Daniel Campos

Prosas

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 3193 textos. Exibindo página 198 de 320.

10/06/2011 - Presentes de aniversário

Se pudesse pedir um presente de aniversário, pediria uma passagem, só de ida, com direito a acompanhante, para um mundo com menos hipocrisia e mais amor e poesia. Se pudesse, pediria um disco inédito de Tom Jobim ou um uísque na companhia de Vinícius de Moraes. Se pudesse, pediria um novo começo. Se pudesse, pediria uma janela para o infinito. Se pudesse, pediria as cores de Monet e a inocência de Renoir. Se pudesse, pediria para o tempo não correr de forma cronológica. Se pudesse, pediria para viver para sempre no sítio que ficou perdido numa dobra do tempo chamado infância. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/06/2011 - Boca florida

Quando eu toco em sua boca sinto camadas e camadas de flores compondo seus lábios. Sinto, entre um beijo e outro, as pétalas, as folhas, o pólen, as abelhas, os espinhos, as cores, o sereno, a renda. Sinto margaridas bem pequenas, alfazemas cheirosas, azaléias ensolaradas e damas da noite mescladas de lilás. Sinto flores feitas à mão por um anjo artesão. Algumas espécies se alastram por seu sorriso, outras se encolhem num canto da boca. Flores que murcham ao serem atingidas pelos cristais de sal das lagrimas que, vez ou outra, derrama mesmo sem querer. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/06/2011 - Cansei de você

Não quero mais escutar a sua voz. Não me ligue. Não me provoque. Deixe-me a sós. A sós com meus pensamentos, com minha família, com meu próprio tempo. Diga-me adeus. Finja, por favor, que me esqueceu. Não suporto mais essa conversa fiada. Não quero nada de você, apenas seguir minha estrada. Não sou sua propriedade, não invada minha privacidade e não ouse jamais falar em saudade. Se a distância existe é porque bem mereceu. Ninguém sente falta do que nunca foi seu.

Não me venha com seus ais, pois para mim você não existe mais. É apenas uma relação de obrigação. Estou farto do seu jogo, da sua manipulação, das suas mentiras. Deixe-me em paz para que eu possa prosseguir com minha lira. As mágoas não passam e, as feridas não fecham e as palavras não se apagam. Você não manda em mim, você não me comanda enfim, você não me diz não nem sim. Se pudesse, esmagava suas lembranças com meu coturno e pegava o próximo ônibus para saturno. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/06/2011 - Começa assim

Era uma vez, um gato xadrez. Era uma vez, uma vaca amarela. Era uma vez, um príncipe escocês. Era uma vez, uma linda donzela. Era uma vez, um circo encantado. Era uma vez, um cavalo voador. Era uma vez, um peixe dourado. Era uma vez, um por do sol no arpoador. Era uma vez, um maestro pianista. Era uma vez, um reino de fábulas. Era uma vez, o cravo, a rosa e um florista. Era uma vez, a paixão dos gárgulas.

Era uma vez, uma triste manhã. Era uma vez, um tempo distante. Era uma vez, uma flor de hortelã. Era uma vez, um cavaleiro errante. Era uma vez, um dragão azul. Era uma vez, um aprendiz de feiticeiro. Era uma vez, um veleiro ao sul. Era uma vez, uma brisa de cheiro. Era uma vez, um gato de botas. Era uma vez, um mundo perdido. Era uma vez, uma fada de costas. Era uma vez, um conto esquecido. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

06/06/2011 - Bendídia

Ah! Que Bendis, a deusa lunar da Trácia, me leve para seus quartos crescentes e minguantes. Que eu possa me agarrar a sua face brilhante e me esconder em sua metade fosca. Que ela mexa com minhas marés e com minhas plantações. Que ela provoque o meu parto.

Que ela semeie em mim suas sementes de encantamento, de adoração e de magia oculta. Que ela influencie meus cabelos, meu apetite, meu romance. Que ela dance comigo pelas constelações perdidas. Que ela, durante a Bendidia, renove minha alma e encha meu corpo. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

05/06/2011 - Dançando com a lua

Quando ela acordou, o sol ainda tinha os olhos fechados. Os vaga-lumes ainda brincavam ao som dos grilos apaixonados. Nas ruas não passava ninguém, nem andarilhos, nem carros, nem trem. Os galos nem pensavam em cantar. Um pé de dama da noite, perto do portão, exalava perfume de mulher. As crianças sonhavam com carrosséis e os poetas tinham pesadelos com a solidão. E ela, numa pele quente como flanela, contrariando o relógio natural e o horário oficial, seguia acordada, mas longe de ser qualquer coisa de alma penada. ...
continuar a ler


Comentários (2)

04/06/2011 - Casais

Outro mês, outra vez, outra rés. Eu, você, a lua, nós três a bordo de um amor que flutua a bombordo das estrelas. Paixão outono inverno, abraço longo, seu lenço estampando meu terno. Flores à mesa, velas ao redor da cama, o duque e a dama flertando na mesma trama.

Sonhos revirados, sentimentos mexidos, ventos idos. Asas de violetas, pólen de borboletas, carícias e caretas. Vidas à toa, dias de canoa, um desejo que o amor não doa. Voltas de ilusão, batuques de coração, bossa nova, jazz, samba-canção. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

03/06/2011 - Procurando um anjo

Hoje, ela amanhece sem querer amanhecer. É como se as sombras de uma noite, que ficou tatuada em sua memória, encobrisse seu dia por completo. Somente as lágrimas, tão finas quão frias, são quem consegue romper a névoa de seus olhos. Hoje, essa mulher prefere não dizer nada. Cumpre o seu dia olhando para o passado, tentando compreender pela enésima vez o que aconteceu, buscando conforto num oceano de saudades e perdas, empenhando esforços para escrever outro final...

Hoje, ela dói por completo e se deixa doer. Seu cheiro é de dor, seus gestos são doridos, seus pensamentos são doloridos. Uma tristeza que pede colo e que, ao mesmo tempo, convida-a aos braços da solidão. É como se sua alma se encolhesse toda dentro de seu corpo deixando inúmeros espaços vazios. Ela remói os acontecimentos, obtém um suco amargo de realidade e se embriaga de uma ausência sem remédio. Ao longo do dia olha sucessivas vezes para dentro e para o alto, em busca de um céu....
continuar a ler


Comentários (1)

02/06/2011 - Sol de outono

O sol de outono desce numa mistura de luz e sombra, de calor e frio, de seca e chuva. Um sol mesclado como aquela casquinha mista de chocolate e baunilha. Um sol de saudade, de ausência, de um tempo que ficou. Um sol de desejo, que provoca um ardor de dentro pra fora. Um sol que, tão velho quanto o mundo, permanece soberano e invejado por muitos astros e estrelas. Isso porque ele se alimenta do fogo das paixões humanas. E no outono, essas paixões, entre o calor e inverno, vivem um tempo de transição de formas e frequências. Por isso o sol de outono oscila, chegando a piscar como um vagalume. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

01/06/2011 - Mulher arte

Eu a amo num amor antigo que foi crescendo aos poucos até tornar-se maior. Maior que tudo que já conheci até então. Maior que todos os contentamentos que acumulei e que qualquer tristeza que enfrentei nesses anos de guerra. Esse amor maior coincide com o meu também crescente amadurecimento humano, sonhador e poético. Um amor que deixa para trás essa coisa não-figurativa e conceitual envolvendo um determinado sentimento para cair na dialética de uma paixão combativa e intensa.

Foi como se descobrir apaixonado por uma pureza, por uma delicadeza, por uma nobreza em corpo de mulher. Uma criatura cujo valor não acaba em si mesma, mas que amplia seu significado aos sete mares. Ela que se expande, invade, ocupa e catequiza a partir de sua alma revolucionária. Sua natureza política contestatória produz sucessivos manifestos de liberdade, de igualdade, de fraternidade e de outros valores essenciais ao amor que busco desde a minha infância. ...
continuar a ler


Comentários (1)

Primeira   Anterior   196  197  198  199  200   Seguinte   Ultima