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Encontrados 56 textos de janeiro de 2014. Exibindo página 1 de 6.
31/01/2014 -
Flor da lua
Pelas voltas do quarto crescente
Hei de lhe pegar sem sobreaviso
Com olhos carnívoros
E lábios incisivos
Deitando seu corpo de pétalas
Pelos lençóis do vento
E todos os livros
Serão insuficientes
Para abrigar o que não tem abrigo
Para parar o que não tem paradeiro
Para registrar o que não registro
A ponto de deixar a lua
A mais nua de todas as flores
Completamente rubra
De pudor
De torpor
De furor...
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31/01/2014 -
Viva-me
Viva os meus olhos. Viva a minha temperatura. Viva o meu nome, a minha nomenclatura, em todos meus signos, significantes e significados. Viva a minha boca, do beijo ao sorriso e vice-versa. Viva as minhas luzes e as minhas penumbras. Viva o meu perfume, o meu cheiro, a minha fragrância. Viva a minha loucura. Viva o meu caminho. Viva a minha crença, dos humanos aos deuses. Viva o meu corpo. Viva a minha cabeça. Viva a minha sina. Viva a minha coloração. Viva o meu sentido e a minha direção. Viva minhas entradas e saídas. Viva meu cenário particular. Viva a minha roupa. Viva a minha pele. Viva a minha sorte. Viva o meu avesso. Viva a minha missão. Viva o meu continente e os meus arquipélagos. Viva o meu entardecer. Viva o meu propósito. Viva os meus planos, as minhas expectativas, as minhas ideias. Viva a minha cama. Viva a minha postura. Viva a minha trilha sonora. Viva os meus saltos, voos e mergulhos. Viva o meu código natural. Viva a minha lei. Viva a minha falta de medida, de limite, de medo. Viva a minha prosa. Viva o meu quadro artístico, clínico... Viva o meu tempo. Viva a minha emoção. Viva-me.
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30/01/2014 -
Queretude
Quero-te tanto
Quanto e tanto
Que o que sinto
Inflama
Deixa de cama
E enxama
Como abelha no cio
Quero-te tanto
Que, no entanto,
Deixo de me querer
Para querer-lhe-me
Num querer
Que me arma até os dentes
E me rende
Colocando-me de joelhos
Aos seus tornozelos
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30/01/2014 -
Perna no mundo
Botar a perna no mundo. Viajar sem saber para onde. Pegar o primeiro avião. Ser abduzido. Navegar de olhos vendados. Sequestrar, raptar, levar ao infinito de qualquer jeito, a qualquer custo, sem medir consequências. Pegar um foguete rumo à lua. Carregar e pedir colo pela estrada afora. Laçar a cauda de um cometa. Ir ao encontro do que lhe espera. Seguir os ponteiros da bússola-coração. Ir sem medo. Deixar-se o mistério lhe levar. Montar em um cavalo encantado ou num pássaro de fogo. Seguir uma estrela de chocolate. Desenhar o próprio destino. Embarcar no trem da imaginação. Tomar fôlego e mergulhar num desejo sem fundo. Morar nos braços do vento. Boiar no céu. Volitar com quem já se foi. Botar a perna no mundo.
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29/01/2014 -
Treino insano
Vou
Fazer
Suar
Cada
Uma
Das
Suas
Células
Vou
Deixar
Seu
Eu
Tão
Leve
Como
Libélula
Vou
Levar
Pro
Alto
Céu
Seu
Corpo
Exausto
Vou
Canalizar
Suas
Energias
Tirar
Suor
De
Fantasias
Vou
Acelerar
Seus
Batimentos
Tornear...
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29/01/2014 -
Por mim
Eu me dou ao silêncio. Eu faço votos de amanhã ao vento. Eu mergulho no poço mais fundo do meu eu. Eu paraliso minhas atividades exigindo a volta do que sou. Eu tomo boca com o senhor dos sonhos. Eu pastoreio olhares nos campos iluminados. Eu ateio fogo em tochas de coração para afastar a solidão. Eu aprendo a língua dos cata-ventos. Eu aponto lápis para escrever no mundo. Eu ando dobrando esquinas. Eu viajo ora em linhas solitárias ora em linhas cruzadas. Eu volteio a saia do abajur. Eu abro os braços à lua. Eu fujo de encontro ao que me persegue. Eu estradeio por jardins suspensos. Eu revogo o que não diz respeito ao sentimento. Eu valorizo o encontro com a perfeição. Eu me interno no papel. Eu me entrego ao que me rege. Eu faço valer o que me protege. Eu beijo a boca do destino. Eu anoiteço homem e acordo menino.
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28/01/2014 -
Hora de sonhar
Apague a luz. É hora de ninar. Seu lobo não vem, é tempo de sossegar. Feche os olhos sem medo. Aquiete o coração. Deixe o sono chegar. Jogue-se nos braços da fantasia que lhe espera para brincar. Liberte-se de tudo o que lhe pesa. Esqueça-se de toda e qualquer dor. Agora, é só você e o sonho. Deixa que ele a leve por onde for.
Se precisar, cante baixinho ou se conte uma historinha. Sim, aquele conto de fadas que você gosta de viver. Puxe a coberta e seu bichinho... Respire devagar. Deixe o sono tomar de conta. As fadas e os elfos esperam por você do lado de lá. Sua pureza vai lhe levar para este mundo de delicadeza. O sonho está aí, veio lhe buscar. ...
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28/01/2014 -
Ao tempo
Um dia, nem que for a mil séculos, serei compreendido
Por olhos que escavarem e desbravarem minhas palavras
Por bocas que se aventurarem a pronunciar o que escrevi
Um dia, por mais que demore a chegar, serei sim vivido
Com toda poesia que queima cá dentro em mim como lava
Vulcânica, que pode assustar mas tem sua beleza intensa
E propensa a ser eterna como o que escrevo em alto relevo
Pelo coração do tempo que pulsa ao vento, ao vento, ao vento......
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27/01/2014 -
Sendo o que sou
Quem disse que eu sou assim
É porque não conhece nada
Nada do meu sonho e estrada
Nada de coisa alguma de mim
Eu sou o que poucos souberam
E quiseram conhecer, sou o tudo
Do nada, o ar que baila ao revoar
Da passarada, eu sou outro mundo
Quem acredita que eu sou o fim
Agradeço! Do fim nasce o começo
Do fim dos tempos tem-se a palavra
A palavra que lava, cava e lavra
A palavra que acalanta e suplanta...
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27/01/2014 -
Matematique
Subtraia o que lhe importa do que não tem volta. Faça as contas do que valeu à pena e aposte todos os seus créditos nos versos de um poema atemporal. Multiplique o melhor beijo pela vida afora num cálculo maluco e lindo de se viver. Relacione o possível e o impossível num teorema quântico. Faça dos números irreais palavras reais. Some todos os lados do coração (se é que coração tem lado) para encontrar o perímetro do amor e terá a prova de que amor não se mede. Morda os frutos da raiz quadrada. Fracione o seu todo para encontrar outros todos, porque toda parte é um todo. Abuse da regra de três para descobrir passado, presente e futuro. Equacione o quanto você quer para obter o que você deseja. ...
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