Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 10 de 28.

14/01/2013 - O ato de sonhar

O sonho é um poço sem fundo, quanto mais se sonha mais se quer sonhar. Quando um determinado sonho está prestes a se realizar ele - o sonho - se alonga ganhando novas dimensões e profundidades só para se distanciar do alcance de nossas mãos. Isso porque o sonho só é sonho enquanto não se realiza. O sonho foge da realidade igual caça foge do caçador. E nós somos seres reais. Seres que não se contentam só com o abstrato, com a possibilidade, com o sonho. Queremos transformar, como espécie de bruxos do concreto, tudo e todos em realidade. Somos nós que afugentamos, perseguimos e matamos nossos sonhos e, até mesmo, sonhos alheios. ...
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09/01/2013 - O vento

Não há nada mais livre que o vento. Ninguém aprisiona, acorrenta, detém o vento. O vento venta por onde e quando quiser. Não há nada de metódico no dia a dia do vento. Pelo contrário, o vento é marcado pela imprevisibilidade. E que não coloquem obstáculos no caminho do vento. Árvores, construções, barcos... tudo o que se atreve a ficar frente a frente com o vento é destruído. O vento que ora é calmo ora é devastador. O humor do vento oscila rápida e bruscamente, sem muitas explicações. Isso porque o vento não deve satisfações. O vento é soberano. O vento embaralha cartas de tarô, muda planos, encobre a lua e deixa nu o amor. ...
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05/01/2013 - O que e quem nos espera?

Para onde vamos? O que nos espera? Quem nos espera ao fim da estrada? São tantas perguntas, hipóteses, possibilidades. Somos o labirinto no labirinto. Será que eu me minto? Será que eu sinto ou finjo sentir? Para onde ir? O que comer? O que dizer? O que vestir? Somos obrigados a tomar decisões a todo o momento sobre o que desconhecemos. Somos um turbilhão de sentimentos e pensamentos se misturando, se separando, se cruzando, se amando, se odiando, se transformando...

Somos o produto das nossas escolhas. Para onde vamos? Será que andamos em linha reta, para o lado, pra trás, em círculos? Nossos passos são nossos? O nosso livre arbítrio é livre? Será que nossos olhos estão abertos ou fechados para outros olhos? O que realmente fica para sempre em nós, fora de nós, independente de nós? Será que tudo não passa de um imbróglio? Quem nos espera? A morte, a vida, a pessoa amada, nossos erros, nossos acertos ou nós mesmos? ...
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22/12/2012 - Ou, ou, ou

O gato miou. O bolo queimou. A mágoa inflamou. A boca provou. O garoto beijou. A menina amou. O coração capotou. A morte levou. O galo cocoricou. O tempo fechou. A lua raiou. O sol minguou. O ponta-esquerda amarelou. O santo titubeou. O pintassilgo assoviou. A realidade atropelou. A estrela dançou. O velho travou. A guerra acabou. O romance rasgou. A vida pecou. O mundo pesou. O desejo chamou. O vento virou. O perdão apagou. O mar vazou. A paixão estreou. A poesia despetalou. O medo desafiou. O laço arrebentou. A febre piorou. O começo recomeçou....
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14/12/2012 - O canto de Liah

Liah, pássaro de asas invisíveis a olho nu. Liah, a mesma voz de ninar escancara todas as portas de casa. Liah, mulher borboleta, metamorfose musical, nascimentos e renascimentos num mesmo palco. Liah, harmonia que flui como barco na correnteza. Liah, mistério e beleza num mesmo arranjo visceral. Liah, variações inusitadas e bem-vindas de luz e som. Liah, palavras cantadas marcadas de batom ao vento. Liah, tom sobre tom, sentimento ascendente, estrela rompendo os céus do inconsciente. Liah, sangue indígena, magia natural, voz sem igual. Liah, mensageira da fantasia, lua do dia, pétala e semente bailando pelo ar. Liah, solidão poente. Liah, fibra, bilha, vibra, trilha zodiacal. ...
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09/12/2012 - O canto de Ellen Oléria

O canto de Ellen Oléria tem a cor do meu país. Uma cor feita de swing. Uma voz que dobra o aço do silêncio. Ellen, o samba de braço dado com o afoxé. Ellen, ativista de emoções. Ellen, malabarista das cordas do violão. Ellen, uma mulher, uma multidão. Oléria, um grito contra a miséria. Canta sem medo de represálias. Canta quebrando correntes. Canta chamando por liberdade. Ellen é a contracultura, a ruptura da rotina, o sentimento puro, extravasado, cantado, ofertado ao povo que pede bis. Ellen Oléria, embaixatriz do que nos faz feliz. ...
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24/11/2012 - Os truques de Seu Antônio

Seu Antônio, em sua última passagem pela Terra, era um homem cheio de truques e mistérios. Pouco se sabia sobre sua vida. Ele praticamente não falava de sua infância, de sua adolescência, de suas aventuras. Suas histórias sempre falavam sobre outros personagens. O segredo, para conhecê-lo, era ir juntando em seus causos e piadas pedacinhos dele. Como todo autor de boas histórias, coloca pitadas de si e do que o rodeio em suas narrativas.

Ele era o menino da história que nunca brincou. Ele era a criança tratada como bicho pelo pai. Ele era aquele de corpo franzino que carregava e descarregava mil caminhões de lenha por dia. Ele era o aluno que não pode estudar. Ele era um apaixonado pela dança. Ele era o jovem que teve que abrir mão dos bailes. Ele era o recém-casado que saia de casa com uma enxada nos ombros a procura do pão de cada dia. ...
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23/11/2012 - O axé de Joaquim Barbosa

Ir à cerimônia de posse de Joaquim Barbosa foi como ter ido ao redescobrimento do Brasil. Um país sem máscara, sem vergonha de ser o que é, assumido e feliz. O Salão Branco do Supremo Tribunal Federal nunca foi tão negro. Como foi bom ver a mais alta corte do país com a cara do Brasil. A negritude de Lázaro Ramos, de Milton Gonçalves, de Djavan, de Martinho da Vila, de Hamilton de Holanda traduzia o sentimento de festa. Entre homens de terno e mulheres de tailleur, uma senhora negra com as roupas de santo totalmente inserida na carga simbólica daquele momento. Impossível ficar indiferente ao clima instaurado por aquela arquitetura de Oscar Niemeyer. Depois do axé trazido por Joaquim Barbosa, a certeza de que o Supremo nunca mais será o mesmo....
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20/11/2012 - Ori, o meu eu verdadeiro

Hoje é dia de Ori, o Orixá pessoal de cada um. Ori reside dentro de nós, do princípio ao fim. Ori em yorubá quer dizer cabeça, mais precisamente “cabeça interior”. Sendo assim, pode ser traduzido como nossa consciência, nosso eu verdadeiro, nossa personalidade divina. Afinal, Ori é o orixá que individualiza a nossa existência. Isso mesmo, Ori é o responsável por nos fazer únicos no meio de bilhões de pessoas. O seu Ori merece celebrações e cuidados especiais, pois é o principal abrigo do axé do seu orixá. ...
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18/11/2012 - O "quê" de cada um

De que valeria viver sem deixar pistas, vestígios, sinais? Não se esqueça de deixar rastros. Um perfume, uma lembrança, um sentimento. Deixe sempre algo de seu em alguém. Há infinitas formas de deixar saudade, escolha a sua. Por mais anônimo que seja, alguma coisa em você o faz conhecido, o difere, o faz ser identificado. Por mais invisível que seja, a sua marca pessoal existe. Há algo para além do sangue, para além dos genes, para além dos pensamentos que imprime um “quê” especial em cada um. É isso o que fica. É isso o que o tempo não destrói. É isso o que a morte não carrega consigo. Resta a você, portanto, fazer valer esse “quê”. ...
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