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Encontrados 63 textos de janeiro de 2015. Exibindo página 4 de 7.
17/01/2015 -
Doce golpe
Encurrale-me
Em suas coxas
Cale-me
Fazendo de mim
O que bem quer
Seu brinquedo
Por entre as colchas
Seu trouxa
Dizendo que não gosta
Apunhala-me
Pelas costas
E não ouça
Mais meu estranho
Coração
Tão intenso quão tacanho
De ingratidão
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16/01/2015 -
Entre o infinito e o impossível
Um dia eu ainda mudo de nome de tantas promessas feitas a mim mesmo. Prometo nunca mais fazer isso ou aquilo e só faço o mesmo do mesmo do mesmo. É difícil cumprir o compromisso que tenho comigo, pois eu tenho pressa de querer demais. E eu quero mais e mais numa busca incessante pelo que quero ser. E assim eu prometo o infinito e me comprometo com o impossível.
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16/01/2015 -
Chão do céu
O pássaro que voa mais alto
É o primeiro
Que cai de assalto
Prisioneiro
Do chão
O medo de perder as asas
Atrasa
Sua liberdade
Acorrenta-o à ilusão
E a saudade do que nunca perdeu
O faz ateu
Do amor próprio
Voa, voa, voa alto e mais alto
Para tentar escapar
Do sobressalto
De viver refém do ópio
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15/01/2015 -
Junto e espanto
Quando sozinho, junto
E ao lado de, espanto
Sou de alta voltagem
Não dou assunto
Dou choque
Pro seu grande espanto
Não, não provoque
Meu pranto
Se quiser ser meu bem
Seja meu acalanto
Sabendo também
Ser um tsunami ameno
Pois meu silêncio é meu canto
E quando me apequeno
É que me agiganto
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15/01/2015 -
De cada um
Seus pés reconhecem as pedras do caminho, sabem dentre tantos pedregulhos quais são seus quais dos seus vizinhos. Portanto, não faça uma jornada que não é sua. Tome para si exatamente o que é de si. O sorriso na cara do outro pode ser lágrima na sua. O destino é peça feita sob exata medida, numa exclusividade tal que não serve para mais de uma pessoa, com exceção das almas gêmeas, mas isso já é outro debate. O importante agora é que se conscientize de que a mesma estrada que pode levar fulano, ciclano ou beltrano ao paraíso pode lhe arrastar para o inferno. Não deseja a vida alheia, pois seus ombros não podem aguentar o peso sob a qual ela foi construída. Havemos de pagar pelas nossas dívidas sem nos ater às pendências e cobranças alheias. Temos de fazer o nosso e só. Não importa se as casas ao redor são maiores ou melhores, precisamos apenas cuidar para que a nossa casa esteja firme, pois o tempo pode parecer o mesmo, mas tem intensidades diferentes para cada um.
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14/01/2015 -
Solto, ou não
Estou de ponta cabeça
E, por favor, não me convença
Do contrário
Posso ser tudo
Poeta vagabundo
Menos otário
Mantenho olhos abertos
E meu teto é meu chão
Veto o que não é do coração
E jogo dentro das linhas
Tão suas quão minhas
Da ilusão
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14/01/2015 -
Ebulição
Minha casa não tem telhado. Minha boca tem sol e lua no mesmo céu. Meus braços não formam laços. Meu chão não tem fundo. Minha saudade está à frente de mim. Tenho medo da minha falta de medo. Meus ouvidos escutam as pedras, as árvores, as nuvens... Meu coração não tem cantos e meus amores são agudos e obtusos ao mesmo instante. Eu sou ave de silêncio, cantante apenas no que escrevo. Não me dobro, mas me cobro intensa e incessantemente por tudo o que sou, o que fui e o que quero ser. Sou ebulição mesmo nas horas em que sereno. Nada do que se passa ao meu redor deixa de me afetar, me influenciar, me tomar de uma forma ou de outra. Sou onda ora a caminho do continente ora em direção ao mar aberto.
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13/01/2015 -
Sem sapatos
Tão logo chegou tirou os sapatos e pisou naquele chão frio e translúcido da nascente que ficava nas terras do seu Adelor, um velho fazendeiro que cansado de contar riqueza pendurou uma rede na varanda para de lá nunca mais sair. Bem longe da casa grande e sem pensar no senhor daquelas terras livrou os pés que viviam trancados naqueles materiais sintéticos. Sim, seus pés viviam numa espécie de natureza morta. As unhas, bem feitas, reluziam por aquela água limpinha. E ela caminhava sem culpa por aquele solo que mais parecia nuvem. Sentiu-se livre. E sem emitir som algum, conversou com Deus. Um contato íntimo com a terra, com o mundo, com o universo. Ela, que na maioria dos dias era fogo, viu-se água. E seus pés ficaram doces, seu corpo ficou doce, e até o choro que verteu de uma emoção ainda não diagnosticada caiu doce naquelas águas que tinham uma espécie de mel. Essa espécie de abelha ficava intocada no chão e produzia esse néctar que borbulhava numa água recém-nascida. O velho Adelor não dava importância para aquelas borbulhas, tampouco para o gosto daquela água, pois só tomava conhaque e cachaça de alambique. Já aquela mulher de ossos finos tomava todo o cuidado necessário para não estragar nada. Pisava com zelo. E até para beber aquela água pedia licença ao lugar. Era de uma elegância de cristal. No início, destoava muito, mas pouco a pouco foi se tornando parte da paisagem a ponto de uma garça mais atrevida paquerá-la. Pena que tinha de voltar para os sapatos, para um caso de cara mais ruim que seu Adelor e para a vida salgada de sempre.
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13/01/2015 -
Meu nome é tempo
Eu não sei o meu nome
Mas pode me chamar
De tempo
Pois eu tenho fome
De passar
Tempo é como vento
Dá em qualquer lugar
Sem avisar
Chega sem ser chamado
E o que toca vira passado
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12/01/2015 -
Esperando por mim
Tem alguém esperando por mim num janela, numa esquina, numa dobra de mundo, num cais, numa cama, numa vala, numa nuvem, numa mina, numa rama, numa sobra de rua, num jequitibá, numa maré-cheia, num alento, num tempo, num sofá, num banco de areia, na beira de um fogão, num bosque, numa sorveteria, nas páginas de um livro, num morro, num estradão, num telhado, numa fantasia, num passado, numa tarde vazia, num crivo, num riachão, numa sacada, numa escada, num altar, num lugar qualquer, numa noite mulher, num porta-retrato... pra um amor de direito e de fato. ...
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