Daniel Campos

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08/12/2012 - Vivo Oxóssi

Eu sigo os passos de Oxóssi pelas matas. Eu vivo o verde. Eu me dou, eu sou, eu tenho sedo do verde, do verde de Oxóssi. Vou pelas suas flechas que são como fragatas riscando o horizonte. Salve Oxóssi e suas princesas das cascatas. Salve seus caboclos que pintam de verde a lua de prata. Salve Oxóssi dos pretos velhos dos sorrisos brancos como nata. Salve o senhor das mesas fartas. Salve o senhor das minhas cartas. Salve Oxóssi, o senhor das minhas marcas.

Eu sigo os passos de Oxóssi pelas capoeiras. Eu sigo cavaleiros da lança verde. Eu sigo os guias verdes das cachoeiras. Eu sou das fileiras de Oxóssi, com muito gosto e axé. Sou a flecha e o arco na mesma madeira, sou Oxóssi de quinta a quinta feira. Sou do reino verde, do reino das aves, das naves, dos rios, dos pios, dos cantos, dos encantos, dos frutos, dos muitos, das chuvas, das curvas, dos fortes, de Oxóssi...

Cubro-me com as contas azul-céu das rodas de candomblé. Cubro-me com as contas verdes das giras de Umbanda. Sou a mistura dos povos do Brasil com Aruanda. Sou Oxóssi, árvores e animais, lendas e forças, mistérios e magias que movem os matagais. Sou a mistura de energias e massas, a mistura de caças e cabaças. Sou Oxóssi em suas memórias ancestrais. Sou Oxóssi, caçador-verde e verde-sonhador. Sou Oxóssi, da flecha de asas de garça, do verde que não passa.


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