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Encontrados 59 textos de novembro de 2015. Exibindo página 3 de 6.
20/11/2015 -
Fui ou não pirata
Eu fui pirata
Do barril
Tomei navio
E fragata
E um rio
De rum
Não fui pirata
Algum
Só tive segredo
Um barco de lata
E papagaia brava
Que não falava
Meu tesouro
Não tá em arca
Nem em lata
Tenho tanto ouro
Quanto sou pirata
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20/11/2015 -
Mãos que faltam
Olhando para o ontem, hoje faltam mãos para catar feijão, pra quarar a roupa, para engomar os colarinhos, para bater as claras em neve, para mexer as brasas do fogão a lenha, para escrever com giz nos quadros negros, para bater as teclas das máquinas de escrever, para dar corda nos relógios, para colocar a ponta da agulha no vinil, para reger as juntas de boi do carro, para socar café no pilão, para afinar viola, para bater figurinha, para fazer carrinhos de lata, para fazer a corte, para virar a antena da televisão, para pregar botão nos olhos da boneca, puxar a cadeira para sua dama, para subir em árvore, para achar a estação no rádio, para semear a lavoura, para carpir quintal, para debulhar lágrimas, para jogar bola de gude, para enrolar bola de meia, para acender o lampião, para selar cavalo, para pendurar balanço, para cuidar do seu amor.
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19/11/2015 -
Flancos
Admiro seus flancos
Amo roçar os tecidos
Em seus barrancos
Boto quebranto
No seu olho de santo
E meus tempos idos
Ao seu lado
Como seu marido
Namorado
Nunca esquecidos
Serão para sempre
Solavancos
Dentro do coração
Admiro seus flancos
Seu sim seu não
Seu real sua ficção
Seus negros e brancos
Cisnes da aflição
Aflija-me
Pelos centros
Pelos flancos...
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19/11/2015 -
Breve e certa
A felicidade rompe quando a tristeza se corrompe. Aproveite as falhas do triste. A felicidade é a brevidade do que existe. Ninguém é feliz para sempre, mas todo mundo pode ser fruto, flor e semente. Basta aproveitar as oportunidades. Basta não querer viver de saudade nem de anti-realidade. Não morda a isca da felicidade distante. A felicidade, como amante, mesmo abstrata e proibida, deve andar perto. A vida é um deserto, então, aproveite os oásis que surgem como miragem em seu caminho. A agulha por mais pontiaguda precisa da maciez do linho para dar os pontos necessários no destino. Se o espelho mostra um homem é porque um dia já aprisionou o menino.
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18/11/2015 -
Contrariando pássaros e aves
Os pássaros estão cheios de ar
E boiam cantantes no horizonte
Os peixes estão cheios de água
E se deixam levar pelas ondas
Eu estou cheio de amor
E afundo na minha solidão
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18/11/2015 -
Pequeno grande aprendizado
Não precisamos de um naco a mais do que temos. Não merecemos nada além do que nos é dado. Não nos é ofertado uma semente do que não foi plantado por nós. Não saímos vencedores ou perdedores, apenas com as marcas do que fizemos. Não chegamos ao terceiro degrau sem ter passado pelo segundo. Não nos encontramos com ninguém por acaso. Não passamos por um caminho sem uma razão. Não realizamos ação alguma sem gerar uma consequência. Não mentimos ou enganamos, ou ainda iludimos quando o assunto é a nossa própria vibração. Não dormimos culpados e acordamos inocentes ou vice-versa. Não chegamos a lugar algum sem trabalho. Não há força alguma mais forte que a emanada pela simplicidade do amor.
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17/11/2015 -
Fardada de nudez
Arruma a cama
Dispa-se da dama
Que ainda guarda
E vista a farda
Da nudez
Outra vez
Deixa o carma
E se desarma
Acende a chama
E diz que me ama
Mais uma vez
Plena de nudez
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17/11/2015 -
Colo orvalhado
O colo orvalhado da mulher que se deu à noite é de um frescor que os pulmões se enchem de um ar perfumado diante da visão. As gotículas daquele sereno bom vão num pontilhado aleatório dando maior ou menor resolução ao colo da mulher orvalhada dependendo da reação de quem o enxerga. Essa espécie de suor ou choro noturno, como bem preferir, dá beleza à mulher que sai pelos quintais com o colo à mostra, como que oferecido aos anjos noturnos. E não são raros os que querem acender velas ao passar dessa mulher para pedir milagres ou apenas melhorar a imagem daquele colo que foi feito à contemplação. Colo que desponta à noite com seios estrelados e gotas de um néctar que atraí vagalumes com complexo de beija-flores.
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16/11/2015 -
Entre o real e a ficção
E de repente, a claridade do dia ficou restrita apenas a dois olhos caribenhos. Ela, vestida como quem vai ter com o mar, recebeu-me na penumbra dos seus desejos. Velas, perfumes e liras de Caetano. E como numa lei física, atraímo-nos. E como numa equação química, reagimos. E como num verso de Pessoa, existimos. Entre beijos e abraços aproximamo-nos tanto a ponto de executarmos um perfeito eclipse. O coração bombeava eu te amos e as mãos buscavam ter certeza de que os corpos existiam para além da fantasia criada. Os lençóis eram tão virgens como o momento desfraldado. E quando os corpos se fundiram, Caetano se calou e as ondas do mar bateram forte revirando olhares de modo que as visões dali por diante ficaram fora de seus lugares. E não se soube mais o que era real e o que era ficção.
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16/11/2015 -
Ao vivo
Eu não tenho nada além do hoje
O passado já não me pertence
E o futuro é apenas um querer
O hoje é o que de fato existe
Nada além do agora
Do momento presente
Faz parte de mim
Eu aconteço neste exato instante
Tudo mais é perda, expectativa,
Ilusão, bobagem, inutilidade...
Sendo assim,
Coloque fim ao estado delirante
E caía na realidade
Entre reprises e projetos,
Estamos sempre ao vivo.
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