Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
08/07/2008 - Limpeza cerebral

Dor de cabeça. Neosaldina. Anador. Novalgina. Nada disso resolve. Novena? Mantra? Chá? Socorro! Parece que há um lenhador morando dentro de meu crânio, colocando minha floresta cinzenta abaixo. Parece que há uma grande roda gigante levando meus neurônios para brincar de rodar. Parece que há um curto-circuito em meus nervos cerebrais e também nas demais ramificações. A verdade é que tudo conflui para a dor, para o incômodo, para o estresse. Os olhos pesam. Os olhos giram. Os olhos doem.

Deitado ou em pé, parado ou viajando, de olhos abertos ou cerrados como cortinas de teatro às terças-feiras, a dor castiga. A cabeça, como uma espécie de Hiroshima nuclear, parece que vai explodir a qualquer momento. E se meus pensamentos forem pelos ares, quem irá recolher os cacos? Talvez tudo seja considerado lixo tóxico. Já pensou? Meu pensar ter de ser extraditado para planetas distantes, como Saturno. Entre os pensamentos, alguns versos ficariam beirando calçadas como barquinhos em enxurradas e outros tentariam fecundar uma primavera nos jardins do medo. Com a minha cabeça aberta, minha poesia estaria solta para reinar à vontade.

Aiai, a dor de cabeça já me traz alucinações. Pensar, imaginar, sonhar... tudo contribui para o aumento da dor que me apavora e, ainda, devora. Uma dor de cabeça antropofágica que se alimenta do próprio universo do indivíduo que a hospeda. Definitivamente, a técnica de combate deve ser outra. Quem sabe, esvaziar o cérebro da rotina e mergulhar em um tremendo vácuo espacial. Quem sabe fazendo uma faxina em minha cabeça, uma arrumação de gavetas internas, não aliviaria esse mal-estar físico e psíquico por qual passo. Há muita coisa quebrada, acumulada, empoeirada... Já ouviu alguém dizer que paz e caos combinam? Pois é, depois de absorver tanta informação desnecessária, tanta realidade indigesta e tanta não-poesia, chegou o momento de empunhar a vassoura e a flanela...


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar