Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 29 textos de março de 2009. Exibindo página 3 de 3.

10/03/2009 - Um novo conceito de sogro

Ele aparece e desaparece do meu cotidiano como um bom mágico, daquele que alimenta o imaginário das crianças e não revela seus segredos. Ele está perto, muito perto, e, quando dou conta, já se vai distante sem deixar vestígios. Impossível rastreá-lo ou prevê-lo, quiçá sabê-lo. Chega a ser meteórico. Perfeccionista e discreto ao extremo, ele faz da vida e de seu viver um constante canteiro de obras. Arquiteto do tempo e advogado do vento, redesenha o mundo a sua volta. Intenso, feito personagem de Chico Buarque, sobe a construção como se fosse máquina e tem os olhos embotados de cimento e lágrimas....
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09/03/2009 - Segunda, segunda-feira

Metereologicamente falando, o dia está sujeito a trovoadas. Há uma nuvem que passa de mau-humor. Há um céu sorrindo um falso azul. Há um pássaro que voa por obrigação. Há uma nuvem dizendo que não - não quer brigar, não quer beijar, não quer chover. Há um tempo bravo e seco lá fora. Há um rapaz que passa cabisbaixo pelo sol. Há uma moça que chora a falta de estrelas. Há um São Pedro que não quer dar a chave do céu a ninguém.

E tudo porque hoje é segunda-feira. Na segunda-feira, céu e inferno não se distinguem. Há uma legião de anjos emburrados. Por isso, preste muita atenção para não confundir bem e mal. Se é que ainda há essa distinção. As flechas do cupido podem ser as flechas venenosas dos demônios indígenas. A harpa pode ser distorcida em rock and roll. E o pecado já é sagrado para alguns. ...
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07/03/2009 - Que sobrevivam os melhores

Rubinho Barrichello vai voltar às pistas de Fórmula-1. Ronaldo Fenômeno voltou aos gramados. Mike Jackson retornará aos palcos. Nada disso é hipotético, tudo é real. Parece a volta dos que não foram ou dos que já deviam ter ido há um bom tempo. Nenhum deles está em plena forma, tampouco vão conseguir performances que os levem de voltam ao auge. Mas eles estão aí, assombrando o mundo com suas teimosias e polêmicas.

Há quem jogue pedra, mas há muita gente sorrindo largamente por pelo menos um desses ídolos de tempos idos. Todos eles já gozaram de doses generosas de dinheiro e prestígio. No entanto, continuam querendo mais e mais. Mais verdinhas e holofotes? No fundo, todos eles querem isso e uma outra coisa - dar a volta por cima. Será que conseguem? É claro que o futuro nunca será como o passado, mas há uma esperança... ...
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06/03/2009 - Tomates, ovos podres e sapatos

Fiquei em dúvida se jogava tomates, ovos podres ou sapatos no alto escalão da política brasileira. Os discursos de Lula, Dilma, Meirelles e companhia soaram como afronta aos pés dos meus ouvidos. O Brasil é 10, o governo é dos pobres e a crise não nos pegará. Se quem mora no Rio tromba em artistas que são pagos para fingir, quem reside em Brasília tropeça em artistas que fingem de que qualquer jeito. Os poucos metros que me separavam deles viravam quilômetros face ao forte esquema de segurança que foi montado. Os chamados homens de preto estavam lá, por todo lugar. ...
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05/03/2009 - Pães de queijo de Rosa e Drummond

Eram pelo menos trinta pães de queijo se acotovelando em uma travessa. Na verdade, mini-pães num amarelo de sol de inverno, quentes de forno, aflorando água nas pedras que se incrustam pela boca. Pães de queijo cheirando a pães de queijo. Um aroma legítimo. O perfume não era de congelados, empacotados, embalados, guardados, conservados e outros "ados". Á primeira vista, não havia nada de artificialismo nesses pequenos.

Depois da crosta rachada, como os leitos de um São Francisco em época de estiagem braba, o anúncio, explícito, do queijo derretido. Queijo minas. E não era qualquer minas, mas Minas de Guimarães Rosa. Imagine o leite vindo das vaquinhas espalhadas pelos grandes sertões e veredas. Imagine aqueles personagens mágicos espremendo o queijo com as próprias mãos. Este é o pão de queijo que se oferece despudoradamente belo e timidamente mineiro bem diante dos meus olhos. ...
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04/03/2009 - Travesseiro de paina

Há quem durma em travesseiros de pena de ganso, travesseiros magnetizados, travesseiros ortopédicos e coisa e tal. Já as minhas noites eu atravesso recostado em um travesseiro de paina. Isso mesmo, o fruto da paineira. Parecem flocos de algodão os frutos dessa árvore de flores rosadas e tronco coberto de espinhos. Trouxe esse exemplar raríssimo de uma de minhas incursões ao interior de São Paulo. Coisa fina e de tempos idos. Meu avô colheu a paina no terreiro do sítio e minha avó tratou de dar forma ao travesseiro. ...
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03/03/2009 - José Alencar é o cara

Pô Lula, larga mão de ser egoísta, desocupa essa cadeira e deixa o José Alencar governar um pouco. O mineirinho merece uma chance. Ainda falta um ano e pouco de governo, quem sabe dá tempo dele cumprir um bocado daquelas promessas que ficaram nos palanques. Depois de vencer uma cirurgia complicadíssima não há crise que ele não consiga enfrentar. Vamos lá, seu Lula, cadê o companheirismo? O homem deve estar doente de vontade de colocar a mão na massa.

Você tem medo do quê seu Luiz? De deixar o palácio, de inflação, de ser esquecido? O vice-presidente admitiu, de maneira firme, que não tem medo da morte, só da desonra. E como já cantava Gonzaguinha, sem honra um homem se morre e se mata. É Lulalá, não dá pra ser feliz sem honra. E como vai sua felicidade? Alencar quer deixar o legado de um homem de honra como herança. E você, presidente, que Brasil pretende nos deixar? Aimeudeuscredoemcruzavemaria, tem coisas que é melhor nem perguntar. ...
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02/03/2009 - Faz-te

Faz isso. Faz aquilo. Faz aquilo outro. Tornamo-nos fazedores. Ao contrário de pensadores ou sonhadores, fazedores. Nos turnos da noite e do dia, ao som do apito das fábricas da feitura, vamos fazendo. Todo nosso intelecto vem sendo desperdiçado pela ofensiva da prática pela prática. Tudo deve ser feito num prazo mínimo. É uma fazeção danada pra lá e pra cá. E o pior é que isso não leva a nada. Ao menos, não para os fazedores. Pensar e sonhar tornou-se privilégio de pouquíssimos. A massa deve se dar por satisfeita em fazer por fazer. ...
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01/03/2009 - sapatos e fatos

Ao lado de um par de sapatos soltos ao chão, um homem, sentado em uma banqueta, debruça sua coluna, como que querendo se aproximar deles, numa conversa ao pé do ouvido.

- Por quantos caminhos vocês já me levaram? Eu perdi a conta. Foram tantas esquinas, tantos jardins, tantas calçadas, tantos cruzamentos. Impossível contar o número de quilômetros percorridos. Quantos passos nós já passamos? Quantos passos já passaram por nós? Eu rodei o mundo com vocês. O meu mundo. Mas eu fui mais forte. Minhas cicatrizes, feitas pelas andanças do tempo, ficaram por dentro. As suas, extravasaram ao ponto de ficarem expostas. A dor da estrada cortou na carne. Manchas, furos, rasgos. Por mais que eu tentasse impedir, os estragos foram inevitáveis. O couro não agüentou. Hoje, depois de muitos anos, vou ter que ir sem vocês. Vocês, meus sapatos pretos, terão que ficar em um canto do armário. Em consideração, não vou jogá-los fora. E por ciúme, não vou entregá-los aos pés de outro alguém. Vou aposentá-los com as regalias de quem pagou, durante muito tempo, um fundo de previdência privado. Vocês vão ficar acamados, mas vão ficar bem....
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