Daniel Campos

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13/12/2012 - Hino ao desespero

O que eu faço? Para onde eu vou? Só há esculacho por toda parte? Basta de guerra eu quero arte. Basta de terra eu quero marte. Chega de tanta selvageria, competição, hipocrisia... Não sou feito de aço nem de concreto, sou poesia. E como todo poema eu machuco. Por que o mundo está tão maluco? Cadê a fantasia no dia a dia? Se você chama truco eu grito seis. Sou freguês de um faz de conta que já não existe. Por que tudo tem que ser sempre e para sempre tão triste?

Estou perdido. Estou acuado. Estou vencido. Estou jurado. Estou foragido. Estou enfadado. Estou aborrecido. Estou entalado. Por que as ilusões não vingam? Por que os corações empedram? Por que as canções se calam? Por que as estações não mudam? Por que as assombrações imperam? Será que a gente merece terminar sem começar? Será que quem faz o mal se dá bem? Será que deus está de desdém? Será que tudo tem que agourar, tem que falhar, tem que tombar?

Eu vou pro inferno, eu me dano, eu me lasco, eu me parto, eu me engano, eu me ferro... Eu me desterro dos meus sonhos, dos meus projetos, dos meus desejos em nome do ato de sobreviver. Chega de frustrações, de meias verdades, de golpes de realidade, de grilhões, de falsas cidades, de canhões disparando sem parar contra os nossos tetos. Chega de estar perto quando longe e longe se perto. Chega de cavalgar solitário em busca de expectativas que só se quebram. Chega dos desertos que me medram.

Eu quero nascer de novo. Eu quero abortar esse engodo. Eu quero me jogar do décimo andar. Eu quero cair de paixão. Eu quero me revirar em busca do que vale à pena. Eu quero me fazer inteiro. Eu quero uma overdose de poema. Eu quero ser viveiro de pássaros. Eu quero dizer adeus a esse deus que finge não me escutar. Eu quero me reinventar a partir do verbo amar. Eu quero estourar essa bolha de incertezas. Eu quero um demônio que me acolha. Eu quero me acabar nas profundezas das belezas...


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