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Encontrados 62 textos de julho de 2015. Exibindo página 6 de 7.
06/07/2015 -
Trem da serra
O trem da serra
Vem sacudindo
Sempre subindo
E não espera
Por ninguém
O trem da serra
Vai colorindo
No seu vai e vem
Todo o mundo
Que fora dos trilhos
Fica mais fundo
E os trilhos são
Como espartilhos
Vão dando estilo
E segurando o trem
Que feito serpente
Serpenteia a serra
Marcando a terra
Indo rente do seu bem
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06/07/2015 -
Rumo ao sabiá
Chora porque o dia já vai se embora. Pinta o rosto. Passa perfume de gosto. Toma banho de espuma. Vamos, vamos pela bruma ver o lá fora. Enxuga o choro e seja bela para quebrar o decoro. Encanta, espanta o mau-agouro. Deixa o tempo tentar marcar o seu couro. Deixa as lágrimas pra lá e vamos caçar o tesouro do sabiá. O sabiá por maior a ação do tempo está sempre a gargalhar. O sabiá sabe assoviar a receita para não sofrer. Vem ver, vem ver, vem ver o sabiá a viver no alegrar do dia. O sabiá se põe a rezar muito para enlaçar o tempo e o vento com toda sua cor. O sabiá é o piar da estação do amor. Pode passar todas as eras, fazendo frio ou calor, pois para o sabiá todo dia é primavera.
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05/07/2015 -
Entre tempos
Preocupa a minha falta de tempo. É como se houvesse um grande nó me atando entre o que sou e o que quero ser. Segundos, minutos, horas vão passando e eu vou ficando. Minha cabeça não para, mas meu corpo e minhas ações não têm o ritmo dos meus pensamentos. E eu vou ficando ao tempo. Rezo por bons ventos. Ventos que me empurrem. Ventos que me impulsem. Ventos que me levem ao que me falta. E se o vento não vier, que venha a maré alta, a quinta fase da lua, os cavaleiros do apocalipse. Que o mundo chacoalhe, que norte e sul se embaralhem e a previsão mais certeira falhe por inteira. E que assim, entre tempos, eu seja não o que eu quero ser, mas o que eu nem esperava viver.
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05/07/2015 -
Doce risco
Boca de pitanga
Cálice que sangra
Pelos braços
Da sua blusa
Sem manga
Vem e me usa
Vermelha
E me abusa
Corisco
Centelha
Doce risco
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04/07/2015 -
Quintais de dona Naná
Pelos quintas de dona Naná dá graviola e acerola, ingá e sabiá, caju e anu, milho e filho, caqui e bem-te-vi, abóbora e cobra, jabuticaba e mangaba, chuchu e pacu, abacaxi e lambari, goiaba e cabra, goiabinha e coleirinha, toco e porco, rosa e prosa, salsinha e galinha, hortênsia e querência, capim e aipim, algodão e fruta-pão, curió e cipó, vaca e alfavaca, sementeira e mangueira, muda e arruda, alecrim e surubim, canário e cenário, araticum e urucum, lírio e delírio, costela-de-adão e manjericão, bambu e tuiuiú, laranja e franja, gato e mato, jatobá e cará, tudo tem, meu bem, pelos quintas de dona Naná.
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04/07/2015 -
No visgo da paixão
Aprenda comigo
Eu não ligo
Eu não brigo
Eu só sigo
O meu coração
Não há perigo
Em viver
Mais sim assim
Do que o não
Eu bem irrigo
Minha imaginação
Aprenda comigo
Que vivo no visgo
De uma boa paixão
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03/07/2015 -
Coração vivo
Meu coração,
Mulher,
Não é pé
De manjericão
Pra cê chegar
Arrancando suas folhas
Para dar gosto à vida
Nem é tronco de jamelão
Pra você entalhar seu nome
E sair por aí dizendo que é seu
Muito menos alvo de atiradeira
Para você disparar
Nem almofada de costureira
Para você espetar
Meu coração é ser vivo
Igual ocê então nada,
Minha amada,
De fazer dele seu estribo
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03/07/2015 -
Cadê as flores?
Pelas folhas da primavera onde estão as flores? Onde estão as flores pelos dias que se vão cinzentos, secos, retorcidos? Sobram dores pelos canteiros do adeus. Os jardineiros perderam seus empregos e agora bebem, bebem, bebem até se despedir dos dias seus. Tulipas, rosas, petúnias, hortênsias, cravinas, bromélias, orquídeas, margaridas, violetas... Pra onde foram as flores? Não há flores para os buquês das noivas. Não há flores para enfeitar os defuntos. Não há flores para presentear as namoradas. Não há flores para as abelhas, para os beija-flores, para os ursos. Não há flores para ver, para comer, para beber, para cheirar, para dar, para se refestelar. Por onde andam as flores que o inverno carregou? Por onde andam as flores que o tempo devorou? Que os guardiões da primavera tenham conseguido defender as sementes, as semente, as sementes das flores da gente.
Comentários (1)
02/07/2015 -
Borboletas das estrelas
Estou longe
Mais longe do que queria
E poderia e sonharia estar
Entre a lua
E o universo solar
Sou cometa, meteoro,
Estrela, pó de galáxia
Sou o que choro
Lágrimas de acácia
Forças que encontram
Infinitos que desmontam
Mistérios que se contam
O astronauta que navega
Como pirata do espaço
A bailarina que trafega
Passo a passo na ponta
Dos pés que aprontam
Entre borboletas douradas...
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02/07/2015 -
Até quando o tempo quiser
Hoje, bateu saudade. Saudade de tudo o que deixamos de viver. Saudade das janelas que deixamos de abrir e das portas que nos esquecemos de fechar. Hoje, saudade bateu no fundo do meu corpo sem fundo. Faltou mar, sobrou embarcação. Ficaram tantas coisas desarrumadas. As cordas do violão ainda balbuciam seu nome quando o vento bate. As bandeiras dos nossos destinos queimaram em tantas fogueiras e o que restou? Mágica. Milagre. Amor. O que sobrou dessa tempestade senão a saudade. E como muitas cidades destruídas e perdidas como são belas e fortes as nossas ruínas. Nossas histórias ainda são meninas correndo para lá e pra cá em busca de sabe-se lá o que. Eu queria tanto, mas, no entanto, rendo-me ao porquê. E assim, até quando o tempo quiser vai ser.
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