Daniel Campos

Prosas

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18/05/2010 - Capítulo 21

Depois da experiência do passe, Sebastian volta para casa e encontra, em seu quarto, Micaela e Tomás dormindo na cama junto com Malena. O que em outras ocasiões lhe faria ficar com raiva, agora lhe tira um sorriso. Chega a achar bonita a cena. Sob a luz amarelada de um abajur, ele se aproxima, puxa um lençol no intuito de cobrir seus corpos e se curva até dar um beijo de boa noite na face de sua esposa.

Repete o mesmo gesto com as crianças. Ao beijar a fronte de Micaela, ela abre o olho e se assusta, como que já querendo se levantar e ir para seu quarto. Afinal, sempre foi assim. Mas hoje parece ser diferente. Ele coloca a mão em seus ombros impedindo-a de levantar e balança a cabeça como quem diz que eles podem ficar ali desta vez. Ela não entende nada, mas permanece ali deitada vendo o padrasto deixa o quarto....
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20/05/2010 - Capítulo 22

Sebastian chega trazendo sacolas de supermercado e uma orquídea lilás, a cor da espiritualidade e uma das preferidas de Malena. Reconhecendo os erros, tenta reconquistar a mulher resgatando aquele homem que foi se perdendo pelo caminho. Ele precisa se esforçar. Qualquer irritação sua ou deslize emocional dará ainda mais força aos espíritos ruins que querem se aproveitar de sua castigação. Segundo Valentina, não se pode quebrar o castigo, mas há meios de enfraquecê-lo.

Ele dá boa noite às crianças, remexe o cabelo de Tomás, beija a testa de Micaela, entrega chocolates e pede para Tita guardar um pote de sorvete. As crianças agradecem sem entender aquele comportamento. Há tempos Sebastian deixara de mimá-las. Queria mais se fechar num mundo particular junto de sua mulher. Acreditava que todos queriam tirá-la dele. E isso fez com que ele ficasse deveras amargo. ...
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25/05/2010 - Capítulo 23

Levado pelo braço, Sebastian atravessa um espécie de portal e chega a um vale composto por pedras afiadas e árvores secas. O local é horrível, escuro, com gritos vindos de todos os lados. Há espíritos jogados para todo lado. Alguns, sugados até a última gota das suas energias. Outros, completamente desfigurados.

Incrustado neste lugar horripilante, um casarão descolorido, coberto de mofo e trincas. Parece que vai cair a qualquer momento. Ele sente uma coisa ruim ao reconhecer aquela casa. De fato, a paisagem não é nada convidativa a um reencontro. Mas é ali mesmo que ele terá de conversar com sua avó. ...
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27/05/2010 - Capítulo 24

- Bela tentativa, Sebastian. Mas não foi o suficiente para interromper o curso de seu castigo. Como pode observar, continuo aqui.

É assim que o promotor desperta, 7h23 da manhã, saudado por alguém que se apoderou mais uma vez do corpo de sua mulher.

- Do que está falando? Cadê Malena? Quem é você? O que quer de mim?

- Como você é repetitivo. Toda vez que venho aqui preciso me apresentar. Sou Jhaver, seu anjo castigador e, antes que diga, o desprazer é todo meu......
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01/06/2010 - Capítulo 25

O promotor, agora na condição de réu, é envolvido por suores e arrepios frios. A cabeça ameaça doer. Os olhos ardem. Uma tosse forçada, como que um pigarro inconveniente, surge como sinal de estresse. O corpo se contrai, a respiração fica difícil e o coração dispara. É acometido por uma vontade irresistível de se beliscar para saber se aquilo tudo é real. Mas não tem coragem. Assim como tem vontade de ir lavar o rosto, de tomar um drinque, de sair correndo, de perguntar o que aconteceu com Malena, com Valentina, com dona Soledade e seu Esteban. Mas falta coragem. Afinal, isso tudo pode demonstrar fraqueza. E tudo o que ele não quer é se mostrar fraco diante de seu anjo castigador. ...
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03/06/2010 - Capítulo 26

- Se sou inocente, Jhaver, por que prosseguir com tal castigação?

- Porque há algo de muito errado nessa história.

- Você mesmo admitiu que eu não possuo vibrações, energias ou sinais que me tornem culpado.

- Quando fechei minha posição sobre o seu castigo, suas vibrações lhe condenavam sim.

- E como explica essa mudança?

- Eis o que tento descobrir em minhas incursões aqui. Primeiro pensei que foram seus protetores espirituais, sob o comando de sua sogra, que influenciaram sua aura....
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08/06/2010 - Capítulo 27

Sebastian desce do carro com uma cesta cheia de chocolates e um urso de pelúcia gigante. Com ele, descem Malena, Tomás e Micaela. O promotor conversa com o porteiro que, por sua vez, aciona o interfone. A voz do outro lado da linha autoriza a subida daquela família de rostos leves, animada com o que está prestes a fazer.

Três andares depois, quando a porta do elevador se abre, eis um cartão de boas-vindas. A mulher que registrou queixa contra Sebastian na delegacia naquele episódio do acidente os aguarda com um sorriso tendo a filha, aquela que ficou entre a vida e a morte no hospital, entre os braços. ...
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10/06/2010 - Capítulo 28

Todos voltam satisfeitos para casa depois de passarem boa parte do dia no evento beneficente do centro espírita comandado por dona Valentina. Nem mesmo o fato de ter encontrado a cunhada Alicia esparramada e bêbada no sofá de sua casa, e o filho dela brincando com sua coleção de livros jurídicos, abalaram o humor de Sebastian. Um novo tempo parecia ter começado. E mesmo não querendo se encher de esperanças, ele, no fundo de suas crenças, acreditava que Jhaver havia dado uma trégua em sua onda de castigos. E melhor: que poderia revogar sua punição. ...
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15/06/2010 - Capítulo 29

Diante daquela cena, Sebastian tem vontade de atirar, de esfaquear, de espancar, de esganar. Seu desejo é de atear fogo naquela cama, em nome de Deus, assim como os católicos medievais queimavam suas bruxas. Quem dera se tivesse condições de se internar em uma caverna, isoldando-se para sempre. Pela óptica da dramaticidade, quer arrancar o coração do peito e jogá-lo aos leões.

Há uma sucessão incrível de pensamentos em sua cabeça. A dor de presenciar aquela cena joga turbilhões de adrenalina em sua corrente sanguínea. No entanto, ao contrário de explodir em agressividade, as pernas enfraquecem e ele se ajoelha diante daquele altar profano enquanto se entrega a um choro quieto e corrosivo. Sem escândalos, o choro queima, como ácido, sua face e todos os sentimentos bons que encontra pelo caminho. ...
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16/03/2010 - Capítulo 3

Do alto da fachada renascentista da igreja de uma só torre, São Miguel Arcanjo, estático como convém a uma escultura de mármore, observa o espetáculo que improvisa seu palco na estreita calçada da Avenida Bartolomé Mitre.

Após colocar a enteada no chão e ganhar uma série de tapas contra o peito, Sebastian pergunta se Micaela tem consciência do que acabara de fazer. E as palavras, assim como os olhares e gestos, surgem carregadas de ira:

- A culpa é toda sua! Foi você quem me matriculou nesse colégio careta. “Escravas do Sagrado Coração de Jesus”, isso não combina comigo. Eu não agüento mais desperdiçar meus domingos tendo que vir a esta igreja embolorada e ouvir um padre caduco para mostrar que somos uma família perfeita. Já estou farta de fazer o que não quero, de ser o que não sou......
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