Arquivo
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008
jan | fev | mar | abr | mai | jun | jul | ago | set | out | nov | dez |
Encontrados 56 textos de fevereiro de 2015. Exibindo página 3 de 6.
18/02/2015 -
Ladainha de Pai João das Matas
Pai João das Matas
Das sementes
Das copas frondosas
Dos coqueirais
Das rosas tão rosas
Dos manguezais
Das nascentes
Cuida de nós
Não nos deixa só
Pai João das Matas
Das ameixeiras
Das águas correntes
Dos campos em flor
Das cachoeiras
Da terra orvalhada
E da lua mateira
Cuida do mundo
Segundo a segundo
Pai João das Matas
Das florestas intocadas
Do aroma de capim chovido...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
18/02/2015 -
Uma capa, um legado
Quando criança, já quis ganhar a camisa de um jogador de futebol, as luvas de um piloto de Fórmula-1, o piano de um cantor-compositor, o caderno de anotações de um escritor... Enfim, algo que me transferisse um pouco do encanto dos meus ídolos... Com o passar dos anos, aprendi que ídolos não existem, pois ninguém é melhor do que ninguém... O que há são, na verdade, exemplos de vida, de conduta, de amor... Pessoas nem sempre famosas e distantes do nosso universo que amamos, admiramos e com as quais aprendemos a ser melhores do que fomos ontem. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
17/02/2015 -
Escuta essa
O amor não precisa ter pressa
Acontece de qualquer jeito
Sendo mais dia menos dia eleito
A estrelar no palco principal
Como estrela-maior da peça
Que narra o encontro
A partir dos desencontros
De um ser-paixão
Dividido em duas metades
Que se procuraram
Pela escuridão
Enfrentando a saudade
E a loucura
Da solidão
Que não dão trégua
À busca pelo outro
Que segue solto
Separado pela régua...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
17/02/2015 -
Portela campeã
Respeitosamente, o mangueirense aqui abaixa o seu chapéu reverenciando a águia redentora ao tempo em que vai declarando Portela campeã do carnaval. Salve a majestade do samba, a maior das vencedoras, a carioca da gema, numa aquarela azul e branco, direto de Madureira, Portela, Portela, Portela... Do baluarte Paulinho da Viola ao verde-rosa Tom Jobim, o Rio passa pela janela da passarela foliã como arte viva, altiva Portela, da nobreza à favela, cidade-samba tão bela, Portela do ontem e do amanhã é hoje a minha campeã. A águia portelense abraça o Rio de Janeiro com asas pela folia de fevereiro tomando de conta do céu inteiro. Num tempero surreal, vem sem igual, arrancando gritos da arquibancada como gol no Maracanã, balançando as palmeiras do Jardim Botânico num amor oceânico, tremulando repiques terças de uma bateria que bota pra rodar a fantasia das baianas atiçando a chama da escola de samba na veia que volteia e rebola no balanço de quem ama. Os malandros-marujos de Oswaldo Cruz içam as velas, azul e branco na tela, da comissão de frente à velha guarda é Portela passando aplaudida, destemida e amada como num conto de fada.
Seja o primeiro a comentar
16/02/2015 -
Uma condor
Corra sua mão por meu corpo sem qualquer parada
Descobrindo o meu mapa astral tatuado de nascença
Beba das profecias que me fazem o que sou e diga
Que me amou, ama e amará como amante, amiga
Amada com toques barrocos modernos da renascença
Lambuze-se das minhas águas profanas, sagradas
Marcando presença em cada reduto secreto ou não
Que compõe o meu estandarte, beija, ai me beija
Com a arte dos lábios dobrados como flor de renda
Venda meus olhos nos óleos dos seus olhos...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
16/02/2015 -
Fez-se a Mangueira
Ao contrário do tradicional azul, o céu amanheceu esverdeado como se uma floresta tivesse sido plantada de ponta cabeça na órbita da Terra. Um verde espesso esparramado em várias tonalidades. Talvez, por algum rearranjo celestial, o céu passou a ser regido por Oxóssi. As crianças achavam que as fadas teriam trocado a cor das nuvens. Os cientistas falavam na mutação de em partículas resultantes da poluição. Porém, o ar não cheirava a fumaça, tampouco a outro odor desagradável. Havia um perfume de mato, de folha verde, de mangueira pelo horizonte. Era só abrir a janela e aquela brisa carregada de pé de manga invadia a casa. Lembrava a infância, o tempo de se deitar debaixo da sombra fresca de uma mangueira e ver o dia brilhar por entre aquelas folhas verdes cuja sombra não há melhor. Porém, havia mais um diferencial céu, pois o sol surgiu rosa. Nada de sol amarelo, laranja, vermelho, era um sol rosa. Continua brilhando forte, intensamente, a ponto de dor as vistas que o buscavam com espanto diante do seu rosa. As meninas se encantavam. Os homens deixavam-se seduzir por aquele fenômeno. Os astrônomos gaguejavam. Os astrólogos afirmavam que era o início do tempo do amor. Os compositores versavam a fusão do sol com a lua. Sim, era grande a expectativa para ver a cor que a lua raiaria quando descesse a noite. Os machões estavam indignados com aquele sol rosa, mas eram poucos, pois todos, exceto os que estavam com medo do fim do mundo, brindavam aquela nova paleta de cores. O fato é que aquele céu tinha um balançado especial, uma alegria sincopada, uma folia generalizada, uma sensação de que o impossível era possível. Muitos casais se apaixonaram e muitos outros se reapaixonaram sob aquele céu. As mangueiras, em reflexo daquela nova conjuntura, floriram fora de época, deram frutos que num passe de mágica amadureceram fazendo a felicidade dos amantes do fruto que se lambuzavam daquela licença poética. No céu verde-rosa, por obra do carnaval, a Mangueira brotou os corações mais secos.
Seja o primeiro a comentar
15/02/2015 -
Bucolismo roxo
As quaresmeiras já desnudam suas flores arroxeando o dia numa litúrgica poesia. As quaresmeiras com suas pétalas macias e folhas ásperas vão dando um tom de nostalgia pelos ares que as circundam. As quaresmeiras transformam o vento alegre, aquele de espírito jocoso, em movimento choroso. As quaresmeiras são fogueiras de dor e delicadeza que se atrevem a desafiar os sorrisos e as faltas de juízo. As quaresmeiras retorcidas pelos jardins parecem velhas, mais velhas que o tempo, ensinando que no lido com a tristeza a gente ainda é aprendiz. As quaresmeiras dão as flores da penitência algo que colore em tons pesados até mesmo a maior inocência. As quaresmeiras são árvores do cortejo diário que resolvem em algumas semanas florescer a dor do mundo que acumulam ao longo do ano. As quaresmeiras choram lilases, violetas, roxas lágrimas em florescência. As quaresmeiras cantam baixinho, gemem e murmuram dias arroxeados e sem perdão. As quaresmeiras são bucólicas chegando a dar cólicas no coração, apaixonado ou não...
Seja o primeiro a comentar
15/02/2015 -
Sou Jaguar
Tenho a cabeça de um índio prateado na mão direita
Uma flecha dourada argolada no pulso esquerdo
E o perfil de um cacique iluminado junto ao pescoço
Levo um anel de pena com ônix como aliança
Sou casado com a Alta Magia do Amanhecer
Sou jaguar filho de Seta Branca e Mãe Iara
Sou de Capela - o Planeta Monstro
Tenho vinte e uma encarnações
Fui tudo, fui nada... Hoje aprendo
A ser pequeno para caber no coração alheio
Neste mundo não mais me rendo ou vendo...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
14/02/2015 -
Você em quanto...
Quantas bocas você já levou em sua boca?
Quantos poetas você já deixou sem versos?
Quantas camas você abandonou por nada?
Quantas vezes de gritar “não” ficou rouca?
Quantos adeuses fez ao modo mais perverso?
Quantas esperanças colocou abandonadas?
Quantos paraísos transformou em infernos?
Quantos corações partidos em seus cadernos?
Quantas coisas ficaram por dizer sem querer?
Quantas novelas fez dentro de suas janelas?
Quantos peões caíram montando em você?...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
14/02/2015 -
É o Caboclo Tupinambá
Quem vem lá, quem vem lá, é o Caboclo Tupinambá. Chega com penas coloridas, vermelhas, amarelas e brancas, num imenso e vivo cocar. Chega impondo respeito, com pouca conversa, e fazendo grande emanação de energia. Chega batendo no peito e bradando seja noite seja dia. É índio, é mata, é cachoeira, é céu, é fé, é caboclo que ecoa como pássaro em tronco oco.
Quem vem lá, quem vem lá, é o Caboclo Tupinambá. Chega vestido de penas, com colares de pedras e dentes. Vem numa luz azulada por vezes esverdeada que limpa tudo de ruim ao seu redor. Vem com desenhos vermelhos e pretos que guardam segredos de seu povo. Vem pra trabalhar pela cura desobsessiva, fazendo limpeza pesada, pondo fim à briga, intriga, figa......
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar