Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 278 textos. Exibindo página 11 de 28.
30/10/2012 -
O apocalipse de Iansã
Depois de o mundo ter acabado em água, a expectativa de que ele acabasse novamente por meio do fogo. No entanto, os profetas do apocalipse parecem ter se enganado. Pelos sinais vindos do céu, a humanidade vai ser exterminada num pé de vento. Cuidado com a ventania, com o vendaval, com o furacão, isso sem falar no ciclone, no redemoinho, no tufão. Ironia ou não, o mesmo ar que respiramos vai nos extinguir em suas movimentações.
Iansã, a senhora dos ventos e tempestades, não está nada contente com os rumos da humanidade. Não me espantaria em nada vê-la varrendo o homem da face da terra. Ninguém controla os ventos vermelhos de Iansã. Ventos fortes como a fúria de uma paixão. Ventos voluptuosos, ventos sedutores, ventos que sangram. Ventos dramáticos, ventos intensos, ventos carregados de tormento. Ventos violentos, ventos impensados. E o pior: não vai adiantar correr ou se esconder dos ventos de Iansã. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
28/10/2012 -
O emocionador
Quero emocionar, não importa onde, quem, quando ou o quê. Sou um emocionador. O fundamental não é se desperto tristezas ou sentimentos, se causo medo ou alívio, se trago esperança ou ilusão, mas mexer, revirar, bulir na emoção alheia. Quero tecer uma teia de sentimentos e rasga-la quando menos se esperar, só para reconstruí-la de outro modo. O emocionador lida com mudança, com ruptura, com quebra de expectativa olhos nos olhos, pele a pele.
Quero provar a alma da pedra não para que ela deixe de ser pedra, mas para que se assuma como pedra. Minha missão é aflorar, despertar, intensificar. Não invento nada, nem ninguém, apenas trago para fora o que se esconde no íntimo de cada um. Trago os deuses e os demônios que todos nós trazemos em nosso interior. Não sou nada além de um emocionador. Vivo de coração em coração, em busca de emoções inéditas... ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
25/10/2012 -
O homem
O homem para ter paz, faz a guerra. O homem para declarar o que sente, cala. O homem para se desenvolver, destrói. O homem para se encher de amor, enche de sofrimento aos corações alheio e ao seu. O homem para fazer um sonho, desfaz tantos outros. O homem para vencer, precisa derrotar. O homem para ter, dá. O homem para avançar, tem que voltar. O homem para lembrar, há de esquecer primeiro. O homem para amar, precisa se espantar. O homem para dar uma face, tem que negar a outra.
O homem para ter razão, pisa na cabeça de quem não lhe dá razão. O homem para apoiar, apoia-se. O homem para chegar à verdade, trilha uma estrada de mentiras. O homem para construir o que é seu, desmancha o que é do outro. O homem para estar, vai. O homem para dizer um sim, diz uma série de mil não. O homem para ser livre, necessita de estar preso ou de prender. O homem para se casar, faz a separação. O homem para enxergar, fecha os olhos. O homem para germinar, tem de primeiro morrer. ...
continuar a ler
Comentários (1)
17/10/2012 -
Ó, Obatalá! Ó, Obatalá!
Sob os olhos atentos de um índio sentado em um trono com uma lança deitada nas mãos e dos altos e crescentes estalos dos dedos dos médiuns, no meio dos tronos vermelhos, um doutrinador abre seu plexo e estende os braços para o alto buscando o céu. Suas mãos rompem as fronteiras de sua aura e sua voz escapa firme e intensa como um rugido de leão: “Ó, Obatalá! Ó, Obatalá! Entrego, neste instante, mais esta ovelha para o teu redil!”.
A força dessa expressão arrepia. De alguma forma, mexe com quem a escuta no interior do Vale do Amanhecer. A chave abre um canal para onde é projetada aquela vítima do passado. Espíritos que após serem doutrinados, devidamente harmonizados com o choque magnético da doutrina, são elevados. Dependendo da força do doutrinador, o espírito é lançado ao segundo, ao quarto, ao sexto ou para além do sétimo plano. ...
continuar a ler
Comentários (6)
16/10/2012 -
O negro e o STF
Na fachada do Palácio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, assim como na do Congresso Nacional e na do Palácio do Planalto, predomina a cor branca. No caso específico da mais alta corte do país, a composição dos ministros é tão branca quão a pintura externa.
Em mais de 100 anos de existência, o Supremo Tribunal Federal (STF) teve apenas três ministros negros: Pedro de Lessa (1907 a 1921), Hermenegildo de Barros (1919 a 1937) e Joaquim Barbosa (2003).
É pouco. Aliás, é muito pouco em se tratando de um país que, segundo o Censo de 2010 do IBGE, declara-se cada vez mais negro. Porém, para fazer justiça à realidade, os presidentes, que desde o início da República são brancos, precisam indicar negros ao STF....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
28/09/2012 -
O amor dos espantalhos
No meio da plantação eles se olharam com olhos coloridos de botão e, no primeiro vento, misturaram suas almas de palha. As bocas costuradas não podiam entoar o espanto do amor. Sem poder falar com palavras, comunicavam-se por meio da linguagem dos retalhos. Corações retalhados. Buquês retalhados. Sonhos retalhados.
Enquanto o sol quebrava na palha do chapéu do menino, a lua brincava pelas tranças das bonecas de milho. Ah! Como eles queriam se libertar daquela cruz que prendiam seus corpos para dançar pelas ruas do milharal. Se pelo menos aqueles corvos lhe levassem pelos céus ao encontro de uma bruxa que lhes devolvesse a vida. ...
continuar a ler
Comentários (1)
15/09/2012 -
O amor é lenda
O amor não pode vencer todas as guerras. Um dia o amor cai sobre a terra. Até o maior dos poetas erra quando fala do coração. Labirinto de lampejos, calabouço de desejos, encontro de realejos. O coração é embarcação à deriva, tesouro de pirata, náufrago em alto mar. Ora é espada ora é escudo, ora é nada ora é tudo, ora é mudo ora é surdo ora é cego, assim é o amor, incompleto mesmo completo. O amor é o encontro de tetos, de prediletos, de dialetos, de afetos.
O amor constrói ao mesmo tempo em que destrói o que construiu. É o ciclo contínuo, o movimento que nunca termina. É invenção permanente. É a contravenção das regras. É a promessa de luz sobre as trevas. O amor é a lenda do invencível, do impossível, do incrível. Porém, mais do que um mito, um super-herói, um deus, o amor é o remédio humano contra o tédio. O que seria da humanidade sem suas paixões? Saudade e grilhões... ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
11/09/2012 -
Outra coisa
Ela quer outra coisa. Ela quer outra roupa, outra comida, outra estrada. Ela quer outro sorriso, outro florista, outro viver. Quer outro crediário, outro carro, outro amanhecer. Quer outro beijo, outra cidade, outro prazer. Quer outro cachorro, outro tolo, outro perfume. Quer outro feriado, outro ardume, outro passado. Quer outro plano, outro cigano, outro fulano. Quer outro deus, outra bebida, outro lado. Quer outro sonho, outra lida, outro adeus.
Ela quer, ela quer, ela quer... Quer outro salário, outro céu, outro calendário. Quer outro papel, quer outra estação, quer outro menestrel. Quer outra canção, outro falsário, outra paixão. Quer outro telefonema, outra aparição, outro poema. Quer outro emprego, outro jardim, outro sossego. Ela quer outra fantasia, outra boca, outro dia-a-dia. Ela quer outro jornal, outro natal, outro carnaval. Ela quer outra dança, outra criança, outra esperança. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
03/09/2012 -
O tempo é livre
Depois de um dia vem sempre outro dia e mais outro dia. Uma diaria só. Quem foi que inventou o dia não sabia nada sobre o tempo. Porque tempo não se prende. O dia é a maior mentira já construída. Quem disse que um dia começa ou termina? O dia não tem início nem fim. Esperamos pelo dia seguinte com a esperança de que algo vai acontecer, porém o dia seguinte não existe. O dia, na verdade, o tempo é o mesmo. Na verdade, sempre o mesmo. O tempo não muda se nós não mudarmos. Portanto, o dia só será diferente quando formos diferentes....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
02/09/2012 -
O amor é simples
O amor é simples. Acontece em qualquer lugar. Não requer luxo, tampouco títulos. O amor é simples. Ocorre no mundo, mas não tem nada de mundano. Está além dos cálculos matemáticos, das experiências científicas, das teorias filosóficas. O amor é popular como entrar na igreja e rezar. O amor é simples como brincadeira de rua. O amor é popular feito popstar. O amor é simples como uma lavoura de esperança. Como o nó da trança da lua, o amor é simples.
O amor é simples. Não tem bula. Não tem contraindicação. É simples como o fato da estrela brilhar, da terra rodar, da bailarina dançar. O amor é simples. Simples como um refrão. Simples como troca de estação. Simples como um sim depois de um não. O amor é simples. Sem maiores fórmulas e piores complicações. Não necessita de cerimonialismo, apenas do encontro do realismo com o surrealismo. O amor é simples como vertigem no abismo. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar