Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 62 textos de dezembro de 2015. Exibindo página 4 de 7.

16/12/2015 - Rio vazio

Ando vazio. Levo tantas coisas comigo, como um rio, e, ao mesmo tempo, não levo nada, sou levado, arrastado, jogado rumo ao mar. Sou água corrente. Nada me prende. Corro. Evaporo. Chovo. Volto a correr. Choro. Vou a me perder e a me achar e a me saber e a me deixar rumando ao mar. Não importa quanto tempo demore ou que curso tome, a certeza é que vou dar no mar. E é melhor não perguntar como será esse encontro, pois já ando tonto de imaginar minhas águas doces sacudindo para lá e para cá nas ondas do mar bravio. E eu rio, ando com tanto, seja deste ou de outro mundo de encanto, e, mesmo assim, vou vazio, pois águas correntes só vão à frente.


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16/12/2015 - Juntos e sós

Farejo seu corpo
Vejo as linhas
Das minhas
Mãos no sopro
Dos seus lábios
Nos www
Que conectam
Meus sites
Aos seus
Em insights
E me infectam
De anti-adeus
A cada sinal
Seu que caço
E acho
No vendaval
Que somos nós
Juntos e sós


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15/12/2015 - Lua Tupinambá

É a lua, é a lua de Tupinambá clareando a noite de Shangrila. É a lua vermelha, é a lua amarela, é a lua emplumada em feitio de cocar. É lua cheia até de manhã na aldeia de Tupã. E fazendo festa à lua Tupinambá tem estrelas Jurunas, Caipis, Terenas, Carajás, Patachós, Cariris, Canidés, Caiapós, Aranãs, Yanomamis, Macuxís, Tiriós, Tabajaras, Apurinãs, Anambés, Tupiniquins, Ticunas, Caxixós, Bacairís, Tuiucas, Canoês, Kamayurás, Xavantes, Enawenê-nawes, Tumbalalás, Guaranis, Suruuarrás... Estrelas ao redor da lua cheia, da lua inteira, da lua verde, da lua das matas, da lua das cachoeiras, da lua das cordilheiras, da lua das fogueiras, da lua mais guerreira, da lua, daqui e de lá, Tupinambá.


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15/12/2015 - Misturados

Agora somos nós
Só nós sob lençóis
De um tempo nosso
E eu roço
Meu coração ao seu
E eu posso
Dizer mais um adeus
Que eu fico
E ainda grito
Que sou sempre seu


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14/12/2015 - Que venha mais

Que venha mais e mais de tudo isso. Que venha novos caminhos e novas estradas. Que venham inéditos dias. Que venham chuvas e sóis. Que venham ventos dos cinco cantos. Que venham outras afinações para o velho violão. Que venham escândalos e cuidados. Que venham as marés altas e baixas no mesmo bailado. Que venham as noivas com seus buquês de inverno. Que venham os sinais. Que venham os profetas da saudade. Que venham silêncios e paixões. Que venham olhos revirados pelo avesso. Que venham balões cruzando o mundo em sete dias. Que venham cantigas de vitória. Que venham colos e confortos. Que venham doces e bárbaros. Que venham as mães do amanhã. Que venham rosas tatuando a pele. Que venham três beijos em brasa e um arrepio. Que venham os marechais do amor. Que venham os corsários com seus segredos. Que venham os pássaros azulados. Que venham as bailarinas com suas pernas altas. Que venham os bilhetes dizendo até para sempre.


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14/12/2015 - Loba inteira

Eu já tinha me esquecido
De como é o seu gemido
O seu bramido, grunhido
De loba em lua cheia
De tê-la por inteira
E não somente meia
Roseira
Quero rosas e espinhos
E todos os caminhos
Que puder me dar
Pois de que vale cheirar
Se perfumar de rosas
E não se machucar
Não sangrar nas glosas
De seus espinhadeiros
Eu já tinha me perdido
Dos seus sustenidos
Dos seus dados e lidos...
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13/12/2015 - Andemos

Meu livro tem orelha
Sua boca tem céu
Meu santo é oco
Seu mel tem abelha
Meus olhos fazem rapel
Em seus decotes
Minhas idas levam toco
E não me provoque
Em investidas
De desejos a reboque
Em beijos
De não me toques
Desloque-se
Para a chegada
Pois estou de partida
O fim e o começo
Cruzam no endereço
De uma só estrada


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13/12/2015 - Deixados

Deixei na sua casa uma rosa amarela e uma carta com aquela letra que você não entende mas sabe tudo o que está dito e redito e bendito. Podia ter deixado um vestido, um pão amanhecido ou um cabrito, mas deixei uma rosa amarela bem na sua janela e uma carta daquelas difíceis de ler e esquecer. Deixei todas as partes dos meus amores nas asas dos condores que circundam o céu da sua casa. Deixei mentiras pelo jardim e verdades cá dentro de mim esperando você vir buscar. Deixei estradas abertas só para você passar. Deixei noites de luar polvilhadas de vagalumes e ciúmes. Deixei corações invisíveis por aí para você descobrir aos poucos. Deixei o mais louco dos meus mundos para você habitar, aquele que não tem regras e não sossega de amar a coisa amada.


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12/12/2015 - No samba de Clementina e Jovelina

Chega, pode chegar, no samba da Clementina, tem pandeiro e cuíca se enroscando a cada esquina. Chega, vem vadiar, num samba bom, capricha no paletó, reforça o batom, pois vai longe tão longe esse som que atravessa a noite, a terra e o mar chegando a London. Chega, pode chegar, no samba da Jovelina, tem romance e nuance de amor por todos os lados, passista se declarando pra rainha de bateria, porta-bandeira tirando a fantasia pra ciúme do mestre-sala, tem samba no pé e traje de gala. Chega, pode chegar, no samba da Clementina a harmonia nunca chega a atravessar. Chega, pode chegar, no samba da Jovelina, pode rir e chorar, só não pode silenciar. Chega, chega no samba da Clementina. Chega, chega no samba da Jovelina. Uma é de Jesus, a outra Pérola Negra, chega, se achega, no samba onde senhora vira menina e o coração repica no amor que multiplica.


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12/12/2015 - Rua do sozinho

Passo sozinho pelas madrugadas
Não ganho nem um oi das calçadas
Até mesmo os grilos silenciam
Quando ouvem meus passos
Até as sombras sentenciam
Lá vem o rei dos embaraços
E eu passo totalmente a deus dará
Como morcego que sonha ser sabiá

Passo sem afago, chamego ou colo
Passo com lágrimas, mas não choro
Pois fui eu quem fez o meu destino
Fui eu quem abriu esse caminho
Fui ter com o adeus e os dias meus...
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