Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 3193 textos. Exibindo página 136 de 320.
31/10/2009 -
Gastronomia amorosa
Meu amor, ò vamos ceifar o trigo, vamos amassar o pão. Vamos assar, cozer, ferver nossos desejos em óleo bem quente. Vamos nos dividir como gomos de laranja e nos encontrar no fundo da boca. Vamos encontrar, misturar e acorrentar nossos nomes nas colheradas de uma sopa de letrinhas. Vamos cantar o nosso amor comendo guloseimas, pulando amarelinha. Vamos nos amar entre cartas de vinho e tarô. Vamos deixar a rotina insossa escorrer das grelhas e nos grelhar deitados nas telhas sob o sol ou à mercê das centelhas das estrelas. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
07/05/2008 -
Gatos, gatos e mais gatos
Depois de ler a notícia de que 300 gatos mortos foram encontrados em três geladeiras quando a polícia revistou a casa de um homem no norte da Califórnia (EUA), lembrei-me da mulher de Tio Antero que também criava centenas de gatos. Tio Antero, na verdade, era tio do meu avô materno. Morreu há uns três anos, mas não foi em razão de seus inúmeros cigarros de palha. Tio Antero era uma figura curiosa, só andava de branco. Calça branca, camisa branca, chapéu branco. Mesmo no final dos 80 anos conservava um charme colonial....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
Gaveta sem fundo
Muitas vezes, ela abria a gaveta e me tirava dali. Como se ela fosse palavra e eu um papel em branco. E, pouco a pouco, ela se debruçava sobre mim. E ia me tingindo me manchando me marcando. De repente, ela se separava do meu corpo suado de tremores e pavores e me convidava para dançar.
Era como se ela convidasse a si própria para uma contradança. A cada vez, ela me impregnava mais com palavras suas. E dançava por alguns passos, mas antes da música acabar, ela se despedia. E eu entrava em uma espécie de gaveta sem fundo. Eu caia, caia, caia... Até que, tempos depois, acordava. E sempre despertava assustado com a impressão de acordar cada vez mais tarde. A cada novo despertar, meu sorriso era mais leve. E a cada novo descerrar, meus olhares guardavam mais surpresas.
Seja o primeiro a comentar
05/06/2010 -
Gaza, o território proibido
Ninguém pode chegar a Gaza. Ninguém pode sair de Gaza. Ninguém pode libertar Gaza. Gaza, o território proibido, segundo Israel. Será que o povo de Gaza consegue amar em meio a tanta dor. Será que o beijo beijado lá tem algum gosto diferente de pólvora e medo. Será que as grávidas dão à luz crianças ou prisioneiros. Gaza, tragédia humanitária. Gaza, ária que Mozart não ousou compor. Gaza, horror da tragédia anunciada. Gaza, bíblia revirada.
Quem se atreve a viver em Gaza, morre. Quem tenta socorrer Gaza, morre. Quem sonha Gaza, chora. Chora de pesadelo como criança no meio da noite escura procurando pelo colo da mãe. Gaza não é um país, mas uma faixa. Gaza não é uma civilização, mas um alvo. Gaza não é um lugar, mas um estado de guerra permanente. Gaza é o sonho palestino refém do próprio destino. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
31/05/2013 -
Geadaria
O lavrador levou as mãos à cabeça e chorou no silêncio dos cristais. A mulher fez um café mais forte do que de costume. O menino pediu pra faltar à escola. O galo cantou atrasado e rouco. A senhorinha buscava se esquentar a todo custo no rabo do fogão. Os pássaros abriam suas asas resfriadas ao sol. A menina se encolhia na cama. A filha pedia à mãe mais e mais cobertas. O carro não quis funcionar. O velho reclamou da volta do reumatismo. Olhos entanguidos de frio por todos os lados. A criança perguntou se aquilo tudo lá fora era sorvete. A água do riacho envidrou. A galinha choca havia perdido seus ovos, pois não deu conta de esquentá-los. O vento ainda tinha o perfume da geada trazida pelas ondas do sul. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
Ghostwriter - Apresentação
Bem vindos a um mundo fantasma
No mais íntimo dos mundos, todos sonham em ser outra pessoa. Só que poucos sabem a dimensão e as conseqüências deste desejo. Isso porque, em um dado momento, o sonho se torna realidade e essa outra pessoa lhe possui de uma forma, praticamente, sem volta. No início, esse relacionamento é de conquistas e prazeres. Com o passar do tempo, o personagem, criado por você mesmo, rouba sua vida e lhe deixa de coadjuvante em sua própria história.
Vivendo este universo de duplicidade, o irlandês Mark Egan, na verdade, é o britânico Colin Collins (CC), um famoso ghostwriter (escritor fantasma) à beira dos 50 anos e de uma grande crise existencial. O personagem CC criado por Mark ganhou fama e dinheiro, mas condenou o verdadeiro autor a um ostracismo perturbador. Depois de escrever centenas de livros, milhares de artigos e outros textos para personalidades dos quatro cantos do mundo, Mark duela com Colin para tentar trilhar um novo caminho. O que ocorre, a partir de então, é um duelo de fantasmas....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
04/02/2016 -
Gingado bandoleiro
A sua saia rodou e me atirou no chão. E eu, menino sem jeito, ainda não aprendi a rodar feito pião. A sua saia me enfeitiçou. E sinhá bolinou bem no meu coração. O tambor tocou de madrugada. Mariazinha estava fazendo cocada. O céu serenou em noite estrelada. Sinhazinha estava mal-acostumada. E eu não pude fazer nada. Bota cocô no meu tabuleiro. Raspei o tacho, comi do primeiro ao último do seu pedaço, e o diacho fez do meu coração nó de marinheiro. Jogou para lá e para cá debaixo do cajueiro. Zanzou de lá e de cá pelo braseiro. O céu clareou e aluminou feito lampião. Tinha um bocado de estrela subindo e caindo no chão. Era noite de rojão, fogueira e sedução. A sua saia rodopiou pelo meu corpo inteiro. Eu fechei os olhos e o seu gingado bandoleiro ficou com o meu coração de fevereiro.
Comentários (1)
09/05/2013 -
Gira da Pomba Gira
Pomba Gira gira a roda da minha vida para me trazer saúde. Pomba Gira dos olhos amiúdes roda na minha gira para me dar prosperidade. Pomba Gira me fale dos caminhos com o seu Tranca Rua. Pomba Gira, rainha que o astral cultua, toma de conta de todos os meus dramas. Pomba gira, dama do carteado, dê uma cartada certeira no rumo da minha sorte.
Pomba gira, dona da encruzilhada, coloca a minha vida no prumo que eu lhe pago com minha morte. Pomba gira das cigarrilhas e do champanhe traz o bem, leva meu mal. Pomba gira do roseiral vermelho abre a minha gira dando luz a minha jornada. Pomba gira, que tem o coração de sabiá, canta para me libertar da invernada levando-me por suas calungas....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
11/07/2012 -
Giramundo
Ê girê, ô girá, Giramundo vai girar... Laroyê, Laroyê!
Seu Giramundo é o machado de Xangô. Seu Giramundo é o fio da lâmina da justiça. Seu Giramundo corta o que tiver na sua frente em matéria de encantamento. Seu Giramundo manipula as forças do fogo. Seu Giramundo trabalha na linha negativa de Xangô, trabalha no desmancho de feitiçaria. Seu Giramundo desenrola casos arrastados na justiça em razão de magia. Atuando nas cercanias do deus do trovão, Seu Giramundo descarrega os filhos de Xangô de todo mal. Seu Giramundo é o guardião dos carmas e da justiça divina. Seu Giramundo não tem medo nem manda recado, por isso está sempre na linha de frente. ...
continuar a ler
Comentários (2)
14/03/2011 -
Girassol sem sol
Como seria o girassol se ele perdesse seu amarelo? Será que continuaria sendo girassol? Será que continuaria girando em torno do sol? Certamente, teria outro nome e função bem menos poética. Se ficar branco ainda poderá ser giralua. Mas e se virar um descolorido só ou um borrão de nanquim? Girará em lembranças do que um dia o foi. Até mesmo os pássaros que se alimentam de suas sementes hão de perder o apetite.
Pois bem, é bom se acostumar com essa realidade. Pois “vaso com 12 girassóis”, uma das obras mais famosas de van Gogh está perdendo a cor. O amarelo cromo se transformará em amarelo ocre e depois em marrom. Girassóis marrons não existem. Essa aberração artística é culpa do tempo que ao passar promove um sem número de variações químicas. Especialistas tentam encontrar uma solução, um remédio, uma saída, mas van Gogh morreu e com ele vai morrendo o amarelo cromo. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar