07/02/2016 - Mata de dentro e de fora
É o som mata que me embala. A passarada canta, chega que estrala. E tudo se assanha dentro e fora de mim. A vida simples da roça, do mato molhado, da palhoça, do quintal capinado, do jardim de cebolinha, da viuvinha que bica a goiaba, da água da mina que nunca acaba, do céu azulado, alaranjado e carmim. E tudo se alumia dentro e fora de mim. Cascatas, luares de prata, violas de festim. Cigarras, cercas sem amarras, pedaços de mim. O boi mugindo no pasto, o carro de boi que nunca conheceu asfalto e o curió dando oi. Não tem coisa melhor dentro e fora de mim. Sombra de jequitibá, gosto doce de araçá e um cachorro campeiro apelidado de lobo guará. Tem juriti, bem-te-vi, mandi e raiz tupi nesse chão que dá no riachão das dormideiras. Tem ribanceira, ladeira, fogueira e uma amoreira que tinge a boca de quem beija a vida por inteira. De segunda a segunda-feira a mata cheira dentro e fora de mim.
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