Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 59 textos de novembro de 2015. Exibindo página 2 de 6.

25/11/2015 - Ninho de aço

Coloca gotas do seu desejo
Na minha boca e voa à toa
Buscando mais disso por aí
Vai cantando igual um realejo
Sugando ali e aqui como colibri
Que de gota em gota faz seu mar

O ar é sua casa, bata suas asas
De folha em flor ache a semente
Capaz de nos levar em frente
Nesse amor feito de pássaro
Fazendo nosso ninho de aço
Pro tempo não desmanchar


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25/11/2015 - Meus óculos e Iemanjá

Já estava me despedindo do mar quando Iemanjá quis os meus óculos. Estavam comigo há quase dez anos, mas isso não é nada diante do querer da rainha do mar. Eu não relutei, tampouco reclamei. Pelo contrário, agradeci. Afinal, Iemanjá quis algo meu. E, inconscientemente ou não, sorri. Dei de bom gosto. Não sei o que queria com meus óculos velhinhos, mas isso também não me compete saber. Se Iemanjá quer, Iemanjá terá. Hoje ainda penso como ela deve estar fazendo uso deles. Talvez esteja vendo por aquelas lentes tudo o que eu vi em quase uma década olhando por aí. Muita coisa ficou capturada naquelas lentes. O valor de lembrança certamente é muito maior do que o financeiro ou estético. E ela quis minhas visões, o que chegou do mundo até meus olhos. Iemanjá viu tudo o que eu vi nos últimos anos. Dividir minhas visões com a rainha do mar é algo que me fez sair daquelas ondas em estado de graça. Iemanjá sabe agora tudo o que eu vi e vivi. Enquanto muitos dão espelhos, flores e perfumes para Iemanjá eu, de certa forma, dei os meus olhos. ...
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24/11/2015 - O tempo do viola

A calma de Paulinho da Viola
Ninguém aprende na escola
O modo como o portelense
Vê o tempo é algo que diz
Lá no íntimo: pense, pense
Pense no que está fazendo
Com sua vida. Jajá é hora
Da partida e foi (in)feliz
Em suas idas e vindas?
Bem-vinda a calma de Paulinho
A todos os corações
Dedilha os violões
Do seu destino, ponteia seu caminho,
E não seja mesquinho
De negar suas paixões
O tempo nosso de cada dia...
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24/11/2015 - Os encantados do Xingu

Xingu é um mundo encantado onde não existe dor. Todos dançam, cantam e se pintam. As árvores e as pessoas são da mesma família. Eles sabem a língua do mato, do vento, dos rios, das estrelas. Tudo se comunica. A vida flui de todas as formas. E não existem normas, pecados, julgamentos. A felicidade é para todos. E o que é de todos é de cada um. O amor habita exatamente ali e se dá em suas variações como um mesmo sabiá que possui tantas canções. A fogueira é acesa. Os espíritos são respeitados. A iluminação é por todos. De tão mágico, Xingu parece não existir. Mas seus guerreiros são reais. Mas suas belas mulheres são de verdade. Suas crianças correm como meninos sem maldade. Os beijos estão para além do que se vê nos cinemas. As relações fogem dos livros de filosofia e psicologia. Xingu é de dentro pra fora e de fora pra dentro numa relação natural de troca sem exigir nada em troca. Os encantados do Xingu não existem, eles simplesmente vivem, amam e se dão ao mundo sem precisarem de entendimento ou explicação. ...
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23/11/2015 - Pitanga de jereré

Quero pitanga no pé
Agora e toda hora
Uma xícara de café
Coado sem demora
Quero ir pra Jereré
Onde o vento chora
De tão bonito que é
Por lá e lá hei de ficar
Com minha mulher
E o que mais vier
Para o meu campo
Sou dado a encanto
E encantaria...

Em Jereré
O galo canta
E o dia se levanta
Pleno de poesia
No cocoricar da galinha
Na saudade
Que se avizinha
Na majestade...
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23/11/2015 - Trivialidades

Não posso dizer que eu um dia hei de te querer como quero agora. Não ouso confessar hoje ou em outro dia que meu amor por você é mais puro que o da virgem maria. Se não me falha a memória, nossa história fala por nós. Só vemos os pontos do bordado da vida, mas é no arremate que damos os nós. Não, não fala do que não conhece. Amor que é amor não se esquece. Tudo o que só somos, somos juntos. Nossas partes formam com arte o nosso conjunto. E se meu coração é um pilão, a todo segundo quebra um grão de paixão. E paixão que foi liberta ninguém prende. E do amor dado não se arrepende. ...
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22/11/2015 - Jardim vazio

Olhei pro jardim não vi flor nem capim. Assustei com tudo desflorido, desverdeado, revirado. Ai de mim, fiquei abobado. Os girassóis se foram, ficamos sós como sóis. Sóis desertos. Sóis sem fetos. Sóis nada pertos das suas luas. Jardineiras nuas. Quintais brasileiros. Canteiros sem camélias, astromélias, bromélias. Uma antiprimavera no mundo inteiro. E eu sem saber se semeava, se ressemeava ou se corria do verbo desaparecer. Eu não sabia se chorava ou se morria de dizer: Cadê? Cadê? Cadê o buquê? Cadê o ramalhete? Sumiram por quê? Das rosas não sobraram nem as prosas. Das hortênsias ficaram as inflorescências. Das papoulas não restaram nem as tolas. Das margaridas foram todas idas. As primaveras, em todas as suas eras, foram dadas como lidas. E o jardim da minha vida desbotou, mirrou, murchou, acabou... O jardineiro se despediu. O florista fugiu. O floreio faliu. E do amor-perfeito urgiu o vazio.


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22/11/2015 - Bem direto

Falei
Está falado
Amei
Bem-amado
Chorei
Derramado
Rasguei
O passado
Procurei
Cê ao lado
Terminei
Acabado


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21/11/2015 - Ela virou vagalume

E ela se desprendeu da mão do pai e correu no meio dos vagalumes, como se eles fossem estrelas beirando o chão e ela uma menina, apenas uma menina, imersa, totalmente imersa, na imensidão. O pai achou graça da menina dançando, saltando, cantando, rodando por entre os vagalumes. Foi alegria, contentamento, euforia, sentimento, perfume. Ela falou que seria vagalume, o pai não deu atenção. Achou besteira, bobagem, coisa de que não tem idade ou própria vontade. O pai se distraiu, a menina se abstraiu e ninguém viu o caminhão que cortou o estradão sem farol, sem buzina, na banguela, na surdina. O pai gritou, chorou, esperneou e a menina nem escutou. Por mal ou pro bem, ela cumpriu sua sina e virou vagalume também. O pai achou que ela acabou, mas ela, na verdade, iluminou.


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21/11/2015 - De boa

Hoje eu tô de boa
Levando o dia à toa
Sou chuva e não garoa
Amo que chega soa
Feito um tambor nagô
Meu amor é de Pessoa
Amo você daqui a Lisboa
Nada me abala, me zoa
Meu coração é canoa
E a vida minha lagoa


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