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Encontrados 62 textos de outubro de 2015. Exibindo página 5 de 7.
11/10/2015 -
Criançará
Criança não vai lá. Criança não pode isso. Criança vem cá. Criança deixa disso. Criança tá na hora de dormir. Criança borá banhar. Criança, nada de cair. Criança, nada de fugir. Criança deixa de manhã. Criança quer brincar. Criança quer malinar. Criança quer seu lugar. Criança, nada de se perder. Criança nunca para de querer. Criança quer correr. Criança atazana. Criança faz manha. Criança quer braços. Criança dá laços. Criança faz o que não faço. Criança para não. Criança é imaginação. Criança ciranda. Criança danda, danda, dana. Criança de lá, de cá, acolá. Criança criançará. ...
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11/10/2015 -
Paz na guerra
Um dia saio do mundo
Noutro eu caio na vida
Giro em torno do eixo
Vou fundo na ferida
Encaro tudo de frente
E de ventre a ventre
Eu me deixo
Deixo-me em beijos
Arrepios e rios
De desejos e mais
Beijos e paz
Eu me deixo em paz
No meio da sua guerra
Nascendo na sua terra
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10/10/2015 -
Clareando
E quando tudo foi perdido
Eu me achei
E quando tudo foi embora
Eu voltei
E quando tudo acabou
Eu comecei
E quando tudo fechou
Eu clareei
Clareei porque sou de clarear
A claridade é o destino
De quem vive de se iluminar
Da lua, do sol, dos olhos
De quem se ama
Quem clareia não se perde
Pela luz sempre se volta
Ou se acha ou se nota
O que se quer
Ser ou viver
...
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10/10/2015 -
Silo
Longe de casa há tanto tempo e ainda me lembro dos perfumes, dos sabores, das texturas características daquele lugar onde nasci, cresci e vivi momentos que continuam nítidos pelos labirintos do meu eu. O cheiro dos doces da minha mãe e dos livros, revistas, gibis e vinis do meu pai se misturando no ar. A variedade de tecidos da minha mãe e de rádios, radiolas e vitrolas de meu pai se cansado pelo ambiente numa dança de cores e vibrações. Meu irmão, quando não submerso em seu mundo de tecnologias, estava comigo numa mão de baralho ou transformando a mesa da cozinha de minha mãe em uma partida de pingue-pongue. Minha mãe, cozinheira e costureira de mão cheia, caminhando pela casa como se fosse a rainha daquele lugar encantado onde escrevi romances e vivi às voltas com prosas e poesias. Meu pai dando comida escondida para Kika, brincando com Samuca e Amora. Minha mãe implicando com os miados de Franjinha. Os almoços festivos que duravam o dia todo, com jogadas de sinuca, fartura de comida e passos de dança, ainda estão impregnados em mim assim como os dias intimistas onde apenas Chico Buarque, Vinícius de Moraes ou Tom Jobim cortavam o silêncio do meu quarto que um dia foi ateliê de costura de minha mãe. Depois das tesouras, moldes e fitas métricas de minha mãe, o quarto teve mesa de desenhista e violão, mas acabou mesmo em se tornando um ambiente de escritor, com computador, livros, discos e muitos cadernos que iam ganhando linhas e versos. Recordo com saudade dos dias chuvosos em que minha escrita fluía com boa música, herdada de meu pai, chás e bolos feitos por minha mãe. E de repente, a casa se enchia dos meus avós. E tudo se enchia de encantaria. Meu pai chegando da rua com jornais, revistas e filmes trazidos da locadora se tornou cena comum, assim como ele fazendo suas preces num altar improvisado, com Nossa Senhora Aparecida, no armário da sala de jantar. Cenas do dia a dia que pouco a pouco foram se depositando em mim como num grande silo que me alimenta até hoje.
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09/10/2015 -
Casa aberta
A minha casa está sempre de portas abertas. A minha asa sempre leva mais um meus voos. Como sempre quis que se doassem a mim eu me doo. O meu coração em chamas é a minha oferta. Vai me chama. Cai me ama. Trai me acama. Sai da lama. Amai ó dama. Eu continuo o mesmo apaixonado. Eu contínuo futuro do passado. Eu e a ao meu lado a saudade do que não foi. A lua me dá oi, olá, adeus. E eu procuro deus pelos meus labirintos. Eu sou o que sinto. E sinto muito pelo que não houve entre nós. Que as marcas dos lençóis fossem as marcas dos corações. O meu tempo está em seus grilhões. Quem sabe numa nova vida, pois essa já deu em despedida. Ave ferida. Nave partida. Base perdida. Se eu ainda acredito nas estrelas? Posso vê-las, mas não posso tê-las pra mim brincando, iluminando meu jardim. Toca clarinete. Sobre a minha mesa o banquete do fim. É tanto sentimento. Quem vai querer? Quem vai comer? Quem vai poder? Que seja bem-vinda a sua realeza o tempo. O tempo... ...
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09/10/2015 -
Eu, nós. Você, só.
Então me fala amar
De dentro do seu coração
Quantos sonhos
Escorreram das suas mãos
Sem poder salvá-los
Quantos desejos morreram
Sem você saciá-los
Quantos tempos feneceram
Numa profunda solidão
Sem você sequer
Amá-los
Como mulher que é
Então me fala amor
Que templo é esse
Que você ergueu
Num intenso breu
Longe de tudo
Que em ti cresceu
Do seu mundo
Já se perdeu ...
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08/10/2015 -
Adiantos
Amarra o seu sonho no meu sonho. Juntas as suas coisas as minhas. Faça-me rei no seu ventre de rainha. Toma meu corpo como se fosse seu cálice. Sorria na minha boca e nos meus braços se faça louca. Monta no seu cavalo azul e me encontre para um duo. Dedilha minhas cordas vocais tirando saudade da minha garganta. Entorta o meu destino para o seu lado. Leva minhas cruzes para o seu terreno mais amaldiçoado. Conceda-me seus encantos deixando-me subir pelos seus mantos. Atrasa as minhas horas para os seus adiantos. Suba em meus ombros tentando nos ver, juntos ou não, no horizonte. Beija a minha fronte e cruza os meus montes. Eleva suas fantasias até onde lampeja e troveja o sentimento, e me chama de poesia. ...
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08/10/2015 -
Chove em mim
Chove
Saio descalço pelo jardim
E pouco a pouco
O que estava esquecido
Brota em mim
Chove
Pego raiz
Verdejo
Canto feliz
Encharco e relampejo
Chove
Minha mina verte
Jarros d’água correm
A poeira derrete
E o coração bate barro
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07/10/2015 -
Alegre-se
Vamos vibrar pelo bem. Vamos rir e, sorrir e gargalhar também. Nada de cair no pessimismo. Se for para chorar que seja de alegria ou de boa saudade. E vamos agradecer por poder viver a felicidade de cada dia. Uma felicidade que está em coisas tão cotidianas e simples que nem nos damos conta. Vamos ser gratos por podermos estar seguindo em frente. Olha quantos já ficaram para trás. Olha quantos já ficaram sem a chance que você ainda tem – de realizar seus sonhos. Olha quantos queria estar no seu lugar. Por maior a dificuldades, observemos a realidade – estamos vivos. Estamos vivos. Estamos vivos. E isso não é pouco. Vivos nós podemos escolher se vamos nos encontrar ou achar motivos para ser feliz ou vamos nos perder. Vivos nós podemos fazer nossos caminhos, ter prazer com as flores e aprender com os espinhos. Vivos nós podemos ser diferentes do que fomos ontem e estarmos cada vez mais perto do que sonhamos para nós um dia. Por isso eu repito, vamos vibrar pelo bem. Nada de desistir. Vivos nós vamos em frente e a realização um dia vem, mas a paixão vem todo dia. Pois é apaixonante viver quando se descobre nas microscópicas ações a alegria.
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07/10/2015 -
Avoada
Onde você está com a cabeça?
O que rouba seus pensamentos?
Ontem você ainda estava aqui
E agora não sei por onde anda
Seu corpo continua por aqui
Mas sua cabeça voou, voou
E até agora não sei onde pousou
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