Daniel Campos

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Encontrados 261 textos. Exibindo página 17 de 27.

01/12/2008 - Serpenteia

A serpente não tem asas, mas voa pelo chão. A serpente serpenteia engolindo ratos, gentes, mundos e fundos... A serpente serpenteia serpenteando pelo estradão. E seu corpo é sua estrada. E seu corpo é sua perdição. E seu corpo é sua faca amolada. A serpente não tem dono ou razão de ser, apenas um destino: destilar o veneno coração com seu guizo sincopado, com seu gingado de olhar envenenado. A serpente caiu dos céus feito cavalo que não aceita cela, mas nem o diabo pode com ela.

A serpente é o ciúme. A serpente é o cume do amor. A serpente é o perfume do sonhador. A serpente é a cria da árvore do conhecimento, é o bem e o mal num mesmo rastro. A serpente traz a maçã entre os dentes. A serpente é o amanhã dos penitentes. A serpente é o que há de doente em mim, em ti, em nós. A serpente é o fim da inocência e a eterna queda. A serpente é a punição, a tentação, a esculhambação da humanidade, que se arrasta com saudade de um paraíso perdido, esquecido, mal-vivido. ...
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21/01/2011 - Sertaneja

Antes de se por, o sol entra pela rocha dos seus olhos, que vão mudando de cor, e tudo vai virando sertão. O coração de arenito bate forte e se esfarela ao vento em grãos de paixão. A maré de sentimentos enche, transborda, seu corpo mareia, oceana e sua boca vira refúgio, ilha de garças e beijos esgarçados.

Ao se por, o sol vermelho amarelo laranja vai morrendo em sua pele morena que arde em cheiro e sabor como pimenta sertaneja. E a beleza segue como cacto, resistente com espinhos se transformando em flor. O romance se pendura no varal dos seus cabelos, vira cordel e repete e se reinventa como cordel. ...
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Sete dias de espera

Muito obrigado, dona Adélia, por ter me esperado. É claro que a UTI não é o melhor local para se receber uma visita, mas sei que foi o melhor que a senhora pode me oferecer naquele momento. Sou grato por ter me ofertado seus últimos instantes, seus últimos sorrisos, suas últimas lágrimas. A senhora só esperou uma palavra, um aperto de mão, um beijo meu para seguir seu caminho. Missão cumprida, não é dona`délia?

A senhora me esperou mais uma vez, assim como me esperava para as polentas com frango as quintas-feiras à noite, às missas nas alvoradas de domingo, às feiras aos sábado, às limpezas de casa as quintas-feiras. Ah... vivi-a diariamente. Por quantas às vezes a senhora me esperou de marmita pronta para eu ir ao sítio, para lhe trazer o dinheiro da aposentadoria, para replantar seu jardim de margaridas, para pintar seu cabelo, para me dar a hóstia consagrada, para fazer aquelas taxadas de doce de banana ou sabão de barra ou para, simplesmente, jogar conversa fora? E eu nunca lhe deixei na mão, não foi? Desta vez não seria diferente. ...
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28/10/2015 - Sete em um

Eu tenho sete vidas, mas um só espírito. Eu tenho sete chegadas, mas uma só partida. Eu tenho sete linhas, mas uma só verdade. Eu tenho sete céus, mas uma só lua. Eu tenho sete ondas, mas um só mar. Eu tenho sete quedas, mas um só chão. Eu tenho sete pecados capitais, mas um só perdão interior. Eu tenho sete virtudes divinas, mas uma só humanidade. Eu tenho sete notas, mas uma só melodia. Eu tenho sete cores, mas um só arco-íris. Eu tenho sete chackras, mas um só corpo. Eu tenho sete dias, mas uma só semana. Eu tenho sete anões, mas uma só branca de neve. Eu tenho sete possibilidades, mas só uma escolha. Eu tenho sete raios, mas só uma tempestade. Eu tenho sete paixões, mas só um amor. Eu tenho sete casas, mas só uma morada. Eu tenho sete reinos, mas um só povo. Eu tenho sete curvas, mas só uma estrada. Eu tenho sete flechas, mas só um arco.


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22/11/2013 - Sete fábulas

Uma especial e seis comuns sentimentando por meio de filosofias e teorias amoríticas. Uma fada e seis bruxinhas enfeitiçando o mundo e (des)conjurando homens dos mais diversos reinos. Uma lua e seis estrelas orbitando em torno de um mesmo tema: a felicidade, em caráter de urgência urgentíssima. Uma arqueira e seis flechas sendo disparadas aos olhos cheios, minguantes, crescentes ou novos por ali ou em lugares remotos.

Uma bela e seis risonhas falando e revelando e apontando seus sonhos, seus projetos, suas expectativas. Uma poesia e seis não escritas tentando encontrar o caminho da fantasia ilimitada. Uma anja e seis criaturas baixas espalhando milagres e pecados pela noite escura. Uma brisa e seis tempestades se movimentando espontaneamente. Uma princesa e seis plebleias bebendo suas mais preciosas experiências já ou ainda não vividas....
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27/07/2012 - Sete Princesas

Sete espíritos. Sete mulheres. Sete princesas. Sete princesas de Mãe Yara, reunidas na Cachoeira do Jaguar. Sete espíritos que participaram das encarnações dos Jaguares. Sete meninas que viveram em Pompéia, cidade romana dos vícios. Sete moças que morreram na erupção do Vesúvio. Sete espíritos que se entregaram à revolta. Sete espíritos encarnando várias vezes na estrada da evolução. Sete espíritos que demoraram a deixar as marcas da vida leviana em Pompéia. Sete espíritos incluídos no plano redentor da escravidão. Seis nasceram como filhas de escravos e uma como filha de colonizador português. ...
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Sete saudades

Noite. Não me pergunte por onde andava a lua. Havia quem dissesse que ela se despregara do céu. Havia quem dissesse que se atirara ao mar. Havia quem dissesse que chorava num quarto, inteiramente, escuro. Eu preferia não dizer nada.

A noite nos lustres. Quantos os sonhos daquelas estrelas artificiais. Os anjos, os santos, os deuses. As vozes tristes de um coral que sorria. A voz lenta e grave que enchia o ambiente. Um homem vestido de branco. Os enfeites, as flores. Talvez fossem sete flores, cada qual na sua cor, no seu perfume, no seu texto. Sete vozes, cada qual no seu ritmo, no seu tom, no seu corpo. Sete lustres, sete mil lâmpadas, sete milhões de sonhos. Sete vinhos, sete uvas, sete sabores. Sete mãos, sete colheitas. Sete pães, sete trigos, sete ceifas. ...
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07/09/2011 - Sete setembros

Eram sete pedros, sete gritos, sete cavalos, sete ipirangas. Era sete dúvidas, sete desejos, sete mentiras, sete libras esterlinas. Eram sete coroas, sete chacotas, sete personagens, sete botas. Eram sete verdes, sete amarelos, sete riachos. Eram sete príncipes, sete espadas, sete ilusões. Eram sete independências, sete mortes.

Eram sete contestadores, sete guerras, sete iluministas. Eram sete napoleões, sete destinos, sete fugas. Eram sete colônias, sete políticas, sete acordos, sete pecados. Eram sete famílias, sete amores, sete traições. Eram sete contradições, sete escravocratas, sete sonhadores. Eram sete prosas, sete territórios, sete purgatórios. ...
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16/04/2015 - Sete vezes sete

Naveguei por sete séculos, sete mares, sete espaços até chegar aos meus sete vezes sete amores. Foram sete ilusões, sete traições, sete perdões. Sete vezes o meu corpo no seu corpo. Sete milhões de beijos, sete milhares de abraços, sete infinitos olhares trocados, confiados, guardados, jurados para sempre. Sete universos contidos em sete zilhões de poemas vem verso e em prosa. Sete espelhos com sete mil reflexos. Sete luas, três além das conhecidas nova, cheia, minguante e crescente. Sete raios, sete linhas, sete cruzas em sete estradas consecutivas. Sete corações com sete, setenta, setecentos mil, milhares, milhões de sonhos, projetos, esperanças... Sete vidas num retrato sete por sete. Sete passos entre os sete de ontem, os sete de agora, e os sete que virão. Sete filhos de sete tempos. Sete nuvens riscando os sete céus. Sete sementes vindas de sete frutos advindos de sete flores bem-vindas de sete pássaros. Sete pares de asas ou de pernas ou de nadadeiras dançando ao som de sete músicas. Sete promessas, sete confissões, sete novelas nas sete cores de uma aquarela. Sete janelas dando para sete horizontes, montes, frontes... Sete cabalas, sete rezas, sete mantras, sete pontos de força, sete luzes no sétimo da fé. Sete caminhos, sete destinos, sete rios. Sete passagens, sete viagens, sete paisagens. Uma aposta de sete para sete. Sete galáxias de palavras, sentimentos, ações e pensamentos. Sete pés a sete mil pés em sete pés de vento. Sete operações, sete mil transações, sete milhões de relações. Sete profecias, sete mil fantasias, sete milhões de poesias. Sete colinas de Roma, sete torres de Constantinopla, sete sacramentos. Sete algarismos romanos, sete tiranos, sete elevado a sete planos. Sete cores, sete notas, sete virtudes. Sete pecados mortais para sete mil pecados casuais para sete milhões de passados culpados deixados pra trás. Sete portas para o inferno, sete pedras para afugentar o demônio, sete quedas de Cristo. Sete primaveras para um novo tempo. Sete Cleópatras para chamar de rainha, sete jóias de Chakravarti, sete mistérios rondando a coroa. Sete vezes sete dias de meditação de Buda debaixo de uma árvore de sete sombras e sete luzes. Sete sábios nascidos do olho direito de Amon Rá, sete cegos de paixão nascidos a cada sete milionésimos de segundo no mundo. Sete glórias e sete espadas atravessadas no peito da Virgem. Sete tubos na flauta de Pã, sete cordas na lira de Apolo, sete véus na cabeça de Íris. Sete meninas e sete meninos sacrificados para satisfazer a fome do Minotauro. Sete segredos, sete revelações, sete dúvidas na cabeça dos sete. Sete fôlegos, sete eclipses, sete gozos para chegar ao sétimo céu. Sete charadas da esfinge para abrir o que foi trancado a sete chaves. Sete labirintos habitam o bicho de sete cabeças. Sete dias, sete elegias, sete romarias. Sete braços para fazer sete mil abraços, sete milhares de milhões de adeuses, um só candelabro. Sete trombetas, sete milagres, sete ventres, sete partos. Sete, o triângulo e quadrado no mesmo ângulo. Sete tribos de sete constelações de sete almas de sete sopros de sete inspirações. Sete vezes sete romances para além do alcance do sétimo filho da solidão com a saudade, partida sete vezes como espelho de sete anos de azar. Sete vidas felinas, sete cruzes maltinas, sete esquinas de sete quinas. Sete pontas, sete contas, sete montas. Sete retas, sete curvas, sete setas, sete viúvas no estradão dos sete. Sete milhões de sete milhares de amores professados, lançados, depositados nos sete leitos do nascido do sete sétimo.


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29/09/2013 - Seu Antônio Catireiro

Seu Antônio Catireiro chega batendo as mãos e os pés. E é nessa batida que ele se comunica, conversa e versa. Seu Antônio Catireiro conta causos de fé, de bicho e de mulher. Sapateando pra lá e pra cá, com seu cateretê seu Antônio só falta fazer chover.

Seu Antônio Catireiro já foi carreiro, roceiro, relojoeiro e taxista, mas foi na batida da catira que ele virou artista de janeiro a janeiro. É nessa batida que ele chega pra mor de cuidar, de encantar, de festejar... Sinônimo de alegria, seu Antônio Catireiro vem na cantoria. ...
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