Daniel Campos

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16/09/2014 - A mulher (indigna de ser) amada

A mulher amada não tem consciência de até onde ela pode chegar no quesito perversidade com quem a ama. Ela é capaz de matar lentamente só pelo prazer de ver o ser que é capaz de fazer tudo por ela prostrado, agonizando, sangrando. É como a gata que brinca com a caça antes de devorá-la. Ela sabe jogar como poucas mãos de ases. Sabe enredar, envolver, se vender em sentimento só para depois descartar sua vítima como uma viúva negra que mata mais por esporte do que por fome. A mulher amada não tem limite para fazer sofrer quem só faz amá-la. Tem a capacidade de colocar uma agulha venenosa no cerne de cada fraqueza de quem a ama. Ela fere onde mais dói. É especialista nisso. Ela brinca com o corpo, com a mente, com o coração que são a ela entregues. Não importa a ela respeitar, mas ser respeitada a qualquer preço. Sua “honra” vale mais do que qualquer história de amor. Tem crises de amnésia muito convenientes ao seu bem-estar. E sabe tirar uma desculpa da manga como ninguém. A mulher amada é o umbigo do seu mundo, nada é mais prioritário do que ela mesma. E ela age para isso o tempo todo – para satisfazer a si mesma sem pensar em quem vai ferir. Ah! A mulher amada tem o dom de ferir. Ferir com palavras e ações. E principalmente, ferir com sua omissão. Quantas expectativas depositadas na mulher amada e quanto ela concretiza? Ela só faz o que interessa a ela. O ser que a ama é usado, reusado e depois descartado sem o mínimo de compaixão. Ela sabe muitíssimo bem a diferença do ouro e do lixo, ah como sabe, não havendo qualquer desculpa para o seu modo de tratar. Quando ela trata a criatura que a ama como lixo é exatamente isso o que ela quer fazer. Ela conhece seu poder de destruição. Não importa o que você faça para ela, ela continua insensível ao que você sente, prova, demonstra... A mulher amada é uma pedra lapidada em matéria de beleza, mas que lhe apedreja como pedra bruta. É rosa que, quando quer, só se dá em espinhos. A mulher amada humilha para ser ainda mais superior, pois ela quer sempre estar acima do bem e do mal. A mulher amada não aceita leis, julgamentos, regras. A mulher amada faz tudo conforme sua vontade. A mulher amada é um poço de intenções secretas que só dizem respeito a ela. A mulher amada é o quinto inferno de Dante. A mulher amada quer conquistar, aumentar seu império, escravizar novos corações, ter o impossível aos seus pés, só para desprezar. A mulher amada vive o amor a sua moda, a moda que satisfaz única e exclusivamente a ela. O amor lhe é útil para trazer o que quer, na hora que quer, da forma que quer. A mulher amada tem a força de um exército. E é impiedosa como tal. Mata no calor da emoção ou a sangue frio em nome dela mesmo. A mulher amada se aproveita dos amores mais puros, do que lhe é oferecido com mais verdade, da entrega mais intensa e propensa ao infinito. É nesse terreno que ela gosta de semear sua ilusão mais desesperadora. A mulher amada adoece e enlouquece quem a ama, pois ela sabe se dar sem se dar. A mulher amada mancha a fé de quem acredita no amor. A mulher amada diz da boca pra fora que se coloca no lugar de quem a ama, pois ela jamais quer ter outra visão senão a dela. O egoísmo é sua principal qualidade. É como uma dessas deusas da antiguidade que quer seus fieis ajoelhados, adorando-a o tempo todo. Ela planta no íntimo de quem a ama a ilusão de que ama quando na verdade ela só sente amor por si. A mulher amada não ama ninguém a não ser ela. Ama receber elogios, ama ser cuidada, ama ser paparicada, mas não é capaz de oferecer nada em troca senão sua vaidade para ser alimentada. A mulher amada é uma farsa, mas tão bem maquiada, construída e orquestrada... Cuidado, a mulher amada não é de confiança, ela trai na calada da noite fazendo todo o amor que você dedicou a ela parecer uma grande tolice. Tolos, tolos os que deixam se envolver por essa mulher que se diz digna de ser amada quando na verdade é indigna do amor que lhe é destinado. A mulher amada é um câncer no coração apaixonado, que quando dá conta está batendo sem vida. Faça a biopsia no coração de quem a ama e achará nas entranhas desse tumor (benigno) maligno a identidade da mulher amada. A mulher amanda recebe amor e devolve solidão na mesma medida.


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