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Encontrados 62 textos de julho de 2015. Exibindo página 3 de 7.
21/07/2015 -
Querer-lhe menos
Quero lhe querer menos
Bem menos do que hoje
Para que a dor e as dores
Desse querer que é tanto
Se apequenem em mim
Quero lhe querer menos
Do que já quis um dia
E do que quererei ou não
Novamente em corpo
Carne, estrela e poesia
Quero lhe querer menos
Para que o abandono,
A ausência e o descaso,
Não sejam sentidos
De jeitos tão doloridos
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21/07/2015 -
Calor em romance
Faça do meu corpo o seu cobertor às horas frias. Não modere no sonhadeiro, pois meu fogão é alimentado por sonhos. Quanto mais sonhação mais calor e aconchego. Cuidado para não se queimar nos meus olhos faiscantes. Vá a fundo, mas vá sem atropelos. Meu coração é vela acesa, enquanto houver chama amor haverá. Portanto, nada de movimentos abruptos, inesperados demais, pois a fogo pode se apagar. Cultive a centelha da minha alma em suas mãos e me terá para sempre, num romance-canção. Beba minhas prosas como quem bebe um chocolate-quente, gole a gole sentindo todo o gosto e ardor. Não tenha medo, mas se lembre de que o sol da tarde não é o mesmo sol de cedo. E há noite pode se encontrar com meu sol interior. E quem tem amor o frio mais frio da ausência não coloca pavor.
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20/07/2015 -
Queijo coração
O coração como um bom queijo não pode chorar. Precisa ser bem espremido, podendo para ir ser sofrido seja por que mãos forem. Não se preocupe com o tempo, pois o coração fresco vai ficando curado. As dores vão fermentando os sonhos e vai se criando uma casca entre o mundo e o miolo do coração. Dependendo da ebulição, o coração pode ter ou não buracos que dão às brincadeiras da emoção. E o sonho de todo coração é ser devorado aos pouquinhos ou num só bocado, dependendo da fome e da duração do amor.
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20/07/2015 -
Amor artesanal
Amor que é amor é artesanal
Nada de amores pré-fabricados
Empacotados, conservados
Artificial ou indevidamente
Pois se é de amor não estraga
Se é de amor não pode fazer mal
Amor sovado, bem-passado,
Condimentado, perfumado,
Amor flambado e iluminado
No braseiro do fogão à lenha
Vem, vem comer, venha.
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19/07/2015 -
Três eixos
Meus pés vão pela terra
Nascidos como pés de mato
Que o mundo enterra
Mas volta a brotar, a crescer,
A verdejar com suas raízes
Que buscam o além-tempo
Meu corpo como árvore
Cheio de vida e de histórias
Sou semente, folha, flor e fruto
Sou todo o verde ao ar, ao vento
Pela minha cabeça o bem e mal
A dualidade humana, tantos planos,
O fim e o começo na alma
E a imensidão de um oceano
De sentido e sentimento...
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19/07/2015 -
Livra-se e vem
Tira a roupa e vem me ver. Já estou doente de tanto querer. Venha sem sapatos. Sem vestidos. Como num grande ato onde do encontro faça o melhor do permitido e do proibido. Pegue o primeiro arco. Flexione seu corpo como num arco. Faça-se presente em todos os locais do quarto. Estou a lhe esperar como se fosse a primeira vez. Desabotoa seus botões no meu jardim de inverno. E entre tantos senões vai me fazendo a sua certeza. Tira a roupa do que nos afasta e vem me ver. Dispa-se dos obstáculos, das incongruências, das incompatibilidades e vem esvair toda e qualquer saudade. Doma os meus dias vazios. A selvageria que me tomou. Faça-me do seu jeito que eu lhe faço no meu ajeito para tudo ser mais que perfeito. Deixa de lado o passado. Desça do muro do futuro. Faça um furo no hoje e deixa vazar todo o sentimento. Tira todo nó, todo não, todo só do coração. Dá alento ao meu caminho que se estende sozinho. E vamos somente com o essencial de nós dois ao chamamento da paixão.
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18/07/2015 -
Guardação
O que você guarda no fundo das suas gavetas? O que você sucumbe sob sua cama? O que você armazena atrás do seu armário? O que você empurrou para debaixo do tapete? O que você colocou no esquecimento? O que você segreda pelos cantos? O que você deposita no seu baú? O que você mantém em seu sótão? O que você abandonou no seu porão? O que você enterra? O que você esconde? Do que você se desfaz não se desfazendo? O que você jogou fora dentro de você?
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18/07/2015 -
Pedra humana
Deixa as pedras rolarem
Pelos olhos de pedra
Desse humano concreto
Que é você, estátua viva,
Por onde as lágrimas
Escorrem e morrem
Antes de chegar ao chão
Onde os sonhos e amores
Como pássaros
Pousam, ficando ou não
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17/07/2015 -
No fundo dos olhos
Olha a fundo meus olhos fundos
Toma meu mundo e o que sou
Leva minha alma ao seu profundo
E me bendiga para onde eu vou
Eu sou pipa, maranhão, papagaio
Na sua mão
Voo alto estrelas, nuvens e raios
Você me sustenta, me unguenta,
Dando-me a linha do seu destino
Fazendo-me o seu sempre menino
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17/07/2015 -
Tempos difíceis
Suco de limão galego não se acha mais. Linguiça caipira tá em falta no açougue. Canudo de doce de leite caseiro onde é que tem? Costelinha de leitoa pururuca onde eu encontro meu bem? Bacon defumado em cima do fogão a lenha nunca mais. Onde é que há um pé de manga espada para gente se lambuzar? Goiabinha do campo acabou quando o campo queimou. Doce de mamão verde faltou no prato quando se cortou o mamoeiro para criar gado. Leite já não sai do ubre da vaca, mas da caixinha. Já tem feijoada sem feijão. Tá difícil comer “do bão”.
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