Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 59 textos de maio de 2015. Exibindo página 5 de 6.

10/05/2015 - Mãe

Me deste teu ventre, teu leite, minha vida
Tanto do teu sono, teu sonho, meu nome
Fizeste-me tua lida, mataste minha fome
Me deste tuas lágrimas a cada despedida
Teus conselhos e joelhos dobrados em fé
Me deste tua lida, tua comida, minha sina
Me deste teu fim menina teu início mulher
E o despetalar acabando em bem-me-quer
Me deste atenção, dedicação, profissão
Me deste ouvidos ao meu etecetera e tal
E apostas na minha prosa sentimental ...
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Comentários (1)

09/05/2015 - Desejo nas alturas

Sua maquiagem borrou
Quando o sol sussurrou
Que podia viver sem lua

Deixou coroa e foi nua
Pelo asfalto sem salto
E o dia sequer clareou

A vida entrou em cheque
A lua o chamou: moleque
E o duro sol se fez pierrô

A noite sem fim serenou
Não veio a luminosidade
Entre sol e lua, saudade


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09/05/2015 - Abelha das uvas

As mãos tingidas bolinando pelos parreirais. A pele branca, da menina em feitio de santa, manchada de bordo. Nas pernas de lua, nas costas de algodão, nos lábios de cera, o tinto escorrendo doce. Brindes ao aroma cítrico e adocicado se fundindo pelas dobras frutadas que vão se abrindo pelo relevo de um beijo. Os parreirais constroem e descontroem e reconstroem casais. Os pés angelicais pisando as uvas, tirando o sangue das cascas turvas. O corpo da mulher-tinta se oferecendo à boca alheia como um cálice de vinho. Delicada e poderosa como as uvas que a enfeitam e deleitam ela vai embriagando os olhos que vão flertando com seus sabores oculares, olfativos, táteis... Parte dos parreirais, folha e fruto se cobrindo e se despindo dos sulcos e sucos das uvas que são verdes, rosas, roxas, vermelhas como sua pele camaleoa que vai sem véu brilhando ao sol e às estrelas como abelha que faz do vinho seu mel.


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08/05/2015 - Palácios e masmorras

Ainda hei de me jogar nos seus palácios
Mergulhando dos jardins às masmorras
Como você há de beber da flor do Lácio
Que carrego em minha boca. Não corra.
Dos meus versos, pois veja o real adverso
Guardo seus poemas para além dos bolsos
Enquanto me tranca em seus cabalouços
Quer-me apenas para seguir no trono
Por conquistas e reinos ainda perde o sono
Mas um dia as cornetas vão anunciar
Que uma nova dinastia há de chegar
Para de um certo coração se declarar dono ...
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08/05/2015 - Bendita a cigarra

Nas águas da mãe-chuva, capim cresceu, vaca chegou, comeu, adormeceu. O galo cantou como se fosse o dono do espetáculo o novo dia num tom mais que enfático. A formiga sem saber que dia era trabalhou, cortou, retalhou, carregou a folharada pela sua estrada. Dona margarida se abriu pras bandas do brejo branqueando um rio que não era o tejo mas tinha sotaque português. E o sabiá virou freguês da amoreira depois de uma semana inteira no pé de ingá. Veio vento de cá, de lá e acolá botando as folhas para dançar. E o sapo se inchou todo e coaxou querendo no lodo namorar. Cumprido o seu papel, com fanfarra e algazarra, depois da chuvarada, a cigarra amarra sua casca seca à árvore e vai pro céu. Bendita seja a cigarra e a sua farra.


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07/05/2015 - Retrato passado

Toda fotografia
É passado
Pedaço de tempo
Capturado
Mas jogado
Sem piedade
Às lembranças

Foto alguma
O futuro alcança
Por maior a dança
Quando a lente se fecha
E registra o movimento
O futuro chega e decreta
A saudade

Seja no físico
Ou no sentimento
Nunca seremos
Agora
O que fomos
Agora mesmo
Num retrato

O segundo
Que ficou...
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07/05/2015 - Tintura

Pisa de vermelho chamando-me à loucura. Caminha de azul fazendo-me perder toda e qualquer bravura. Vem figurativa, abstrata e concreta ao mesmo tempo. Imprima em mim a gravura do seu desejo. Coloque-me perdido na sua perspectiva. Vem verdejando meus campos num verde que é só seu numa natureza viva repleta de texturas e tonalidades. Tira do tempo esse tom desbotado, levando-me o viço da demão do novo pela sua mão. Toma meus dias com sua cor e fala-me de amor entre tintas e pintas. Pinta-me, tinta-me, sinta-me em suas cores mais quentes. Joga-me na sua paleta, misturando meus olhos de guache aos seus altos-relevos. Façamos beijos craquelados dando, pouco a pouco, o acabamento mais que perfeito e sonhado. Dilua seus sonhos no que lhe proponho como arte. E muito cuidado para que a saudade não venha como aguarrás.


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06/05/2015 - Ensinaria

Toda cobra deixa rastro
A fome precisa de pasto
E a dor segue de arrasto
Ave que não voa morre
Quem tem medo corre
O triste do zóio escorre
A nuvem se desmancha
Saudade não se alcança
O tempo não faz aliança
Com ninguém, nem vem
Não, não bole com o além
Que a tua vida fica aquém
A fundura do buraco engana
A santidade feita é profana
Ai da vida que não tem gana
Tem mais verdade na fera
Que devora do que na berra...
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06/05/2015 - Ouça os pássaros

Ouça, ouça os pássaros. Eles trazem mensagens de mundos distantes. Ouça os pássaros que não passam por acaso. Eles cruzam nossos céus, pousam em nossas janelas, passam sobre nossas cabeças, dependuram-se nas árvores do nosso quintal por alguma razão. Ouça os pássaros, aprenda a decifrar cada canção. Pássaros são mensageiros de outros reinos e tempos falando a língua do sentimento. Aos seus estralos, calo para ouvir, ouvir os pássaros. Ouça, ouça o que dizem, revelam, querem contar. É muito mais fácil ouvir os homens, mas os homens não sabem voar. Ouça, ouça os pássaros e você só terá a ganhar. Entrega-se à melodia da passarada que faz revoada para seguir a estrada como seguem as constelações. Ouça sem resistência, sem porquês, sem senões. Ouça, ouça os pássaros que falam diretamente aos corações. Abra os ouvidos e as entranhas ao que diz o pássaro e seja feliz, pois o pássaro que vem é o que você merece, traz o que na hora lhe convém, jamais o que quer ou quis. Ouça, ouça os pássaros cujos estralos dobram qualquer aço e orientam seu compasso.


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05/05/2015 - Sou mago

Eu sou mago
Filho de Devas
Eu que trago
O azul dos reis
Sou luz às trevas
Sou eu dos três
Reis magos
Sou ouro
Mirra, incenso
Tesouro
Vivo e intenso
Propenso
À cura e ao amor
Que clama
Sou chama
Que se agiganta
Sou Gaspar
Melchior, Baltazar
Sou a força tanta
Mago de Seta Branca
Venho da estrela guia,
Da estrela sublimação,
Manipulo energias...
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