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Encontrados 62 textos de julho de 2014. Exibindo página 5 de 7.
11/07/2014 -
Conselhos sobre as dores do amor
Perdoe-me por não poder aquietar o que não lhe permite ter uma noite de sono sem interrupções por parte de pesadelos da infantilidade ou de atropelos da realidade. Trocando em miúdos, não sei como viver um amor sem sofrer. E, não me queira mal, mas ainda bem que não sei, pois o amor indolor, se existisse, não teria a menor graça. O amor precisa doer para ser bonito, para se grande, para ser inesquecível. Todo parto, dói. Toda metamorfose, dói. Toda ruptura, dói. Toda sangria, dói. E isso tudo é o amor. Portanto, não tenha medo de passar pelas dores do amor. Agradeça cada uma delas porque indicam a dinâmica do sentimento que lhe toma sem pedir por favor, com licença, por gentileza. O amor é o encontro dos interesses do corpo e da alma, e tais choques são dolorosos. O amor é sobreposição de vontades, e o empilhamento de paixões, à procura do encaixe perfeito, dói. O amor é a impotência diante do que pensa, sente e quer a criatura amada e isso causa dor. Salve as dores do amor. Salve os apaixonados doídos e condoídos. Salve os que amam transformando essas dores em motivos para viver de forma mais profunda o amor que nos inunda sem dó, fazendo dos ais suspiros e gemidos de morfina ou endorfina aos casais.
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11/07/2014 -
Você em mim
Demarca minha pele com seu batom
Pega seu alicate de cutícula mais amolado
E corta a minha carne apaixonada
Se tiver piedade, beijos são bem vindos
Beijos com cargas anestésicas ou de adrenalina
E vá me abrindo enquanto vai me possuindo
Com sua curiosidade com sua vaidade
Com sua incredulidade com sua crueldade
E verá que impregnado em meu avesso
Está o que de mais bonito que existe em mim
Seja por meio de saudade ou expectativa...
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10/07/2014 -
O amor pede desculpa
Desculpa por eu ser exatamente como sou e nunca tentar disfarçar ou negar isso. Desculpa por não conseguir ser igual a todos causando estranheza e desconforto. Desculpa por me fazer feliz quando de algum modo dá sinais de presença em meus dias. Desculpa por lhe levar a pedidos envergonhados de desculpa. Desculpa por querer cuidar mais de você do que de mim mesmo. Desculpa por lhe amar desse jeito incontrolável sem demonstrar qualquer arrependimento, pois não há qualquer arrependimento para ser demonstrado. Desculpa por tentar de todas as formas lhe esquecer e não conseguir. Desculpa por ter você residindo em meus espaços geográficos e temporais. Desculpa pelas vezes que eu lhe levei para minha cama sem pedir licença. Desculpa por caminhar no breu guiado pelas lanternas dos seus olhos que por não saber mentir se fecham numa espécie de coma induzido. Desculpa por ser a causa desse apagão. Desculpa por embaralhar as cartas do seu destino. Desculpa por nunca blefar nas confissões do amor que sinto. Desculpa por sair dos padrões ao me assumir apaixonado. Desculpa por desafiar constantemente o tempo. Desculpa por jamais abaixar os olhos. Desculpa por não correr do que a todos intimida. Desculpa por não ser de carne e osso, mas de sonho e sentimento. Desculpa por me preocupar com sua saúde, com sua alimentação, com seu bem-estar, com sua felicidade, com seus batimentos cardíacos. Desculpa por ser algo totalmente novo em seu cotidiano. Desculpa por ter aparecido sem convite, embora sempre ouvi chamados do seu inconsciente. Desculpa por ceder aos três pontinhos que pontuam uma indefinição que não é minha. Desculpa por ser louco, doido, maluco, ensandecido, perturbado por você. Desculpa por ter coragem de fazer de um tudo para lhe ver bem, inclusive dar adeus. Desculpa por passar noites em claro pedindo você às estrelas cadentes, carentes, ausentes. Desculpa por não poder ser menos do que não abro mão de ser. Desculpa por tender de forma tão descarada à eternidade. Desculpa por contrariar suas razões com meu eu-emoção. Desculpa por tirar para dançar sua silhueta que se forma abstratamente em todos os lugares que habito. Desculpa por não me cansar de amar mais do que posso. Desculpa por ter roubado parte de você para o meu mundo. Desculpa por não devolver tudo o que me deu de bom grado. Desculpa se não tenho o hábito de tornar as coisas mais fáceis, mas quem já disse que o amor é algo fácil de ser forjado? Desculpa por minhas linhas falarem tanto de você. Desculpa por agradecer de forma íntima sua existência. Desculpa por manter vivas em mim todas as suas marcas. Desculpa por lhe beijar em sonhos. Desculpa por ainda me esbaldar nas notas do seu perfume coladas em minha pele. Desculpa por fazer da saudade que sinto da sua proximidade o meu bicho de estimação predileto, sem me importar se por medo ele ainda me morde. Desculpa por trazer à tona tantas desculpas para falar de um amor que não tem desculpa.
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10/07/2014 -
Beija meus pés
Que as bocas que me desgraçaram
E que me amaram
Por muito ou nada de tempo
Beijem não os meus lábios,
Meu pescoço ou meu peito
Mas que beijem meus pés
Não! Não os beijem por servidão
Por descabimento ou respeito
Mas sim porque nos pés
(Dedos, planta, dorso)
Estão o segredo de tudo
A chave da vida
O vai e vem do universo...
São meus pés que me levam
Que me trazem pelos caminhos
Do que não sou, já fui e posso ser...
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09/07/2014 -
Eu amo, e como amo...
Eu amo e isso é incontentável
Ninguém pode dizer o contrário
Tampouco negar a intensidade
Dessa paixão vívida e insaciável
Capaz de remodelar o calendário
Recriar o espaço e desdar o laço
Que me prende à lei da gravidade
Eu amo além da razão estatística
Com um coração inquieto e febril
Numa realidade humana e mística
Indo a fundo no meu coração anil
Principado da paixão sem limite
Dona de um tempo fugaz e alado ...
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09/07/2014 -
Faça de mim seu palco
Caminha pelas minhas planícies com seus pés de bailarina. Toca meus pontos cardeais com suas pontas numa intimidade que faz a trilha dos casais. Deixa meus pontos nervosos entregarem-se aos seus volteios luminosos, deixando-me perdido na penumbra dos nossos contrastes. Musica minhas partituras ainda não reveladas, dando asas aos gnomos que flertam dentro de suas impossibilitudes as mais nobres fadas que residem em nossos paralelos. Permita que eu me perca pelas fitas das suas sapatilhas. Mareia com seus esmaltes as minhas ilhas. Espalha o perfume de suas raízes aéreas em meus jardins suspensos. Planta seus pés nos meus contrapés. Baila pelas minhas espinhas numa coreografia tão sua quão minha. Que entre um e outro plié meus lábios achem seus pés.
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08/07/2014 -
Saia azul
De saia azul ao vento do Atlântico Sul com pernas que deixam qualquer romântico mais bêbado do que dúzias de tabernas. Ela conversa e tudo logo versa para ela. Seus olhos como agulhões vão mergulhando no mar da alma alheia e saindo com o que desejam estando a maré baixa ou cheia. Seus pés pequenos são como venenos à falta de cura de uma paixão sem alta. Seu corpo serenado como que bordado de pintinhas vizinhas uma da outra numa misteriosidade louca. E sua boca dizendo às minhas entranhas, sabendo como poucas a arte de fazer manha, que toda aventura ainda é pouca. ...
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08/07/2014 -
Olhos que me devoram
A mulher que me devora com os olhos não sabe nada de mim
Quer apenas comer a minha carne poética numa fome fonética
O que importa é ter minha palavradura em sua boca carmim
Sou caça, sou presa, sou bicho acuado diante dos olhares dentados
Da mulher que sabe exatamente o que quer. Ela insiste e persiste
Ora se faz de alegre ora se faz de triste para conseguir o que quer
Ela hipnotiza, escandaliza, animaliza, enfim, faz gato e sapato
Com aqueles olhos que assumem a cor que ela escolher para si...
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07/07/2014 -
Andar sozinho
Anos e anos depois, tenho de aprender a andar sozinho. Andar sem ter quem me dê a mão. Andar sem ouvir sim, talvez ou não da boca alheia. Tenho de andar a escutar só, e somente só, meu coração. Tenho de aprender a deixar meus sapatos solitários no fundo do armário sem que possam flertar ou se dar com pares de saltos. Andar de mãos ao vento como que livres ao ar. E a liberdade às vezes machuca por sua força tamanha.
Andar sozinho pisando nos próprios passos. Voar sozinho tentando entender como as nuvens se misturam tão bem. Cantar sozinho sem que ninguém me faça coro, complete meus esquecimentos ou ria do meu desafinamento. Deitar sem precisar dividir espaço ou lençóis, tendo o travesseiro para me calar num boa noite. Alimentar-me sozinho de comida, de sonhos, de expectativas, de amor e de esperanças. ...
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07/07/2014 -
Pela sua boca
Coloca-me na boca
Na sua boca
Como seu doce
Predileto
Deixa-me passear
E até brincar
Pela sua língua
Faz de mim
A sua bala
O seu chiclete
O seu chocolate
Ai, me morda
Ai, me masca
Ai, me deixa
Na boca
Na sua boca
Indo fundo
No meu gosto
Tirando pra si
Sem vergonha
Todo sabor
Que me faz seu.
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