Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 3193 textos. Exibindo página 200 de 320.
21/05/2011 -
Particularidades
Eu não bebo coca-cola. Eu não fumo hollywood. Eu não quero aparecer na rede globo. Eu não moro perto do central park. Eu não ando de lamborghini. Eu não tenho um monet na parede da sala de estar. Eu não leio grego. Eu não cheiro a chanel. Eu não como mcdonald’s. Eu não comemoro com uma flute de champagne. Eu não visto levi’s. Eu não sou sócio do barcelona. Eu não caso goiabada com queijo roquefort.
Eu não enxergo pelas lentes dos óculos da cristian dior. Eu não passo meus fins de tarde na sacada de uma cobertura olhando os jardins de luxemburgo. Eu não como sobremesa numa taça de cristal de baccarat. Eu não ouço putini. Eu não sou Eu não faço cooper de nike. Eu não danço no festival de berlim. Eu não caibo numa bolsa louis vuitton. Eu não comungo na catedral de notre dame. Eu não vejo as minhas horas num bulgari. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
20/05/2011 -
Mjölnir
Que meus inimigos sejam esmagados. Que meus pesadelos sejam esmagados. Que minhas frustrações sejam esmagadas. Que meus medos sejam esmagados. Que minhas aflições sejam esmagadas. Que minhas dores sejam esmagadas. Que minhas esperas sejam esmagadas. Que minhas mortes sejam esmagadas. Que meus desencontros sejam esmagados. Que minhas perdas sejam esmagadas.
Que sejam esmagados por Mjölnir, o martelo de Thor.
O martelo de Thor é aquilo que esmaga. O martelo de Thor nunca falha. O martelo de Thor sempre alcança o alvo. O martelo de Thor aplaina montanhas. O martelo de Thor acaba com homens e deuses. O martelo de Thor tem o peso do mundo. O martelo de Thor é mágico. O martelo de Thor é indestrutível. O martelo de Thor é talhado de forma única. O martelo de Thor é o grito do trovão. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
19/05/2011 -
Um beijo
Um beijo. Um beijo pra derreter o gelo. Um beijo para passar um segredo. Um beijo para anunciar que chegou ou que vai partir. Um beijo de cheiro. Um beijo de sabor. Um beijo para mudar a cor da boca. Um beijo para gritar, para sussurrar, para calar. Um beijo para quebrar a expectativa. Um beijo para propor um novo tempo. Um beijo para marcar o diário. Um beijo para voar feito pássaro ao vento. Um beijo para ferir. Um beijo para curar. Um beijo para transformar realidade em ficção. Um beijo para assoviar uma canção. Um beijo para acender a chama. Um beijo para dizer que ama. ...
continuar a ler
Comentários (1)
18/05/2011 -
O amor e o pânico na mesma canção
Quem tem medo de andar no bosque sozinho durante a noite? Quem tem medo de encontrar um ser metade homem metade bode na floresta? Quem tem medo das sombras e das caretas das árvores? Quem tem medo dessas e de outras coisas pode se preparar, pois hoje é dia de Pan, o deus dos bosques e do pânico.
Mas Pan, o deus que passava o tempo caçando nos campos ou dançando com as ninfas, também teve medo. Medo da solidão. Ele se apaixonou por uma ninfa chamada Syrinx, mas ela não quis nada com alguém que tinha pernas, orelhas e chifres de bode. Como não querer o amor de um filho legítimo de Zeus? ...
continuar a ler
Comentários (1)
17/05/2011 -
Preciso de um texto
Eu preciso de um texto. Por favor, me dê algumas palavras. Onde eu posso encontrar algumas rimas? Eu não quero comprar um amontoado de frases nas gôndolas do supermercado, eu quero colher frases nas gôndolas de Veneza. Eu preciso de uma hemorragia, ou melhor, de uma verborragia de diversos tempos, do pretérito imperfeito ao futuro mais-que-perfeito. Proseie, mas proseie muito, pois preciso de sua prosa e também de seus silêncios. Vou abrir gavetas, baús, armários em busca de vírgulas, pausas, exclamações, aspas... Eu quero subir num pé de poesia e apanhar os poemas mais suculentos, independentemente se verdes ou maduros. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
16/05/2011 -
Dia de Savitu-Vrta
Num tempo distante, uma jovem chamada Sarasvati foi fecundada pelo deus Brahma, o criador do mundo. A fecundação durou um século. De seu ventre nasceram a poesia e a música. Por esse feito ela é considerada uma das oito mães divinas. Hoje, dia de Savitu-Vrta, dedicado à celebração da deusa das artes, mais do que fazer rituais com sons, ritmos, flores, luzes, incensos e oferendas, é dia de tirar a poeira dos livros, de dar prosseguimento às pendências artísticas, de ler um poema, de ouvir uma canção, de encenar um ato, de criar e recriar em honra à Sarasvati. ...
continuar a ler
Comentários (1)
15/05/2011 -
O triste fim da jaca
Havia uma jaca no meio da geladeira. No meio da geladeira havia uma jaca. Desengonçada como ela só, ocupava o espaço, a refrigeração e a vista dos outros alimentos. É como se houvesse uma baleia em um aquário de peixinhos dourados. Desde que a comprei nas mãos de um desses vendedores de beira de estrada adquiri um enorme problema: onde colocar a fruta depois de partida. E meu gostar da fruta não é nada que me leve a comê-la de uma só vez. É um desses casos em que o simbolismo supera o paladar.
...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
14/05/2011 -
Tristeza copiosa
E ela não falou mais nada. Calou-se entre suas tantas dúvidas num quarto de travesseiro. Não queria falar ou ouvir palavra alguma. Apenas ronronava baixinho, como uma felina à luz da lua. Ficou ali de olhos fechados, de lábios trancados, de sonhos vendados. Ficou ali como ficam as estrelas na noite escura – queimando a própria solidão. E ao contrário de lágrimas, seus olhos vertiam uma espécie de cera que, pouco a pouco, deixava seu rosto com as feições de uma boneca de porcelana.
Era uma tristeza pungente. Sofria as dores das flores de inverno. Sofria por não poder abrir a janela e voar com asas próprias. Sofria pelos sonhos que morriam sem que ela pudesse fazer nada para impedir. Sofria porque queria ir, quando tinha de vir. Sofria porque precisava parar, quando queria continuar. Sofria porque queria ser apenas ela, sem mais construções. E isso não lhe era permitido pelos senhores de sua vida – o destino e o tempo. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
13/05/2011 -
Mais e menos
Porque tudo é mais, mais amor, mais carinho, mais cor, somos menos sozinhos. Porque tudo é mais, mais claro, mais enfático, mais raro, o dia corre menos dramático. Porque tudo é mais, mais fantasia, mais prazer, mais poesia, há menos e menos sofrer. Porque tudo é mais, mais delícia, mais presteza, mais carícia, floresce menos tristeza. Porque tudo é mais, mais coração, mais tentação, mais ilusão, existe menos muito menos aflição. Porque tudo é mais, mais esperança, mais expectativa, mais criança, estamos menos à deriva. Porque tudo é mais e menos, mais ou menos, mais nem menos. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
12/05/2011 -
Noites de coquetel
Petiscos de nomes complicados acomodados em pratarias, bebidas oferecidas em copos de uma geometria suntuosa, garçons bailando pelo salão em traje de gala. O propósito de um coquetel não é alimentar, mas impressionar. Alimentar, na verdade, alimenta o ego, a inveja, a luxúria e tantos outros sentimentos menores. O que, na teoria, seria um espaço de confraternização torna-se um local de reparação. Repara-se na decoração, nas vestes, nas maquiagens, nas falas, nos passos, nos gestos e até nas ausências. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar