Daniel Campos

Prosas

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Encontrados 3193 textos. Exibindo página 151 de 320.

06/04/2015 - Licença poética

Eu quero ir além, de direito e de fato, sem mas nem porém. Cantar sem se importar se desafino, rompendo os padrões de certo e errado, de sim e não. Dançar movido pelas músicas da minha cabeça. Voar alto como os pássaros de marte. Quebrar o asfalto em busca da terra. Desfolhar como árvore parindo folhas novas de uma história aberta. Abrir porteiras, cancelas, portões, janelas e tudo o que pode impedir a passagem do vento que traz a mensagem do tempo. Sumir em meio a um amor sem quaisquer preocupações que não seja amar e amar e amar e ser amado. Ser pedra, pau, bicho, planta, água, nuvem, chama, chuva de uma só vez. Mais do que escrever, viver a poesia, com licença poética plena e irrestrita.


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03/11/2009 - Lições da contradição

Dia após dia participamos de uma guerra. Não se trata de um conflito militar ou civil, mas de uma batalha interior entre o que somos e o que queremos ser ou ter sido. O relógio desperta quando queríamos que ele não despertasse. Abrimos os olhos, mas queríamos que eles ficassem fechados num estágio qualquer do sono. Vestimos roupa de trabalho quando o desejo era de colocar uma roupa despojada de final de semana. Entramos debaixo do chuveiro embora a vontade fosse de se entregar as águas de uma cachoeira. Tomamos café, porém queríamos abocanhar o mundo com muito chantilly. ...
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09/11/2010 - Lições da natureza

Em todos os meus anos de sítio jamais vi duas galinhas chocarem os mesmos ovos, disputando acirradamente um único ninho. Ainda mais duas galinhas garnisé, bravas e espevitadas como elas só. Para minha surpresa, a cena, um tanto quanto improvável, aconteceu no quintal de casa. Aumentando o grau de improbabilidade, as galinhas escolheram o local da choca sem pensar em conforto, privacidade ou segurança. Mas elas quiseram assim, fazer o quê? Teriam que agüentar olhares, chuvas e companhias.
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22/02/2011 - Lições de vida e morte

Tive a honra de ter convivido por quase 25 anos com meus quatro avôs. Também conheci cinco dos meus bisavôs e uma porção de tios-avôs. Se hoje sou um contador de histórias, muito devo a eles. Cada qual do seu modo eles ensinaram-me muitas lições de vida e de morte. Até meus vinte três anos, dez meses e vinte e três dias de vida terrena, a morte ainda era uma coisa estranha para mim. Um tabu. Algo que só acontecia na casa do vizinho. Era como se eles, meus avôs, fossem imortais.

Embora eu já tivesse chorado as mortes de Betinho, Ayrton e Jobim e de alguns bisavôs, o meu círculo familiar mais próximo estava imune aos ceifadores. Durante a noite, acostumei-me a rezar pelos quatro e me questionei várias vezes como seria a vida sem eles. Eram próximos, na verdade, parte de mim. Não posso me queixar que os santos foram generosos comigo, afinal, poucas são as pessoas que puderam ter uma convivência tão intensa quão duradora como eu tive com meus avôs. ...
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05/04/2016 - Ligações

Eu cheguei e logo me apresentei às moças. Meus braços nasceram para os laços como os talheres para as louças. Sou como ponto em cruz, nervo remontado, galho entrelaçado, caminho cruzado. Nasci para ser par sendo ímpar. Sou a mão que une as cordas do violão. Sou olhares trocados, línguas emaranhadas, corpos misturados, sexos casados. Sou junção, fusão, imersão no coração alheio. Floreio, serpenteio, clareio num único desejo: ligar-me. Viver é a sina de ligar-se num apaixonamento sem fim. Ligar do verbo unir, do verbo acender, do verbo conectar. E o que é a paixão senão uma união, um clarão, uma conexão de tecidos, transcendentes, gemidos, sementes, desejos e ensejos compreensíveis ou não, possíveis ou não, porém, sempre incríveis. E quando me apresentei às moças, liguei-me a elas no ímpeto versejo da mulher amada tornando a vida nada insossa.


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08/07/2008 - Limpeza cerebral

Dor de cabeça. Neosaldina. Anador. Novalgina. Nada disso resolve. Novena? Mantra? Chá? Socorro! Parece que há um lenhador morando dentro de meu crânio, colocando minha floresta cinzenta abaixo. Parece que há uma grande roda gigante levando meus neurônios para brincar de rodar. Parece que há um curto-circuito em meus nervos cerebrais e também nas demais ramificações. A verdade é que tudo conflui para a dor, para o incômodo, para o estresse. Os olhos pesam. Os olhos giram. Os olhos doem.

Deitado ou em pé, parado ou viajando, de olhos abertos ou cerrados como cortinas de teatro às terças-feiras, a dor castiga. A cabeça, como uma espécie de Hiroshima nuclear, parece que vai explodir a qualquer momento. E se meus pensamentos forem pelos ares, quem irá recolher os cacos? Talvez tudo seja considerado lixo tóxico. Já pensou? Meu pensar ter de ser extraditado para planetas distantes, como Saturno. Entre os pensamentos, alguns versos ficariam beirando calçadas como barquinhos em enxurradas e outros tentariam fecundar uma primavera nos jardins do medo. Com a minha cabeça aberta, minha poesia estaria solta para reinar à vontade. ...
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24/07/2016 - Linda de viver

Linda, do princípio ao fim. Linda, a flor mais bela já tida no jardim. Linda, com olhos de esmeralda, boca de rosa-chá e um sorriso de Shangri-La. Linda, um convite à imaginação. Linda e ainda dá paz e harmonia como se fosse uma religião. Linda de tirar o juízo, de tirar do rumo qualquer estrada, de fazer do azedume a colher mais açucarada. Linda, de paisagens deslumbrantes, seja pelo seu exterior ou interior. Linda, de retas, semi-retas, curvas, parábolas que contrariam a física e a matemática. Linda, longe de ser estática. Linda, de uma atmosfera intensa e propensa à primavera. Linda e simpática. Linda e catedrática no que diz respeito a ser tudo e ser simples compondo assim a beleza da natureza do seu ser. Linda e surpreendente. Linda e envolvente. Linda de iluminação. Linda de viver, de viver para todo sempre. Linda de flor, fruto e semente. Linda de crer. Linda como o ápice da criação.


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08/07/2013 - Linda é a mulher de inverno

Linda é a mulher que amanhece e brada de contentamento diante do dia nublado. Linda é a mulher que não vê o momento de sair com suas botas pelo dia orvalhado. Linda é a mulher que abre os braços diante do vento cortado, carregado de frio. Linda é a mulher que não se intimida diante da friagem do tempo. Linda é a mulher que se aventura pelo meio da neblina. Linda é a mulher que quebra o gelo com palavras esfumaçantes de café.

Linda é a mulher que torce por um chuvisqueiro para que o dia esfrie ainda mais. Linda é a mulher que saboreia a estação com tudo o que ela tem para oferecer. Linda é a mulher que combina cores e temperaturas de um jeito que só ela sabe fazer Linda é a mulher que caminha como sol entre nuvens escuras. Linda é a mulher que se derrete em meio a cobertas como chocolate quente. Linda é a mulher que se veste de inverno para o inverno.


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27/09/2014 - Lindo dia

Lindo dia porque todo dia para ser teu é mister ser lindo em cada micromomento. Lindo dia ao longo deste ser-tempo que descerra aos teus olhos revelando-se pouco a pouco na inteiritude de teus sonhos. Lindo dia àquela que faz de todos os dias meus lindos cânticos ao veio da felicidade e de seus afluentes. Lindo dia para a mulher que é feita de lindezas numa beleza que só cabe no espaço de um dia por meio de mágica. Lindo dia no mais completo sentido deste desejo que tem caráter existencial.
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03/01/2013 - Liquidação

As fantasias restantes do Natal estão quase de graça. Os sonhos do mostruário, arranhados e manchados, estão bastante em conta. Os descontos variam bastante no setor da ilusão. Cuidado com paixões baratas. Cuidado com cheques assinados pela esperança e datados do ano passado. A alegria está em liquidação nas vitrines. Queima total no estoque de expectativas. Depois do réveillon, promessas são dadas de brinde. O amarelo ouro, o rosa amor, o branco da paz perderam o preço e o significado nas bancas. Há um verdadeiro saldão de desejos. Querendo ou não, os presentes são trocados pelo passado. ...
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