Daniel Campos

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05/09/2010 - Senhora dos remédios

Olha lá quem vem vindo, subindo as estradas que margeiam o rio Douro, é Nossa Senhora dos Remédios. É ela quem nos cura das doenças do corpo e da alma. Lá vem a imagem da santa trazida pela procissão do Triunfo. Só que não é procissão de velas ou de senhorinhas, mas de bois. Carros e mais carros de boi que vem rangendo, tangendo o estradão que vai se abrindo em torno daquela senhora de mantos rosa e azul. As rodas do carro vão girando como que chorando aos santos pés daquela senhora que cura o pranto de quem chora.

Perdida no tempo e esquecida no espaço, a procissão em honra e veneração a essa santa vem com seus andores armados sobre carros e puxados por juntas de bois. De bois que são filhos daquele boi que espreitou o nascimento de Jesus na Manjedoura de Belém. E aquele balanço dos bois vai levando quem espera por um milagre. Há séculos é assim. O andor que fecha a procissão é sempre o de Nossa Senhora dos Remédios que vem acompanhada de 30 anjinhos.

Pelas ruas de Lamego, na velha Portugal, a Virgem vai passando em meio a romarias, festivais, missas, fados, desfiles e torneios. Como pinturas sacras, os bois vêm enfeitados, pisando duro pelo chão de terra e pedras. Os bois invadem o centro da cidade, numa saudade medieval. São bois fortes e vistosos, pesando uma tonelada e meia, que ficam pequenos diante dos 600 metros de altura da igreja barroca que guarda o mistério da cura.

Salve Nossa Senhora dos Remédios...


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