Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 60 textos de setembro de 2014. Exibindo página 3 de 6.

20/09/2014 - Não sou você

Eu não falo a sua língua. Eu não me meto no seu prato. Eu não sou seu gato, tampouco seu sapato. Eu não adentro sua restinga. Eu não tomo da sua pinga. Eu não sou do tipo que se vinga. Eu não quero saber do seu jogo. Eu não quero colher o seu rogo. Eu não vou além disso. Eu não sou sua lata de lixo. Eu não me deito na sua cama. Eu não me ajeito na sua trama.


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20/09/2014 - Reverso

Hoje eu quebro a cara
E você mantém a coroa
Amanhã
Pode ser que o tempo vire

Deus a livre... ou não!


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19/09/2014 - As tatuagens de agora

Como você foi se transformar nisso? Foi um declínio vertiginoso. Tudo se perdeu em tão pouco tempo. Mudou de papel, da princesa à bruxa má ainda no meio da história. Fiquei sem entender e passei a conjugar o verbo sofrer em todos os tempos quando depois que você havia me ensinado a escrever felicidade em caixa alta. O que houve? Como pode ter se transformado nessa criatura pouca? Se você fosse isso o que é hoje jamais teria me apaixonado. Teria lhe ignorado, pois é o que essa pessoa que se tornou merece. ...
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19/09/2014 - Seu logro

Há quem queira viver tudo em dobro
E há quem prefira viver pela metade
E com medo de apostar na felicidade
Exibe uma vida pouca como seu logro


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18/09/2014 - Você gosta, eu amo

Olha sem vergonha
Pro nosso passado
Mais-que-recente
Olha o que eu fiz
Do seu aniversário
E o que fizeste do meu

Você gosta, eu amo
Simples assim

Faz ideia do quanto esperei?
Do quanto imaginei?
Do quanto sonhei?
Sabe como me deixou
Indo para tantos aniversários
E ignorando o meu?

Você gosta, eu amo
Simples assim

Eu me dei a você
Em seu aniversário...
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18/09/2014 - Mãos sujas

Já parou para pensar como vai conseguir viver com isso? Você matou uma pessoa que tinha tantos sonhos. Matou da pior maneira, como não se mata nem o pior dos bandidos. Matou dando esperança. Graças a você essa pessoa nunca mais vai conseguir ser feliz. E isso não é pouco. Será que algum dia vai conseguir dormir tranquilamente tendo cometido tal monstruosidade? Uma pergunta que sabemos a resposta. Por mais fria e prática e calculista e desapegada que queira ser, não vai conseguir se livrar dessa macha. E não pense que o passar do tempo vai amenizar esse peso. Pelo contrário, por todos os seus dias esse crime vai repercutir em seu ser de uma forma ou de outra. Haverá aqueles dez segundos de arrependimento e então se deparará com uma dor ainda maior: a de que o seu arrependimento não lhe valerá de nada. Vai lembrar para sempre dessa morte trágica do amor, morte matada, diga-se de passagem, que vai se embrenhar por suas mãos, tirar o brilho de suas unhas, envergonhar suas linhas do destino. Você matou um apaixonado. Talvez o último deles forjado com essa intensidade. Aproveita enquanto essa ferida é recente porque depois ela vai se enraizar e tomar de conta da sua existência. Você está condenada a viver essa dor. Não sou a favor de castigo, mas de todos paguem pelo que fizeram de mal a alguém. E você vai pagar com essa lembrança dolorida que irá se manifestar nas horas mais importunas. Você matou um homem que era capaz de fazer tudo e mais um pouco por você. Você matou quem se entregou de forma única a você. Você matou aquele que só fez lhe cuidar. Que a falta de reconhecimento, de gratidão e até de perdão não lhe enlouqueçam mais dia menos dia. Que suporte sobre os ombros o defunto que criaste. Um defunto que não se consegue enterrar, mas arrastar por séculos sem fim. Beba, divirta-se, faça terapia tendo a certeza de que nada vai lhe trazer paz de espírito. Você acabou com os desejos, fantasias, expectativas daquele ser humano que se sacrificou por você a troco de nada. Ou melhor, a troco de dor, de descaso, de solidão. Faltou respeito e sobrou impunidade. Até quando? Até consciência acordar e declarar guerra. Pode eliminar todas as provas e indícios, mas quem mata, ainda mais um homem grávido de amor, fica pela eternidade com as mãos tão sujas que nem os esmaltes mais caros hão de conseguir disfarçar.


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17/09/2014 - Me engana que eu gosto

“O sentimento não mudou, eu tive que mudar”. Muito lindo de se ler e até de se guardar para vida toda no melhor do coração se não fosse mentira. Se o sentimento, de fato, não tivesse mudado, o tratamento seria outro. Não há sentimento da forma como está contextualizado que admita ser espectador de tamanha crueldade. Portanto, e para tanto, a afirmação é muito bonita, mas não passa de uma frase de efeito. Certas mudanças exigem renúncias e transformações interiores. Não há como o sentimento ser mantido intacto em um corpo que prova a todo instante que está muito longe de agir como prega. E eu sei muito bem a diferença entre amor-poético e amor-publicitário. O marketing-coração impressiona, mas é só uma propaganda com ares de perfeição. E eu não vivo de amor de propaganda. Eu vivo de amor que extravasa, que abusa dos limites, que não se preocupa com opinião alheia, que não se vende. Será que me acha tão imbecil para acreditar em qualquer lorota, para eu cair como um patinho em qualquer frase pronta. A afirmação de que o sentimento não mudou na verdade é uma negação, pois você nega tudo o que existe para dizer tal inverdade. Quer que eu acredite no engodo desse amor-publicitário por ignorância ou má-fé, pura e simples? ...
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17/09/2014 - Nunca vai entender...

Você não vai entender nunca
Onde eu fui capaz de chegar
Por você...
Infelizmente não tem compreensão
Do que aconteceu em mim
Depois de nós...
Você com toda essa ignorância
E insensibilidade
Não conseguiu enxergar...
Aliás, você não foi capaz de ir além
Do seu mundinho
Egoísta...
Você se acovardou
Fraquejou na hora errada
Sendo assim nem devia ter começado...
Você fugiu, você negou, você fingiu...
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16/09/2014 - A mulher (indigna de ser) amada

A mulher amada não tem consciência de até onde ela pode chegar no quesito perversidade com quem a ama. Ela é capaz de matar lentamente só pelo prazer de ver o ser que é capaz de fazer tudo por ela prostrado, agonizando, sangrando. É como a gata que brinca com a caça antes de devorá-la. Ela sabe jogar como poucas mãos de ases. Sabe enredar, envolver, se vender em sentimento só para depois descartar sua vítima como uma viúva negra que mata mais por esporte do que por fome. A mulher amada não tem limite para fazer sofrer quem só faz amá-la. Tem a capacidade de colocar uma agulha venenosa no cerne de cada fraqueza de quem a ama. Ela fere onde mais dói. É especialista nisso. Ela brinca com o corpo, com a mente, com o coração que são a ela entregues. Não importa a ela respeitar, mas ser respeitada a qualquer preço. Sua “honra” vale mais do que qualquer história de amor. Tem crises de amnésia muito convenientes ao seu bem-estar. E sabe tirar uma desculpa da manga como ninguém. A mulher amada é o umbigo do seu mundo, nada é mais prioritário do que ela mesma. E ela age para isso o tempo todo – para satisfazer a si mesma sem pensar em quem vai ferir. Ah! A mulher amada tem o dom de ferir. Ferir com palavras e ações. E principalmente, ferir com sua omissão. Quantas expectativas depositadas na mulher amada e quanto ela concretiza? Ela só faz o que interessa a ela. O ser que a ama é usado, reusado e depois descartado sem o mínimo de compaixão. Ela sabe muitíssimo bem a diferença do ouro e do lixo, ah como sabe, não havendo qualquer desculpa para o seu modo de tratar. Quando ela trata a criatura que a ama como lixo é exatamente isso o que ela quer fazer. Ela conhece seu poder de destruição. Não importa o que você faça para ela, ela continua insensível ao que você sente, prova, demonstra... A mulher amada é uma pedra lapidada em matéria de beleza, mas que lhe apedreja como pedra bruta. É rosa que, quando quer, só se dá em espinhos. A mulher amada humilha para ser ainda mais superior, pois ela quer sempre estar acima do bem e do mal. A mulher amada não aceita leis, julgamentos, regras. A mulher amada faz tudo conforme sua vontade. A mulher amada é um poço de intenções secretas que só dizem respeito a ela. A mulher amada é o quinto inferno de Dante. A mulher amada quer conquistar, aumentar seu império, escravizar novos corações, ter o impossível aos seus pés, só para desprezar. A mulher amada vive o amor a sua moda, a moda que satisfaz única e exclusivamente a ela. O amor lhe é útil para trazer o que quer, na hora que quer, da forma que quer. A mulher amada tem a força de um exército. E é impiedosa como tal. Mata no calor da emoção ou a sangue frio em nome dela mesmo. A mulher amada se aproveita dos amores mais puros, do que lhe é oferecido com mais verdade, da entrega mais intensa e propensa ao infinito. É nesse terreno que ela gosta de semear sua ilusão mais desesperadora. A mulher amada adoece e enlouquece quem a ama, pois ela sabe se dar sem se dar. A mulher amada mancha a fé de quem acredita no amor. A mulher amada diz da boca pra fora que se coloca no lugar de quem a ama, pois ela jamais quer ter outra visão senão a dela. O egoísmo é sua principal qualidade. É como uma dessas deusas da antiguidade que quer seus fieis ajoelhados, adorando-a o tempo todo. Ela planta no íntimo de quem a ama a ilusão de que ama quando na verdade ela só sente amor por si. A mulher amada não ama ninguém a não ser ela. Ama receber elogios, ama ser cuidada, ama ser paparicada, mas não é capaz de oferecer nada em troca senão sua vaidade para ser alimentada. A mulher amada é uma farsa, mas tão bem maquiada, construída e orquestrada... Cuidado, a mulher amada não é de confiança, ela trai na calada da noite fazendo todo o amor que você dedicou a ela parecer uma grande tolice. Tolos, tolos os que deixam se envolver por essa mulher que se diz digna de ser amada quando na verdade é indigna do amor que lhe é destinado. A mulher amada é um câncer no coração apaixonado, que quando dá conta está batendo sem vida. Faça a biopsia no coração de quem a ama e achará nas entranhas desse tumor (benigno) maligno a identidade da mulher amada. A mulher amanda recebe amor e devolve solidão na mesma medida.


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16/09/2014 - Anjo caído

O anjo
Rasga suas asas
Diante da traição
Mais cruel,
Abandona seu posto
Seu céu
E chora feito humano
O seu maior engano

O anjo
Senta na sarjeta
E lamenta tanto amor
Desperdiçado,
Quanto amor em vão
A quem só queria
Por capricho
Levar o anjo ao chão

O anjo
Que virou demônio
Para provar o que sentia
Tem pelas mãos de seda
Que na verdade são garras...
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