02/06/2010 - Para além dos limites
Cheguei ao limite. Aliás, acho que já ultrapassei o limite em alguns passos. Tudo agora parece mais complexo. Ah! Como seria mais fácil caminhar com os pés no chão. Mas eu quis viver com a cabeça nas nuvens. Meu pai queria que eu fosse doutor advogado servidor de carreira. Porém, eu escolhi sonhar. Ou melhor, os sonhos me escolheram como poeta. E não troco os meus romances por nada. Prefiro os meus personagens a muitas pessoas de carne e osso. Aliás, sempre preferi ficção à realidade.
Por isso dou duro para transformar o dia-a-dia em ilusão. Não é fácil viver um conto, uma crônica, um poema por dia. Mas eu tento e invento um caminho paralelo, um violoncelo no meio da rua, um olhar que flutua em outro olhar, um astronauta apaixonado por um escafandrista trocando beijos entre o mar e o luar. Viver transformando pedra em coração é uma tarefa desgastante, angustiante, apaixonante. Por isso, cheguei ao limite. De agora em diante não sei o que mais pode acontecer.
Sou autor e personagem da minha própria história. Assim, o meu mundo, embora aqui, é outro. A lógica se inverteu e o sentimento conquistou de vez a razão. O amor se despiu de todo medo, de toda burocracia de leis e normas, de toda ditadura temporal. Tendendo ao infinito, o meu amor, doce veneno, faz-se pleno. Amo e de tanto amar cheguei ao limite. Cada passo meu se dá agora em direção ao desconhecido. Para não correr o risco de voltar à rotina, ao óbvio, ao banho-maria, queimei pontes e fechei portas.
Mais do que nunca enfrento o limite tocando em frente esse jeito estranho e louco de amar sobretudo e sobretodos.
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