28/02/2010 - Pensamentos de domingo
Estou longe, perdido em uma das sucessivas linhas do horizonte que vão caindo detrás da terra. Estou sozinho embora sinta que existe sempre alguém comigo. Uma espécie de anjo da guarda que, com escudos e espadas, acompanha-me de forma velada. Embora eu não o consiga ver, tampouco escute a sua voz de forma clara, sei que me sonda. Há incontáveis árvores já crescidas cortando o vento que, por sua vez, gostaria de varrer tudo ali para terras ainda mais distantes.
Estou montado em uma espécie de cavalo. Mas não é um desses cavalos comuns que aparecem nos filmes da sessão da tarde. Estou em cima de um cavalo de aço, que solta fumaça de óleo diesel pelas ventas. E como galopa de forma indomável aquele bicho. Pula, levanta poeira, berra alto por aquelas ruas de terra. Ainda bem que me ensinaram a não cair daquele lombo de ferro. Em poucos minutos já sou capaz de fazer rodopios com aquele cavalo arisco, na verdade, passos de um balé tão rústico quão frágil em sua existência.
Trechos de sol vão se intercalando com mesclas da sombra escura das árvores escuras. É um verde intenso, um verde caboclo o tom que colore aquele arvoredo. Chega a dar medo, mas logo aquele anjo que decidiu fazer dali sua morada me diz, do seu jeito, que está tudo bem, que eu posso seguir adiante. Na verdade, o que ele sempre quis foi que eu seguisse adiante levando tudo aquilo comigo. Respiro fundo, calo o choro e esporo aquele cavalo vermelho que vai se misturando à terra vermelha e ao verde fumegante daquelas árvores que são os olhos daquele anjo.
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