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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 162 de 320.
20/01/2012 -
Maria Padilha
Quem tem medo hoje não acende vela. Quem tem medo hoje não sai na janela. A moça do cruzeiro avisou que hoje a noite vai girar. Gira para lá, iaiá. Gira para cá, iaiá. Com ou sem a sua licença, Maria Padilha das Almas com as almas vai passar. Ela é rainha. Rainha dos infernos, rainha das facas, rainha do candomblé, rainha da malandragem, rainha dos ciganos, rainha das pombagiras, rainha sem coroa... Êêêê êêêa hoje Maria Padilha vai girar até a noite se acabar.
Quem tem medo a noite não sai de casa. Quem tem medo não brinca com brasa. Ela é mulher formosa, de cabelos longos e pele morena. Dança a dança das ciganas, gosta de beber e freqüentar uma boa cama. Maria Padilha gosta do luxo, do brilho, da boa vida. Usa muitos colares, anéis, brincos e pulseiras. Como todo Exu ela usa e abusa do dom da sedução. Mas quem tem medo a ela não entrega o coração. Maria Padilha só anda de navalha e tem como um de seus amantes o rei das 7 Liras. ...
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17/12/2012 -
Maria Penélope Charmosa Cecília
Eu não a vi nascer, mas é como se tivesse visto, pois nos meus sonhos, desde criança, sempre fui pai de uma menina vinda de um reino encantado. Eu não a carreguei no colo, nem embalei seu sono, mas é como se eu tivesse a levado comigo por esse tempo todo, contando histórias de ninar, cantando cantigas de roda. Eu não escolhi seu nome, mas é como se ele fizesse parte da minha memória auditiva.
Eu não testemunhei momentos que marcaram o início da sua vida, como as primeiras palavras, a boneca preferida, o som de sua gargalhada quando bebê; também não a vi arrastar pelo chão, não engatinhei com ela, não a ajudei a andar de bicicleta, porém, de um modo ou de outro, eu tenho essas imagens todos imersas no meu inconsciente. De alguma forma ainda não explicável, participei desses e de outros instantes......
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31/05/2011 -
Maria, passa na frente!
Maria, passa na frente! Passa na frente e abre nossos caminhos físicos e espirituais. Passa na frente e nos permita seguir seus passos. Maria, mãe dos caminhantes, passa na frente. E nos leve em romaria.
Passa na frente iluminando e cuidando de tudo. Passa na frente e espanta todos os males. Passa na frente com a chave dos mistérios. Passa na frente preparando a salvação. Passa na frente semeando sonhos e paz. Passa na frente, Maria, auxiliando os filhos teus. Passa na frente, Maria, e nos ensina a caminhar....
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18/11/2009 -
Marighella, o último dos heróis
Quanto tempo leva para nascer um herói oficialmente falando? A resposta para essa pergunta é relativa, já que isso depende, sobretudo, de vontade política e midiática. No caso de Carlos Marighella, esse processo demorou 40 anos.
Marighella era o líder da Ação Libertadora Nacional quando foi morto em uma emboscada no ano de 1969. Morto pela ditadura. E não há como contestar. A morte do inimigo nº 1 do regime militar foi reconhecida pela Comissão de Anistia do governo federal, em 1996, como responsabilidade do Estado. Morreu por acreditar no socialismo, na liberdade, na igualdade....
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06/12/2015 -
Marília Pêra continua em cartaz
Depois de 72 anos brilhando por aqui, Marilia Pêra voltou ao espaço, para sua casa original, junto das outras estrelas. Dançou, cantou, atuou, dirigiu, ensinou, produziu, coreografou, amou. Viveu como numa fusão nucelar, liberando toda energia e transcendendo ao infinito.
Ela de uma nobreza, de um porte de rainha, de uma arte inerente à existência, de uma magnitude ímpar, de uma delicadeza forte, de uma luz que cobre a todos como um manto, de uma beleza que não envelheceu, de um encanto que jamais se perdeu. ...
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Comentários (1)
10/04/2016 -
Mas nada de você
Na banca de revista, jornais, manchetes, gibis, chicletes, notícias, fotografias, mas nada de você. No quintal do florista, bromélias, azaleias, camélias, astromélias, mas nada de você. Sob as lonas do circo, equilibristas, malabaristas, artistas, palhaçadas, truques, gargalhadas, mas nada de você. Depois de pular sete ondas, banhistas, surfistas, escafandristas, estrelas do mar, transatlânticos, cânticos azuis, mas nada de você. Na livraria, romancistas, poesia, crônica, fantasia, sílabas tônicas, histórias de amor com final feliz ou não, mas nada de você. Pelos coqueirais, ciclistas, passistas, casais, namoros, sobra e falta de decoro, beijos e ensejos, mas nada de você. Pelos quatro cantos do meu quarto, lembranças benquistas, perfumes, ciúmes, ardumes, relevos e segredos, mas nada de você.
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13/02/2010 -
Mascarados
Entre passadas para lá e cá, pelo baile de máscaras quero achar sua boca. Vamos tirar as fantasias e dar início a uma noite louca. Uma noite sem colombinas ou pierrôs ou arlequins. Uma noite sem desfile, sem escolas, sem jurados. Uma noite sem platéia, sem reis ou rainhas. Uma noite sem alegorias, baterias ou alegrias temporais. Uma noite sem blocos, sem fogos, sem carnavais. Uma noite ausente de cordões e foliões. Uma noite despida de qualquer açoite. Uma noite sem tamborins, sem querubins, sem fins premeditados. Uma noite sem traições, recuos ou repiques de saudades. Uma noite sem ruas e carros enfeitados. ...
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07/02/2016 -
Mata de dentro e de fora
É o som mata que me embala. A passarada canta, chega que estrala. E tudo se assanha dentro e fora de mim. A vida simples da roça, do mato molhado, da palhoça, do quintal capinado, do jardim de cebolinha, da viuvinha que bica a goiaba, da água da mina que nunca acaba, do céu azulado, alaranjado e carmim. E tudo se alumia dentro e fora de mim. Cascatas, luares de prata, violas de festim. Cigarras, cercas sem amarras, pedaços de mim. O boi mugindo no pasto, o carro de boi que nunca conheceu asfalto e o curió dando oi. Não tem coisa melhor dentro e fora de mim. Sombra de jequitibá, gosto doce de araçá e um cachorro campeiro apelidado de lobo guará. Tem juriti, bem-te-vi, mandi e raiz tupi nesse chão que dá no riachão das dormideiras. Tem ribanceira, ladeira, fogueira e uma amoreira que tinge a boca de quem beija a vida por inteira. De segunda a segunda-feira a mata cheira dentro e fora de mim. ...
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06/04/2013 -
Matadeira
Mata, mata a minha fome com seu açúcar. Mata, mata o que me consome se fazendo de maluca. Mata, mata a minha fobia sem remédios. Mata, mata o meu borrão de tédio. Mata, mata a minha fantasia de carnaval. Mata, mata o meu sobrenome ancestral. Mata, mata o meu arvoredo com seus tratores. Mata, mata o meu medo de invasores. Mata, mata o meu verde com seu excesso de cor. Mata, mata a minha lembrança sem eu lhe propor. Mata, mata a minha sede de cachaça. Mata, mata o meu eu criança no meio da praça.
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11/09/2014 -
Matado no mato
Mata-me no mato. Abandona meu corpo no capinzal. Deixa-me virar terra por entre raízes ancestrais. Que o verde me cubra e me proteja de todo mal. Que os galhos me abracem. Que as ramas me saúdem. Que os pés disso ou daquilo sejam meus pés. Que os bambuzais se verguem para me achar tão perdido quão achado. Que as folhas me vistam. Que os pássaros me avistem. Que a chuva me irrigue. Que para além de comida ou esterco, eu seja mato. Mata-me no mato.
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