14/01/2013 - O ato de sonhar
O sonho é um poço sem fundo, quanto mais se sonha mais se quer sonhar. Quando um determinado sonho está prestes a se realizar ele - o sonho - se alonga ganhando novas dimensões e profundidades só para se distanciar do alcance de nossas mãos. Isso porque o sonho só é sonho enquanto não se realiza. O sonho foge da realidade igual caça foge do caçador. E nós somos seres reais. Seres que não se contentam só com o abstrato, com a possibilidade, com o sonho. Queremos transformar, como espécie de bruxos do concreto, tudo e todos em realidade. Somos nós que afugentamos, perseguimos e matamos nossos sonhos e, até mesmo, sonhos alheios.
Somos fracos, pois não conseguimos viver somente de sonhos. Precisamos, a todo o momento, de algo mais palpável. Precisamos pegar, cheirar, beliscar, comer o que sonhamos para nos dar por satisfeitos. Como conquistadores baratos, temos necessidade de nos apoderar dessas criaturas livres chamadas de sonhos. Sonhos foram feitos para ser sonhados e não aprisionados. Não se vive um sonho, mas se vive de um sonho. A graça está no ato de sonhar e não de realizar. É necessário nos manter em estado permanente de sonho para suportar o peso do dia a dia. É mister se entregar aos sonhos que nos habitam com alma de criança que se joga, sem medo e sem perguntas, a esse poço sem fundo.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.