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Encontrados 59 textos de maio de 2015. Exibindo página 6 de 6.
05/05/2015 -
Meu pai, ó veja só...
Meu pai, ó veja só, deixa eu lhe mostrar a nova de Caetano. Entre um verso e um universo, vou lhe falar dos meus planos. E quando Caetano parar de girar na vitrola não chora nem vá embora pois vou colocar para rodar o piano do maestro soberano que tal e qual você a gente ama e se chama Antônio Carlos. Ó veja só, um é Jobim, passarim; Outro é rato, Ratz. Antes do fim, vamos por partes. Aqui ou em Marte a gente se encontra por meio da arte. Que tal algumas páginas de um poeta português. Ou será que a pedida do dia são os quadrinhos de um certo gaulês. Asterix, Obelix, Ideiafix. E quando tudo se acalmar que tal o repique da bateria da nossa verde-rosa. Olha pai, meu pai, lá vem Cartola puxando a nossa escola que é vizinha da azul e branco de Paulinho da Viola. Música para gente não é de araque. Somos de tirar acordes da manga feito Mandraque. No nosso dicionário Manda-Chuva é um gato, a página dois da Folha é um porta-retrato e Chico Buarque é rei de direito e de fato. Meu pai, ó veja só, descobri um disco da Clementina com Adoniran agora pela manhã enquanto você estava na banca comprando Tio Patinhas. E viva a vida hoje tem arroz com carne-moída. E antes de pegar a estrada, aceito uma dose de Vinícius, uma pedra de Drummond, mais um som do nosso Tom e uma fatia de marmelada ou uma colher de abóbora bem apurada.
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04/05/2015 -
Sigo eu
Sigo eu
Quieto
Tal feto
Pré-luz
Perto
Do deus
Sem cruz
Que me
Conduz
Ao amor
Que me
Induz
A amar
A eito
Sem por
Favor
Perfeito
Como três
E três são
Seis
Centelhas
Sigo eu
Meu deus
Tão calado
Ex-passado
Pro norte
Na sorte
Trinca de reis
Tendo, lendo
As estrelas
Como leis
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04/05/2015 -
Num dia, noutro dia
Num dia ela me chega e me arranha. Noutro dia ela me chega e me apanha. Numa semana ela quer viver em Copacabana. Na outra semana, ela não arreda pé de ser suburbana. Num mês ela me ama. Noutro mês ela só quer cama e me acama. Num segundo ela quer casar. Noutro segundo, já quer separar. Num ano ela é só bondade, faz amor e caridade. Noutro ano ela é só tempestade, faz amor e saudade. Num minuto ela fala que tudo entre nós é para sempre. Noutro minuto, ela professa que somos tão livres quão as sementes. Num tempo ela mente. No outro tempo, já se desmente. Numa hora ela me chama para perto, para mais perto, e chora. Noutra hora ela me emburra, me empurra e me manda embora. Num quê ela me leva como buquê. Noutro quê, sem porquê, ela não me crê nem me vê. Num passo ela me dá um abraço. Noutro passo, crava em minhas costas o seu aço. Numa volta ela me se diz que se importa. Noutra volta ela diz que nunca mais volta, que nem morta, e me bate a porta. ...
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03/05/2015 -
Como a lua para Jorge
Eu nasci pra ser sua
Tenho tatuada a sua lua
Rosa de céu azul turquesa
Eu cresci na sua
Delicadeza
Como se eu fosse sua
Jurada ao seu amor
Como prosa ao trovador
Eu tenho sinais
E até as suas digitais
Espalhadas por meu corpo
Eu sou sua
Invariavelmente sua
Desde que deus lhe fez num sopro
Ou desde que eu lhe pus tão louco
Eu sou o cais
Pro seus veleiros
E sei me achar e ainda me perder...
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03/05/2015 -
Que seja bem-vinda!
Você chega falando palavras estranhas como se eu não soubesse lhe decifrar. Você chega fazendo pirraça como se eu não pudesse lhe amar. Você chega entrando pedindo licença como se eu fosse de cerimônia. Você chega tomando minhas bebidas, as permitidas e as proibidas, como que querendo brigar. Você chega me testando, roubando-me a paciência, atiçando-me a querência, exigindo-me toda e qualquer parcimônia. Você chega encenando a demônia esperando que eu seja anjo de sétimo céu. Você chega com a beleza das feras que adormecem exalando primaveras. Você chega com olhos de catedrais e mãos repletas de punhais. Você chega e me dobra como se eu fosse de papel. Você chega como quem não fosse chegar e quando menos se espera já está de partida como se a chegada se fundisse com sua ida e assim, sem começo nem fim, eu entoo: linda, que seja bem-vinda.
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02/05/2015 -
Porteira fechou
A porteira
Se fechou
A boiada
Que passou
Não passa mais
A porteira
Se fechou
A poeira
Levantou
Da estrada
Aos coqueirais
A porteira
Se fechou
A saudade
Trancou
Um só coração
Arrastou
O outro coração
Ao tempo
E o vento
Assoviou
O choro-canção
Chorou,
Quem ficou
Do lado de dentro
Da porteira que fechou
Chorou, ...
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02/05/2015 -
Vidinha do mato
Nunca quis vida de novela. Não sou do asfalto nem da favela. Sou do mato. Nunca fui de contentar em ver a vida passar debaixo da minha janela. Sou simples, mas de fino trato. Na minha aquarela, as cores se casam, e se misturam e se lambuzam. Não quero que nada caia do céu, mas não admito que roubem o meu papel. Sou dono da minha cena. Sou a alma do poema. O amor é o meu lema, minha lança e o meu escudo. Sou sonhador, rei do meu ludo. Lá, e ainda lá, tenho nada e tenho tudo. Sou do alecrim, da arruda, do guiné... Sou do povo da fé. O tempo brinca em meus canteiros. Cada esperança é uma corda que me sustenta. Sou violeiro que inventa moda em penca. E não acredito no azar da avenca. Sou da roça e o destino não se dá a quem não se coça. Na minha viola ganho mola, vou às nuvens e faço bossa enquanto sinhá anja me roça e adoça.
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01/05/2015 -
Cartas sobre a mesa
Amor, meu amor
Nosso amor
Nas cartas
Sobre a mesa
Amor, ai amor,
Não afogue
Nosso amor
Numa cerveja
Amor, seu amor,
Não subestime
Minha realeza
Amor me beija
Amor, meu amor
Nossa amor
Eu relampejo
E tu troveja
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01/05/2015 -
Ela foi além de si
Ela não adiou sua vida por ninguém. Tomou seu rumo tratando obstáculos com desdém. Ignorou todo e qualquer porém e foi além do que muitos acreditavam ou lhe davam. Botou na bagagem apenas o necessário, ou seja, ela. Fez de seus braços suas asas, de suas costas sua caravela e do seu ventre, sua casa. E como não era defunta de cova rasa, foi a fundo em tudo o que se propôs não deixando nada para depois. Em suas contas, um mais um nunca deu dois. Tudo ela tirava a prova e se reinventava a todo instante. Era amante de si mesmo. Ah, como gostava de si. Um albatroz no corpo de um bem-te-vi. Ganhou mundo e não se arrependeu nem por um segundo de ter se doado ao futuro sem jamais ter sido passado. ...
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