem você, a vida não passa de um livro sem figuras. Sem você, a bailarina da caixa de música ao rodopiar sente tontura. Sem você, ninguém se acha. Sem você, a cidade fica sem praça, sem movimento, sem se encontrar no mapa. Sem você, a igreja fica sem papa. Sem você, o mundo fica sem sentimento. Sem você, a nuvem fica à deriva num céu sem vento. ...
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04/06/2012 - Sem-nada

Sem-terra. Sem-cor. Sem-vida. Sem-dor. Sem-expectativa. Sem-teto. Sem-sossego. Sem-fé. Sem-dinheiro. Sem-esperança. Sem-dó. Sem-misericórdia. Sem-pecado. Sem-culpa. Sem-canção. Sem-poesia. Sem-amor. Sem-luz. Sem-roupa. Sem-hipocrisia. Sem-história. Sem-juros. Sem-promessa. Sem-remédio. Sem-nuvem. Sem-solução. Sem-perdão. Sem-sistema. Sem-segurança. Sem-educação. Sem-vida. Sem-beleza. Sem-corte. Sem-bilhete. Sem-vela. Sem-gosto. Sem-sinal. Sem afeto. Sem-liberdade. Sem-vento. Sem-sorte. Sem-fundo. Sem-rumo. ...
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19/04/2011 - Semana santa

Há um padre benzendo ramos, porque é Semana Santa. Há os tradicionais ovos pintados à mão, porque é Semana Santa. Há penitentes de diversas irmandades caminhando mascarados, porque é Semana Santa. Há um ventro frio, triste e cortante, porque é Semana Santa. Há um cristão ortodoxo que toma banho em cerimônia no Rio Jordão, porque é Semana Santa. Há um devoto que carrega um tronco durante uma procissão, porque é Semana Santa. Há louvores à Santa Cruz, porque é Semana Santa. Há um convite à oração, porque é Semana Santa. Há quem jejue, porque é Semana Santa. Há igrejas que se cobrem de púrpura em sinal de luto, porque é Semana Santa. Há atores profissionais e amadores encenando a Paixão de Cristo, porque é Semana Santa. Há muita dor em tudo e em todos, porque é Semana Santa....
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