Daniel Campos

Texto do dia

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06/03/2009 - Tomates, ovos podres e sapatos

Fiquei em dúvida se jogava tomates, ovos podres ou sapatos no alto escalão da política brasileira. Os discursos de Lula, Dilma, Meirelles e companhia soaram como afronta aos pés dos meus ouvidos. O Brasil é 10, o governo é dos pobres e a crise não nos pegará. Se quem mora no Rio tromba em artistas que são pagos para fingir, quem reside em Brasília tropeça em artistas que fingem de que qualquer jeito. Os poucos metros que me separavam deles viravam quilômetros face ao forte esquema de segurança que foi montado. Os chamados homens de preto estavam lá, por todo lugar.

Além dos bolsos do meu paletó não comportarem tomates ou ovos, o preço desses produtos faz com que se pense duas vezes antes de desperdiçá-los. O sapato, de desenho italiano, foi presente de minha esposa. Não poderia dar um destino tão cruel assim a ele. Além disso, estou longe de ser um revolucionário, um extremista, um terrorista político. Se ainda fosse por amor, ultrapassaria todo e qualquer limite. Mas por política... tanto interna quanto externamente, o ônus do meu ato certamente seria muito maior do que o bônus.

E o que um poeta estava a fazer no meio dos engravatados das finanças e gestões públicas e privadas? Até agora não sei o que fazia entre números, promessas, demagogias. Ali não havia inspiração para escrever um verso sequer. Um ambiente completamente anti-poético. Quem sabe se ao contrário de economistas, intelectuais, políticos e empresários, a discussão da crise ficasse a cargo de poetas e romancistas? Ao menos os discursos seriam mais prazerosos.


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