Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 59 textos de novembro de 2015. Exibindo página 4 de 6.

15/11/2015 - Cigarra cantou chuva

A cigarra cantou e a chuva chamou pra perto de nós. Cigarra quando canta nuvem de chuva se alevanta. A cigarra cantou e o chão molhou, e o rio correu, e a árvore verdejou. Cigarra quando canta a chuva é certa, a chuva é tanta. A cigarra cantou e o aguaceiro se esparramou pela roça que deus caipira abençoou. Cigarra quando canta a terra de junta almoça e janta. A cigarra cantou e o céu chorou sobre todos nós. Cigarra quando canta criança dorme de manta. A cigarra cantou e o cachorro rolou na lama, o sabiá pulou na laranjeira e a galinha da cama de palha não levantou. Cigarra quando canta bole com as trovoadas e os olhos do lavrador pela invernada se encanta. A cigarra cantou chuva e o céu pretejou, relampeou e a água rolou.


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15/11/2015 - Canção de carro

Roda de carro de boi
Vai girando e cantando
Oi, eoi, o meu amor
Por onde for
O carro cheio de rosa
Graúda e miúda
Vinda do campo
De todos os santos
Rosas e brancas
Amarelas e tantas
Rubras rosas caipiras
Liras de um tempo
Que sopra ao vento
As notas da canção
Do carro de boi
Que vai gemendo
Que vai morrendo
Oi, eoi, pelo estradão


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14/11/2015 - Amor sem estepe

Coloca sua chave no meu contato. Liga-me. Dê a partida. Roda-me. Coloca-me em movimento. Seja meu combustível. Abasteça-me de desejo. Acelera-me. Jamais me freia, me breca ou me segura seja com os pés ou com a mão. Abra as minhas janelas. Leva-me pelas suas estradas. Faça-me conhecer seus caminhos. Tenha prazer em me dirigir, guiar, pilotar, conduzir. Leva-me deixando eu te levar. Afivela o cinto amarrando-se em mim. Ajeita-se no meu couro. Veja-se nos meus espelhos. Abuse da minha suspensão. Tira o máximo desse motor chamado coração que é feito de explosão. Limpe minhas velas. Corrija a minha cambagem. Recarregue minha bateria. Deixa a minha correia dentada te morder. Beijos aditivos são bem aceitos. E muito cuidado porque no nosso amor não há estepe.


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14/11/2015 - Mágico deus

Deus
Continua mágico
Aprontando das suas
Tirando amores da cartola
Cheio de cartas na manga
Brincando de ilusionismo
Estando ali
Mesmo sem ser visto

Deus
Continua mágico
Fazendo seus milagres
Sem revelar seus truques


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13/11/2015 - Grife ainda...

Não vou mais ao cinema. Não peço mais pizza nem guaraná. Não compro nada sem antes consultar os teoremas. Não voo mais. Não ando demais pra não achar pedágio. Não ligo o rádio, escuto de graça o sabiá. Não compro mais livros. Não como uma colher a mais do que me mantém vivo. Não sei mais o que é um banho de rei. Não passo nem perto do teatro pra não cair na tentação de espiar ao menos um ato. Não compro mais camisa, meia ou calça. Não pago para andar na praça. Não tomo mais café. Não custeio a minha fé. Não aposto mais em jogos de azar. Não me dou ao desfrute sequer um torresmo de bar. Não tenho ar condicionado. Não tenho outra viagem senão para o meu passado. Não me rendo às grifes. Não me vendo ainda, grife ainda.... ...
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13/11/2015 - Santinha

Quando os olhos da santa
Se voltam pra mim
Chega que sobe um cheiro
Perfumoso de alecrim
E algo canta
Cá dentro
Como que assim
Hum hurum hurumrum
Não é milagre algum
É coisa do amor além
Vindo da santinha
Cheia de nhenhenhém
Que a todos quer
Que todos querem
Muito bem
Ela não é minha
Não é de ninguém
É do céu
E da terra também
Quando passa
Cheia de graça...
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12/11/2015 - Veja quem é

Oi, estou de volta
Vê se não me solta
Desta vez e nunca
Jogo aos seus pés
Meu eu mulher
Beijo a sua nuca
Boto-a maluca
Colo sua fé
No meu santo
Dou meu manto
E todo meu café
Beba-me tanto
O quanto puder
Oi, abra a porta
Veja quem que é
Estou de volta
De volta, mulher.


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12/11/2015 - Não sou moleque

Eu não sou moleque para dispensar você. Eu não chiclete para me desgrudar de você. Eu quero você a todo instante, a cada hora. Eu quero você de um jeito novo ontem, amanhã e agora. Eu sem você sou carro sem breque, cocheiro sem charrete, chacrinha sem chacrete, inglaterra sem elizabeth. Eu não sou de perder o que eu quero. Eu não sou céu de quero-quero. Eu não sou de ficar no lero-lero. Eu sou o alvo, você é a flecha. Eu sou a lei, você é a brecha. Eu sou o queijo, você a ratazana. Eu sou o campo, você a urbana. Eu sou a paixão, você a ohana. Somos ying yang, bang bang, mar, mata e mangue, seiva e sangue. Somos o que não se separa, peixe e vara, cara e tara, anjo e odara. Eu sem você sou revolver sem bala, grito sem cala, viagem sem mala, língua sem fala, cigana sem leque. Eu não sou pivete para brincar com o seu coração. Eu não sou trompete para soprar a nossa separação.


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11/11/2015 - Trem de lata

O trem vai comendo curvas
Estufando o peito de ferro
E fazendo seu berro ecoar
Tal choro sentido de viúva
Em meio à tarde de chuva

Trem que leva carga e gente
Sempre tocando em frente
Sonhos, lembranças e solidão
Pelos vagões em serpente
Às curvas do coração-carvão

Toca, toca o trem maquinista
Se tu fosse um florista
Não sujava a mão de cinzas
Mas de rosas tão lisas
Quão o rosto da equilibrista...
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11/11/2015 - Bate no peito caboclo

Bate no peito caboclo que é. Pede respeito, grita sua fé. Bate no peito índio cacique pajé. Avisa que chegou e que a luz já raiou. Não deixa mal algum de pé. Bate no peito e faz trovoada. Leva todo ódio, olho-gordo, maldição a bater em revoada. Bate no peito com seu jeito próprio. Bate no peito para despertar todo amor que há. Bate no peito e faz estrondar. Faz o seu canto e com o seu encanto jaz o meu pranto. Evolução do guerreiro que bate no peito se fazendo inteiro. Bate no peito como quem bate numa árvore acordando sua natureza. Bate no peito como quem bate na pedra chamando o que há para além da sua dureza. Bate no peito como quem bate no coração evocando sua pureza. Bate no peito caboclo que é. E não é caboclo qualquer. Bate no peito levantando toda vida dos ninhos, dos leitos, das fogueiras, das cachoeiras, das pedreiras, das matas inteiras, dos caminhos de deus. Bate no peito e que as coisas ruins digam adeus.


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