Daniel Campos

Prosas

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16/12/2012 - Até o fim do mundo

Quantos beijos até o fim do mundo? Quantos pecados novos ou redimidos até o fim do mundo? Quantas promessas pagas até o fim do mundo? Quantas garrafas de vinho até o fim do mundo? Quantos pais-nossos até o fim do mundo? Quantas horas de sono até o fim do mundo? Quantos pedidos de desculpa até o fim do mundo? Quantas loucuras até o fim do mundo? Quantos calotes até o fim do mundo? Quantas viagens impossíveis até o fim do mundo?

Quantas noites de pôquer até o fim do mundo? Quantas compras até o fim do mundo? Quantas mortes antecipadas até o fim do mundo? Quantas velas acesas até o fim do mundo? Quanto choro derramado até o fim do mundo? Quantos nós desfeitos até o fim do mundo? Quantos pedidos de casamento e de separação até o fim do mundo? Quantos absurdos até o fim do mundo? Quanta saudade do futuro até o fim do mundo? Quantos sonhos reais até o fim do mundo? ...
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15/12/2012 - A descoberta do pepsamar

Em um mundo vitimado por tantas extravagâncias relacionadas aos comes e bebes um comprimidinho mastigável chamado pepsamar ganha contornos de tábua de salvação. Pode ser comprado com a mesma facilidade de um sanduíche, de um milkshake, de um chocolate. Além de barato, figura nas prateleiras de qualquer farmácia, sendo adquirido sem receita médica. Eficaz e de fácil acesso, uma combinação perfeita para ser utilizada como uma arma secreta.

A sensação do hidróxido de alumínio, o princípio ativo do pepsamar, agindo em nosso estômago no combate a acidez é a mesma da brisa soprando uma vela pelo mar afora em dia de sol azul. Sua ingestão traz momentos de paz e suavidade em um local marcado pelos horrores da azia, da gastrite, das úlceras. É tanta pressa para viver os efeitos do pepsamar que é difícil conseguir que ele dissolva inteiramente na boca antes de cair na tentação de mastigá-lo. ...
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14/12/2012 - O canto de Liah

Liah, pássaro de asas invisíveis a olho nu. Liah, a mesma voz de ninar escancara todas as portas de casa. Liah, mulher borboleta, metamorfose musical, nascimentos e renascimentos num mesmo palco. Liah, harmonia que flui como barco na correnteza. Liah, mistério e beleza num mesmo arranjo visceral. Liah, variações inusitadas e bem-vindas de luz e som. Liah, palavras cantadas marcadas de batom ao vento. Liah, tom sobre tom, sentimento ascendente, estrela rompendo os céus do inconsciente. Liah, sangue indígena, magia natural, voz sem igual. Liah, mensageira da fantasia, lua do dia, pétala e semente bailando pelo ar. Liah, solidão poente. Liah, fibra, bilha, vibra, trilha zodiacal. ...
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13/12/2012 - Hino ao desespero

O que eu faço? Para onde eu vou? Só há esculacho por toda parte? Basta de guerra eu quero arte. Basta de terra eu quero marte. Chega de tanta selvageria, competição, hipocrisia... Não sou feito de aço nem de concreto, sou poesia. E como todo poema eu machuco. Por que o mundo está tão maluco? Cadê a fantasia no dia a dia? Se você chama truco eu grito seis. Sou freguês de um faz de conta que já não existe. Por que tudo tem que ser sempre e para sempre tão triste?

Estou perdido. Estou acuado. Estou vencido. Estou jurado. Estou foragido. Estou enfadado. Estou aborrecido. Estou entalado. Por que as ilusões não vingam? Por que os corações empedram? Por que as canções se calam? Por que as estações não mudam? Por que as assombrações imperam? Será que a gente merece terminar sem começar? Será que quem faz o mal se dá bem? Será que deus está de desdém? Será que tudo tem que agourar, tem que falhar, tem que tombar?...
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12/12/2012 - No que transformaram a Justiça...

O que aconteceu com a Justiça? A deusa que atende pelo nome de Thêmis na Grécia e pelo nome de Justitia em Roma vem sendo descaracterizada em sua natureza, perdendo suas feições, suas virtudes, suas atitudes, sua história, sua alma. Thêmis, a filha de Gaia e Urano, segunda mulher de Zeus, está em perigo. Na mitologia grega a Justiça e a Ética são inseparáveis, já na mitologia brasileira...

Até o século retrasado a Justiça era representada como uma mulher em pé, de espada em riste, de olhos abertos e com uma balança nas mãos. Em frente ao palácio do Supremo Tribunal Federal, a Justiça está sentada em um trono, de olhos vendados e com a espada pousada em seu colo. Sentada por descaso ou por cansaço? Por quem a Justiça levanta? Por quanto a Justiça levanta? ...
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11/12/2012 - Contagem regressiva para o apocalipse

Dez, nove, oito... Está aberta oficialmente a contagem regressiva para o apocalipse. Os homens criados a partir da farinha de milho pelos deuses maias vão ser varridos do planeta. Os mortos vão o mundo subterrâneo, mais especificamente em Xibalba, o “local do medo”. Embora exista um ou outro paraíso em Xibalba, o mais comum por lá são criaturas demoníacas e boas doses de sofrimento. Embora os mortos não sejam julgados, passam por provações como rios de sangue, fogo, feras.

Sete, seis, cinco... Quando chegar ao submundo, torça para não encontrar Kinich-Ahau, um deus que durante a noite, em Xibalba, assume a forma de um temido jaguar. E o que dizer de Vucub Caquix, um pássaro monstruoso e um dos deuses-demônio do “local do medo”? E não adianta correr, pois se Itzamna, o deus que inventou o calendário não estiver errado, o mundo acaba daqui a dez dias. E como já estamos na véspera do apocalipse, o deus da morte Ah Puch deve estar rondando nossas casas para capturar nossas almas. ...
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10/12/2012 - Adoçando a vida

Por mais especial que ela seja, a vida tem momentos que amargam da boca à alma. Para se livrar desse amargor nada melhor do que buscar um pouco de doçura nos prazeres que o mundo nos oferece. Quem não quer provar de uma existência mais doce a cada dia? E não se culpe por interferir no sabor do destino. Afinal, somos amantes, por natureza, de vários tipos de açúcar e de adoçantes.

Abuse de saches de sonhos açucarados. Desejos que tragam impacto de doçura. Pitadas de esperança refinada. Expectativas que retardem a percepção da acidez. Beijos de notas quentes. Pensamentos de sacarose. Uma colherada de promessas em cristal, que demoram a dissolver, é ideal para intensificar aquele quê de docinho. Não se deixe enganar pela felicidade de aspartame, que vem e vai de repente. ...
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09/12/2012 - O canto de Ellen Oléria

O canto de Ellen Oléria tem a cor do meu país. Uma cor feita de swing. Uma voz que dobra o aço do silêncio. Ellen, o samba de braço dado com o afoxé. Ellen, ativista de emoções. Ellen, malabarista das cordas do violão. Ellen, uma mulher, uma multidão. Oléria, um grito contra a miséria. Canta sem medo de represálias. Canta quebrando correntes. Canta chamando por liberdade. Ellen é a contracultura, a ruptura da rotina, o sentimento puro, extravasado, cantado, ofertado ao povo que pede bis. Ellen Oléria, embaixatriz do que nos faz feliz. ...
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08/12/2012 - Vivo Oxóssi

Eu sigo os passos de Oxóssi pelas matas. Eu vivo o verde. Eu me dou, eu sou, eu tenho sedo do verde, do verde de Oxóssi. Vou pelas suas flechas que são como fragatas riscando o horizonte. Salve Oxóssi e suas princesas das cascatas. Salve seus caboclos que pintam de verde a lua de prata. Salve Oxóssi dos pretos velhos dos sorrisos brancos como nata. Salve o senhor das mesas fartas. Salve o senhor das minhas cartas. Salve Oxóssi, o senhor das minhas marcas.

Eu sigo os passos de Oxóssi pelas capoeiras. Eu sigo cavaleiros da lança verde. Eu sigo os guias verdes das cachoeiras. Eu sou das fileiras de Oxóssi, com muito gosto e axé. Sou a flecha e o arco na mesma madeira, sou Oxóssi de quinta a quinta feira. Sou do reino verde, do reino das aves, das naves, dos rios, dos pios, dos cantos, dos encantos, dos frutos, dos muitos, das chuvas, das curvas, dos fortes, de Oxóssi......
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07/12/2012 - Culto à mulher amada

A mulher amada não nasce de ordens. Tem um começo espontâneo e não tem fim, muito menos um objetivo concreto em sua missão. Também não há regra alguma relacionada ao local de seu nascimento, pode ser num quarto, numa festa, numa lua, numa solidão, num coquetel, num tabuleiro, num bar... Deu para entender? Não se preocupe, pois a mulher amada está acima de qualquer entendimento. A existência dessa mulher é um jogo, onde ela ganha e você perde. Perde noites de sono, perde apetite, perde rumos, perde prumos, perde pudores... Isso sem contar que existem infinitas variações de mulher amada em uma mesma mulher amada. Porém, tudo com total propriedade, pois cada mulher amada tem uma fórmula tão própria quão secreta. ...
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