Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 56 textos de fevereiro de 2015. Exibindo página 4 de 6.

13/02/2015 - Obrigado!

Por tudo o que passamos, por tudo o que amamos
Obrigado!
Por tudo o que fizemos, por tudo o que soubemos
Obrigado!
Por tudo o que lutamos, por tudo o que alcançamos
Obrigado!
Por tudo o que sorrimos, por tudo o que descobrimos
Obrigado!
Por tudo o que gozamos, por tudo o que levamos
Obrigado!

Obrigado pelos dias que nunca se esqueceram
Obrigado pelos caminhos que não se perderam
Obrigado pelas transformações que provocamos...
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13/02/2015 - Pai João das Matas apareceu

Com bata e paletó branco, Pai João das Matas apareceu. Como amanhecer nas matas frondosas, calmo e intenso, Pai João das Matas apareceu. Com três colares coloridos de contas miudinhas, Pai João das Matas apareceu. Sobre a bata com três colares intercalando lilás e branco, vermelho e preto, laranja e azul, Pai João das Matas apareceu. Todo alinhado, de um modo impecável, Pai João das Matas apareceu. Pronto para caridade, Pai João das Matas apareceu. De chapéu de palhinha, de bordas desfiadas e fita iluminada, Pai João das Matas apareceu. Com olhares amadeirados, que nos olham por todos os lados, Pai João das Matas apareceu. De cabelos embranquecidos pelo tempo, Pai João das Matas apareceu. Com seu jeito sério e afável, Pai João das Matas apareceu. Irradiando cura, Pai João das Matas apareceu. Numa simplicidade de se admirar, Pai João das Matas apareceu. Como pai, avô, senhor, irmão, mentor, amigo, Pai João das Matas apareceu. Com porte nobre, na mais pura nobreza de coração, Pai João das Matas apareceu. Sem pedir nada em troca, Pai João das Matas apareceu. Como que vindo de tempos distantes, mas tão atuais, Pai João das Matas apareceu. Numa roupagem de preto-velho, Pai João das Matas apareceu. Numa presença forte, Pai João das Matas apareceu. Do alto de sua evolução, Pai João das Matas apareceu. Emanando amor, humildade e tolerância, Pai João das Matas apareceu. Com vontade de prosear, Pai João das Matas apareceu. Pra fazer chorar de emoção e alegria, Pai João das Matas apareceu. Numa figura de respeito e carinho, Pai João das Matas apareceu. Negro sábio, Pai João das Matas apareceu. Com bigode e barba de algodão, Pai João das Matas apareceu. Envolto de muita luz, projetado à frente de um sol simétrico, Pai João das Matas apareceu. Em um retrato de amor, Pai João das Matas apareceu. Como este menino aqui sempre sonhou, Pai João das Matas apareceu.


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12/02/2015 - Desenhos na janela

O vento como menino atrevido
Vai desenhando sabe-se lá como
Rabiscos de mensagens pelo vidro
Envolvendo os olhos num domo
De mistérios ainda não revelados
Seriam vozes do futuro ou passado?
Como o vento escreve tais palavras?
Não seriam aves, aranhas ou larvas?
Há opiniões, canções, senões, direções...
É claro que tudo muito rudimentar
Como esboços de rabiscos de insinuações
Mas para todo espanto é de se admirar
Que tais sinais cobertos de sentido...
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12/02/2015 - Boataria

Há rumores por toda parte se estendendo da costa do Pacífico ao planeta Marte sobre um possível romance entre o poeta andante e a princesa do reino distante. Há quem pergunte diretamente e quem sonde, rodeie, imagine... O fato é que os olhares tanto para o homem-poesia quanto para a menina dos olhos estrelados nunca mais foram os mesmos. Há sempre um leque de interrogações, palavras invasivas e muitos flashes. Dizem que os versos são dedicados ao rosto, ao corpo, ao jeito dela. Ora essa, o poeta não pode mais escrever sobre amor, saudade ou desejo que tudo é imediatamente dirigido à princesa que, segundo boatos, passaria o dia lendo e relendo tais textos. Falam até que o vassalo das palavras já deitou na cama real. Também contam que a princesa havia posado completamente nua para um poema. Entre tanto disse me disse há quem postule que já moram juntos, dividem o espelho do banheiro e adaptam um quarto do castelo para receber o bebê de sangue azulado. Antes diziam que o poeta era alado e que a princesa tinha um lado malvado. Habituados aos julgamentos e às fofocas, o poeta segue com suas poesias e a princesa com suas princesices...


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11/02/2015 - Sol das quimeras

Salta de galho em galho
Desvia do estilingue moleque
Assusta-se com o pirralho
Abre as asas em feitio de leque
Responde ao canto da mulher
Oferece-se como bem-me-quer
Esconde-se no oco do pau
Toma banho na fonte
Passa por baixo da ponte
Faz ninho de retalho de jornal
Não sabe da inflação
Da gasolina, do apagão
Só sabe que tem de voar
Catando formiga
Só sabe que vai voltar
Com lombriga
De mais sol, de mais céu,...
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11/02/2015 - Confinado

O canto dos pássaros deu lugar ao ronco dos motores e aos gritos das buzinas. O cheiro de alecrim, manjericão, erva-doce desapareceu em meio ao fedor do asfalto. Antes as vistas se enchiam de verde em diferentes tonalidades e agora são preenchidas com tons de cinza. O vento é abafado, encanado, silencioso. Sim, antes o vento dizia e trazia tanto. Hoje é um vento vazio. As petúnias e samambaias dependuradas pela varanda cederam espaço para as letras do outdoor, que se dependuram ostensivamente pela paisagem. Os pés que antes pisavam pela grama hoje precisam andar calçados o tempo todo. A chuva que temperava os cheiros verdes não pode ser a mesma que escorre insossa pelas ruas. A lua que se punha em meu colo vai-se flutua distante. As nuvens que se esparramavam preguiçosas são agora partidas pelos prédios. O que antes era casa em todos os sentidos se transformou em confinamento.


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10/02/2015 - Sabiá e Berenice

Sabiá
Mal aprendeu a voar
E veja só já me disse
Que quer namorar
Uma tal de Berenice
Mas que tem medo
De cair e se partir
Pelo arvoredo
Eu não aguentei
E cantado falei
Deixa de tolice
Ò sabiá
Se vai amar
Berenice
Eunice
Melisse
Ou Nice
Vai sofrer
Vai se machucar
E até entregar
Suas asas
E se afogar
Em poça rasa
O amor é sério
Cheio de mistério...
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10/02/2015 - Lua vermelha

São Jorge que baixe suas armas e não tenha ciúme porque eu vou pra lua eu vou. Eu vou pra lua vermelha que mais parece um vulcão suspenso no espaço. Eu vou pra lua como abelha vai pra lua de mel. São Jorge acenda o farol pra me guiar. Eu vou para lua em seu período fértil, corada e mansa, pronta para se dar por inteira. Eu vou para lua vermelha pois meu desejo já é bem maior que uma centelha. São Jorge abaixe a lança, por favor, perdoa o meu amor lunático. Já comprei até um foguete, um ramalhete e escrevi o bilhete para me declarar. Ninguém vai me segurar, eu vou pra lua, quando o sol baixar.


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09/02/2015 - Desesperança

A porta
Rangeu
Como dentes
Aos pés da cama

O sino
Gemeu
Tão ausente
Tal quem não ama

A moça
Ardeu
Assim penitente
Na própria chama

O vento
Perdeu
A última semente
Do amor em rama


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09/02/2015 - Tempo de tempo

Nunca tenho tempo de ter tempo. Tudo sempre passa rápido demais. Tudo sempre antes de vir já fica para trás. Nunca tenho tempo de sentir os sabores a fundo, de admirar as cores do mundo, de me atentar ao movimento da vida. Sempre faltam beijos, abraços, eu te amos na minha conta. Sempre tenho a sensação de que podia ter tido mais, independentemente do que quer que seja, podia ter sido mais. Há uma sensação de incompletude em razão da pressa dos ponteiros que giram cada vez mais velozes. Há um envelhecimento precoce generalizado sobre tudo e todos. A vida passa ligeira sem que percebamos. Quantos textos se perdem antes de serem escritos? Quantos amores se vão sem ao menos ser vividos por inteiro? Quantos filmes, livros, passeios ficam pelo caminho, distantes de nós, que rumamos sempre na mesma falta de tempo? Quanto tempo nós perdemos pensando no dia em que teremos tempo? O tempo não para, não espera, não volta e demoramos a entender isso. Nós custamos a entender que o tempo não cede à chantagem, não quebra suas regras, não facilita em nada nossa vida. Não que seja cruel, mas o tempo é razão absoluta, de uma seriedade singular. O tempo não nos trai nunca, somos nós que nos traímos e culpamos o tempo.


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