Daniel Campos

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Encontrados 56 textos de fevereiro de 2015. Exibindo página 5 de 6.

08/02/2015 - Hibernação

Ai meu amor hiberna em meus braços em posição de compasso circulando todo o meu ser. Ai meu amor o tempo invernou, o frio por todo lado se instalou e é hora, mais do que hora, de você não ir embora de mim nunca mais. Ai meu amor não há coberta mais quente do que sua pele poente sem dizer da sua língua de palavras ferventes aos ouvidos meus. Ai meu amor não se pode mais ir lá fora, nem pássaro consegue voar, nem o sol consegue raiar, a chuva fria tomou conta do tempo que corria contra nós. Ai amor tudo o que quero são dois corpos em seus devidos postos como lençóis sobrepostos numa cama onde do atrito há de nascer infinita chama. Ai meu amor esquece o quanto nos faltamos e abraça-me, por favor, e não fala mais nada que não provoque ou invoque ou dê suporte ao calor que tanto precisamos. Ai meu amor queima os pesadelos, queima os dias de solidão, queima a saudade atravessada, queima o choro de ser tão só, queima os caminhos sozinhos, queima as partes de uma vida que não conseguiu ser inteira, para ver se desse fogo sobra, nasce, fica algo de nós. Ai meu amor queimemos feito fênix pelos céus pelas cinzas pelas verdades rabiscadas nas nossas quatro paredes. Ai meu amor internemo-nos urgentemente ao fundo mais fundo da nossa caverna entrelaçando nossas pernas como ursos hibernados, sem futuro sem passado, com corações aos soluços ao pulso de chorar e de esperar por um novo tempo ao acordar.


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08/02/2015 - Floreou, ai floreou

Olha de lá, olha de cá
Floreou a menina
Da sinhá cirandeira
Tal flor de maracujá
Floreou branca
Lilás e amarela
Muito da bela
Muito da santa
Ganhando vela
Dos que acreditam
Nela

Olha de lá, olha de cá
Floreou a menina
Ainda pequenina
Como volteio de sabiá
Que não sabe voar
Ninguém pode negar
O romanceio que há
Na menina- araçá
Que acabou de chegar
Pra vadiar na ciranda ...
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07/02/2015 - Amor pra vida inteira

Quando da Portela, ela esnobava o malandro que roubava seus olhares do alto de sua janela. Quando da Imperatriz, ela confessava que por mais que amasse e se entregasse não era feliz. Quando da Grande Rio, ela desfilou com todo respeito ao estandarte, mas num sorriso vazio como se sua cabeça estivesse em Marte. Quando da Mocidade, ela foi destaque, verdadeira obra-de-arte no abre-alas, vestida de saudade. Quando da Vila Isabel, ela ganhou o nobel da imaginação, pensando que Noel pra ela entregava o seu samba-coração. Quando da Estácio de Sá, ela beijava para lá e para cá querendo se reencontrar. Quando da Império Serrano, ela saiu na comissão de frente querendo fazer diferente mas foi tudo engano. Quando da Beija-Flor, ela teve tanto glamour quanta solidão que olhava pro malandro dizendo bonjour como se nem pisasse no chão. Quando da Viradouro, ela dizia que amava deus e o mundo mas lá no fundo ela escondia o ouro. Quando do Salgueiro, acreditou que o sentimento que doava era lhe entregue de modo inteiro. Quando da União da Ilha, ela foi a muitas milhas do que poderia ir e no meio da avenida chegou a cair. Quando da Caprichosos de Pilares, ela batia os bares e os altares com a mesma intenção. Quando da Mangueira, novamente, ela chorou copiosamente, pedindo perdão ao malandro pelos meandros de um verso que admitia a traição e assumia a agremiação pela vida inteira.


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07/02/2015 - Fogueira fria

Meu corpo arde nu
Como uma fogueira fria
Numa dimensão vazia
No voo cego do anu
Meu corpo queima
E teima em querer
A mulher
Que não é
Do seu poder
Meu corpo inflama
Dizendo que ama
E que ainda chama
Pras suas entranhas
A mulher-poema
Que bem-mal-o-quer
Num dilema
Que quem perde
Ilusão ganha
Num amor que se mede
Pelas queimaduras
Que dão rachaduras
Ao coração ...
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06/02/2015 - Acorda amor

Acorda amor
Tira a roupa do varal
Põe mais fogo no mingau
E corre de novo pra cama
Para fazer miau miau miau...

Acorda amor
Bota desbota a camisola
Vê se não enrola
E diz bom dia, que me ama
E me dá bola em mim se embola...


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06/02/2015 - Tomando chuva

No meio de tantos que correm e se cobrem da chuva, que fazem uso de sombrinhas pretas ou coloridas, das românticas às psicodélicas, há quem passe literalmente tomando chuva. Tomando no sentindo de beber, pois cada milímetro quadrado de tecido, cada poro, cada célula é devida e inteiramente preenchido pela chuva que há. Homens que não se importam em manchar seus sapatos engraxados, embaçar seus óculos, incitar o linho de suas camisas de mangas longas ao desejo de florescer. Mulheres que tomam aquela chuva borrando a maquiagem, desmanchando o penteado, revelando segredos corporais. Felizes os que não gritam com suas crianças quando elas vão pela enxurrada ou poças. Aliás, como seria bom se fossemos barquinhos de papel sendo levados pela água no meio fio pela força da gravidade, vivendo o êxtase até ser desmanchados e tragados por alguma boca de lobo. Olhemos a chuva e saibamos com ela como nos comportar. A chuva não combina com gritos, com correria, com desespero. A chuva alimenta a alma, e por maior que seja sua força, é um convite ao silêncio, à contemplação, à entrega. Ninguém toma uma bebida caríssima num gole só, é fundamental a existência de um ritual que permita o aproveitamento a fundo de todos os sabores que compõem aquele sabor. E não há bebida mais cara neste mundo do que a chuva. Portanto, não desperdice a chuva correndo ou blasfemando o quanto de deus (de deuses) há nela. Viva a chuva para que a chuva possa viver você.


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05/02/2015 - Embocadas

Pelo amor dos que nunca amaram
Deixem-me amar em paz
Sem intromissões e senões
Deixe-me amar como sonharam
Ser um dia casais
Felizes de mãos, pernas, bocas
Dadas pelas estradas
Embocadas
Nas ciladas das loucas
Solidões que nos separam
E nos juntam no mesmo lugar


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05/02/2015 - A melhor idade

Qual a melhor idade? Aos 5 meses, quando ainda não se conhece a realidade? Aos 5 anos, quando ainda não se tem conta para pagar? Aos 15, quando vivemos um tsunami de sonhos e paixões? Aos 35, quando se está muitas vezes no auge da carreira? Aos 50, quando a qualidade dos passos ganha importância em relação ao ritmo? Aos 70, quando cada segundo ganha um valor imenso? Aos 85, quando nossas histórias são verdadeiras lições de sabedoria?

A melhor idade é sem dúvida a que estamos agora, basta que nós queiramos que ela seja a melhor. Mas, sem dúvida alguma, depois dos 60 nos tornamos uma safra humana de excelência. Afinal, não há nada mais valioso do que a nossa trajetória. Com erros e acertos, vamos desenhando um caminho cheio de curvas e retas, de subidas e descidas, de encontros e despedidas. Um caminho que muitos chamam de destino....
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Comentários (2)

04/02/2015 - Por tudo de você

Por tudo o que me deu
Eu me dou a você
Por tudo o acontecido
Por você tenho vivido
E até morrido
Por tudo o que se deu
Eu tenho ressurgido
Nos seus braços
Tão descrentes
Dos meus
Como sementes
Do anti-adeus


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04/02/2015 - Nossa missão

Eu, você, ele, ela, nós temos uma missão. Não importa o que, como ou quando, mas temos que realizá-la de qualquer jeito. É para isso que viemos. É só por isso que existimos neste plano. Podemos ter muitos planos, sonhos, desejos, que temos de ir atrás para torná-los possíveis, mas se não nos dedicarmos a nossa missão tudo será em vão. E não há nada pior do que completar nossa vida sem cumprir o que nos foi confiado. É importante que cumpramos essa missão de forma feliz, por isso ninguém precisa abrir mão da felicidade, muito pelo contrário, mas temos de ter foco. E é bom ter consciência de que a missão não está no fim do caminho, a missão é o caminho. Então muito cuidado e atenção na forma como você desenvolve essa caminhada. Tudo está sendo registrado nos planos astrais, portanto, atente-se a cada movimento, a cada palavra, a cada silêncio. Tudo conta. Atenção: tudo, tudo, do micro ao macro, é colocado na conta.


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