Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 62 textos de outubro de 2015. Exibindo página 4 de 7.

16/10/2015 - Pra gente ser feliz

Pra gente ser feliz é preciso tão pouco que a gente nem acredita e por isso continua no sufoco. Felicidade não é troco, troca é. Felicidade não tem caroço nem se guarda no bolso e está entre o que eu digo e o que eu ouço. O feliz pende pro lado da simplicidade, da honestidade, da ingenuidade. A criança que ainda não conhece e o velho que já se esqueceu das regras do jogo têm mais chance de ser feliz sem engodo. Pra gente ser feliz basta se jogar no escuro, deixar pra lá o inseguro, pular o muro e não se importar se o destino tem furo. Ser feliz é pedir bis sem se importar se isso está dito ou escrito, se é piegas ou bonito. Ser feliz é se esquecer das armaduras, legiões e brasões, estradas e cruzadas, e se deitar sobre flor, flores-de-lis, e rolar, e beijar, e amar mais até do que o sonho nos quis. Pra gente ser feliz é preciso querer e fazer o que sempre quis o coração. Que tal a gente se esquecer do chão, da lei da gravidade, da lei da saudade, da lei da idade e se perder na gente mesmo sem chegada e sem partida, sem coisa proibida. Pra gente ser feliz é preciso deixar clarear a noite e escurecer o dia, pois é no encontro que se dá a poesia da felicidade. E a felicidade o que é senão nossa cidade interior a piscar igual vagalume, pirilume, cardume de luz num clarão, num ardume, numa encantação tão breve quão leve. E quem é que não se atreve à felicidade? Todo mundo pode, todo mundo deve ser feliz porque assim em seus mandamentos de sentimentos deus nos quis. Eu quero te fazer feliz para me fazer feliz pra gente ser feliz.


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16/10/2015 - Cupido de Tupã

Eu não sou cacique
Sou só mais um índio
Nessa tribo grená
Cacique é
Quem anda comigo
E eu não ando a pé
Nasci com asa
Nasci índio sabiá

Eu me pinto pro amor
Com urucum,
Carvão, romã e flor
Levo o meu coração
Na minha flecha
E me arco à paixão
Sou cupido
Cupido de Tupã

Eu bebo da mata
Falo a língua do rio
E fé não me falta
Sou aprendiz de pajé
Quebro qual cascata...
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15/10/2015 - Agulhada certeira

Foi como se o samba de Beth Carvalho, Martinho da Vila, Clara Nunes, Nelson Cavaquinho, Alcione, Zeca Pagodinho, Clementina e Arlindo Cruz me levasse para as festas de final de ano na casa dos meus pais. Meu pai era quem mandava no aparelho de som escolhendo sempre uma trilha sonora capaz de animar com poesia. Não podia faltar a árvore de natal, o presépio, a leitoa e um bom samba. Esse batuque de hoje me levou de volta ao passado e em direção ao futuro, pois as festas se aproximam. Entre o ontem e o amanhã, a falta. Muitos dos que dançavam, comiam e se alegravam naquele terreiro do samba já não estão mais entre nós neste plano físico. Como os aparelhos de som do meu pai, os mais velhos foram dando lugar aos mais novos. E bate uma saudade da vitrola. Que o diga meu pai que está sempre às voltas com os vinis. As agulhas da máquina de costura de minha mãe, as agulhas das vitrolas de meu pai. As agulhas que tiram som dos tecidos e dos sulcos dos LPs. Agulhas mágicas aos olhos da criança que fui; Criança que sou. Como o samba de raiz, se agulhas cavassem um pouco do nosso coração vamos achar as raízes daqueles que amamos. A árvore pode estar longe, mas as raízes nos alcançam, nos tocam, nos envolvem. A árvore pode não estar mais lá, mas as raízes continuam vivas. E como numa agulhada certeira foi como se o samba de Paulinho da Viola, João Nogueira, Jorge Aragão, Chico Buarque, Jovelina, Simone e Cartola cutucasse meu coração e expusesse essas raízes de um tempo cheio de matizes. Sentimento em carne viva. Pelas raízes do meu samba, seiva corrente de amor e saudade. Chora cuíca, balança pandeiro, arrepia cavaquinho...


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15/10/2015 - Tem na marmita

O que é que tem na marmita, moça?

Moço, ouça não tem carne nem osso
Tem guiné, manga espada e uma fita
Guiné pra te proteger de todo mal
Manga manteiga pra se lambuzar
E uma fita rosa pra se lembrar de mim

O que é que tem na marmita, moça?

Moço, não tem peito, coxa ou dorso
Tem viola, torresmo e um relógio
Viola para pontear o que não volta
Torresmo à moda pra te dar estalos
E um relógio pra ter a hora de voltar ...
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14/10/2015 - Sereno da vida

A noite vai serenando sobre tudo, como que com suas gotículas querendo tocar o mundo. A noite se aproxima de todas as coisas e criaturas por meio dessas porções que caem da escuridão. Suores de cometas? Extratos de estrelas? Perfumes de anjos? Do que serão essas gotas? Uma tempestade cósmica que se repete a cada noite. Gotículas que aliviam e dão calma às loucuras. Gotículas que nos levam à cama. Gotículas que alimentam as almas das criaturas. Sereno, pequeno. Sereno, ameno. Sereno, veneno à estiagem de sonhos e ideias. Gotas ora são abelhas de uma grande colmeia ora são lobos de uma imensa alcateia. Sereno, poeira líquida do universo. Minha prosa, meu verso. O infinito do adverso.


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14/10/2015 - Libertando-se

Louco pra chegar e andar descalço
Ao passo, desfazer o laço da gravata
Deixar de lado essa rotina mais chata
Fazer do chuveiro minha cachoeira
Cantar à lua, falar com as plantas
Acender estrelas e beber o vento
Louco para ter uma vida inteira
Para por mais amor na fogueira
Da paixão e com todo sentimento
Achar-me entre a demônia e a santa


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13/10/2015 - Fala coração

Coloca seu peito junto ao meu
Deixa o coração falar baixinho
Do que sonhou, do que amou
Do que sofreu e se arrependeu
Deixa o coração falar mansinho
Tudo o que precisa desabafar
Não vá segurar a emoção não
Deixa sangrar, bater, palpitar
Tudo, tudo o que precisa por
Pra fora seja amor seja dor
Seja mágoa, tristeza, rancor
Deixa seu coração sussurrar
Gritar, soluçar, espernear
Junto ao meu coração
Pois duas metades ...
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13/10/2015 - Tristeza a um

Triste é não viver a dois o que não dá para ser vivido a um. É ser sozinho aos olhos de todos, mas estar intimamente ligado em todos os momentos a outro alguém. E esse alguém passa sabe se lá onde sozinho ou com outro alguém. É ligar para você mesmo para contar as novidades. É se olhar no espelho e ver a imagem da pessoa que você ama se misturando as linhas do seu rosto. É colocar dois pratos à mesa, conversar com o vazio, fazer os gostos de quem não está ao seu lado e deitar só num lado da cama de casal, respeitando o espaço ocupado pelo corpo amado e desejado que não está mais ali. Triste é dar boa noite à paixão e acabar beijando a solidão.


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12/10/2015 - Dança de almas

Vamos dançar, mas não com os corpos. Com as almas. E para isso deixa o corpo quieto. Relaxe. Sente, deite, aquiete-se. Deixe sua alma à vontade. E permita que ela saia ao encontro de outras almas. Almas que bailam, valsam, boleram, sambam, riscam o céu com suas luzes ao ritmo de amores que estão além da vida, transitando entre tempos e planos. Dance e trance seus carmas. Arma-se de leveza, de delicadeza, de nobreza de sentimentos e rodopia aos sete ventos. Não se preocupe em encontrar ninguém, os destinos se encontram por si só. Metades sempre se procuram. E quando se dá o encontro das estrelas, elas dançam. Afinal, um céu estrelado nunca é igual ao outro.


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12/10/2015 - Ao passo de Yucatã

A corte de Yucatã
Coloca-se a postos
Com indumentárias
Para todos os gostos
E sai entre a manhã
E a noite à conjunção
Do sol e da lua
Forças do ministro
Do astral superior
E com a irradiação
Lá se vai toda dor
Todo cansaço
E vem um abraço
Interior
O ontem e o amanhã
No mesmo laço
Num só passo
Povo de Yucatã


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