Daniel Campos

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05/06/2010 - Gaza, o território proibido

Ninguém pode chegar a Gaza. Ninguém pode sair de Gaza. Ninguém pode libertar Gaza. Gaza, o território proibido, segundo Israel. Será que o povo de Gaza consegue amar em meio a tanta dor. Será que o beijo beijado lá tem algum gosto diferente de pólvora e medo. Será que as grávidas dão à luz crianças ou prisioneiros. Gaza, tragédia humanitária. Gaza, ária que Mozart não ousou compor. Gaza, horror da tragédia anunciada. Gaza, bíblia revirada.

Quem se atreve a viver em Gaza, morre. Quem tenta socorrer Gaza, morre. Quem sonha Gaza, chora. Chora de pesadelo como criança no meio da noite escura procurando pelo colo da mãe. Gaza não é um país, mas uma faixa. Gaza não é uma civilização, mas um alvo. Gaza não é um lugar, mas um estado de guerra permanente. Gaza é o sonho palestino refém do próprio destino.

Otomanos, britânicos, israelenses, quem mais quer dominar Gaza? Em cada casa, uma aflição. Em cada rua, a disritmia de um coração. Em cada paixão o medo de perder a coisa amada no próximo segundo. Em cada cabeça o desejo vagabundo de ser livre, de ter asas. Mas é terminantemente proibido ter asas em Gaza. Gaza é o conflito, é o grito e é o delito de ser Gaza. Gaza dos refugiados e dos atentados. Gaza de passados destruídos e dos futuros perdidos.


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