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Encontrados 62 textos de julho de 2014. Exibindo página 4 de 7.
16/07/2014 -
Vivo ou morto?
Pergunte ao seu coração
Se você prefere ver quem ama
Agonizando sobre uma cama
Num coma irreversível
Num sofrimento diário
Crescente e eloquente
Ou simplesmente morto
Para dizer: “descansou”
Pergunte ao seu coração
Se você prefere ver quem ama
Definhando a olhos vistos
Soluçando sem ter quem escute
Abandonado com suas dores
Com feridas expostas e irremediáveis
Ou vítima de uma morte
Que embora bruta, traga alívio ...
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16/07/2014 -
Na hora do adeus
Quando eu morrer, conservem meus textos. Esqueçam-se da carne, dos ossos, das minhas feições, atentem-se somente para a minha obra poética. Não guardem fotografias, guardem em seus porta-retratos meus versos. Pois nada me identifica mais do que minha poesia. Esqueçam-se do meu rosto, tenham-me apenas como palavras. Um conjunto de palavras de amor. Sim, porque mais do que homem, mais do que jornalista, mais do que filho, fui amor. E só a minha obra é capaz de retratar com fidelidade o que fui. Portanto, se alguém quiser lembrar-se de mim, chorar ou suspirar pelo que fui, que seja por meio do que deixei escrito. O meu legado é o meu texto. Mais do que as linhas das minhas mãos, o que me traduz são as linhas da minha escrita. É meu coração que está impresso nesses títulos. É tudo o que eu fui e o que eu quis ser que está aqui nesses poemas e prosas. Não há um livro que conte a minha história, mas há romances que falam tudo de mim. Porque eu vivi para amar. Nasci, cresci e morri amando demais. Tive a sina de ser um apaixonado para além de seu tempo. E todas as dores e delícias dessa missão que talvez tenha menos dias do que fora previsto estão contidas em textos. Meus sentimentos serão imortais graças a essas palavras. Com toda licença poética que me cabe, amei em palavras. Não chorem sobre meu corpo, mas sobre minha poesia. Ela sim merece todos os méritos e todo o amor que queiram ainda me doar pós-morte. Não velem meu corpo, ateiem logo fogo em mim numa cremação às escondidas ou joguem pás de terra vermelha sobre minha carcaça num sepultamento rápido, mas dediquem o tempo que queiram estar comigo lendo o que deixei. Eu vou permanecer vivo em cada sílaba. E você vai me sentir – e vai sentir todo o meu sonho e todo o meu sofrimento – mergulhando em minhas palavras. Eu tenho poesia correndo em minhas artérias, irrigando meus tecidos, explodindo em meus neurônios como combustível de paixão. Tenho poesia saindo pelas minhas mãos. Tenho poesia perfumando a minha pele. Tenho poesia suando em minhas horas de aflição ou de prazer. Tenho poesia na minha língua, no céu da minha boca, nos meus lábios. Tenho poesia colorindo meus olhos. Eu sou poesia beijando as mãos de uma mulher ou indo pra cama com ela. Eu sou poesia que traz conforto e entendimento para o que não se explica. Eu sou poesia que faísca. Eu sou poesia que troveja. Eu sou poesia que respira. Eu sou poesia que dói, que cala, que suplica. Eu sou poesia sem vergonha de ficar de joelhos para se humilhar pelo amor que acredito. Eu sou poesia em todas as horas, de todas as formas, com uma verdade e uma intensidade que morte alguma irá roubar de mim. Portanto, se quiserem saber quem eu fui leiam-me. Nas horas de saudade, leiam-me. Nas horas de revolta, leiam-me. Nas horas que quiserem me pedir desculpa, leiam-me. Nas horas que minha lembrança for se perdendo ou ficando mais nítida, leiam-me. Eu vou, mas meus textos ficam. Não quero orações, velas, flores, quero apenas que me leiam. Leiam-me e assim tornem-me vivo outra vez. Não questionem se foi morte natural, encomendada ou suicídio, apenas leiam-me. Não tenham remorsos ou arrependimentos pelo que fizeram ou deixaram de fazer, apenas leiam-me. Não se lembrem da forma como morri, mas da maneira como vivi: e vivi completamente, intensamente e desesperadamente apaixonado, amando poeticamente como provam todas as poesias que são o testamento desse amor puro e infinito.
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15/07/2014 -
É chegado o tempo
Tempo tempo tempo, ó temporal, olha aqui seu filho pedindo por ti. Tempo me arranca desse tempo. Tempo me leva há cinco meses ou a cinco mil anos. Tempo me carrega daqui. Tempo, já deu. Tempo, já vivi. Tempo, já cumpri o que era preciso. Tempo, reavalie minha existência. Tempo, quebre meus relógios. Tempo pare meu tempo. Tempo, me subtrai das suas contas. Tempo, ó temporal, o tempo da existência já foi perdido. Tempo, pra que insistir. Tempo, pra que mentir que amanhã será melhor quando eu sei, e já me falaram, que será cada vez pior. Tempo, tempo, tempo me coloca em seus braços. Tempo me faz feto de novo. tempo me dê outra oportunidade longe daqui. Tempo, desista de mim, por favor. Tempo, pra que continuar? Tempo, pra que caminhar se não há mais estrada? Tempo, para que insistir com isso se minhas asas foram cortadas? Tempo, tempo, ouça meu pedido, tira-me daqui, pelo amor que ainda me tem. Tempo, não há mais tempo. Tempo, não cola essa história de dar tempo ao tempo. Tempo, nem me pediram o tempo que eu nunca aceitei, já acabaram com meu tempo de uma vez. Tempo, o que ainda está esperando? Tempo, vamos, vamos embora. Tempo, faça logo o que precisa ser feito. Tempo, tem permissão para fazer o que precisa ser feito. Tempo, tempo, atenda minha oração. Tempo, chegou o tempo da separação. Tempo, começou a temporada da solidão. Tempo, quem é que vai estancar tanta sofreguidão? Tempo tempo tempo tempo tempo tempo é hora de dar um tempo nisso tudo. Tempo, já viu, meu senhor, que eu não me corrijo, que eu não aprendo com a dor, que eu insisto em ser demais. Tempo, não dá mais. Tempo, é pesado demais. Tempo, é dolorido demais. Tempo, é difícil demais; Demais. E, tempo, sempre soube, que eu amo demais, além da conta, sem medida, de forma descabida, rumo ao infinito. Sim, meu tempo do amor sempre foi elevado ao infinito. Só que já basta. Sou do tempo que o amor era honrado e não desse tempo onde o amor é massacrado, ignorado e abandonado. Tempo, por que me fizeste nascer nesse tempo? Tempo olha meu passado, veja minhas regressões, veja o que fui, o que vivi... Por que, por que meu senhor, ainda tenho que viver nesse tempo que não tem nada a ver comigo? Tempo, é chegado o tempo que o tempo é meu inimigo. Não! Tempo, não permita que isso continue. Tira-me daqui. Estenda seus braços pra mim. Leva consigo ó tempo a única coisa que ainda vale a pena em mim, pelo que eu lutei todo esse tempo, o que eu defendi do próprio tempo, leva-me enquanto amor, leva-me para onde for, mas me tira daqui. Tempo, tudo o que tinha para ser feito já foi executado. Tempo, tudo o que precisava acontecer, já se deu. Tempo, não vou viver para não ser apaixonado. Tempo, isso não está no roteiro. Tempo, arrasta-me para o inferno, mas tira-me daqui. É tempo de nascer ou de morrer, mas não de renascer nisso que já não permite mais parto algum. Não importa se algo ficará pela metade, se haverá perdão nisso tudo, se o destino foi modificado, se os laços do que era para ser eterno foram rompidos, tira, tira-me daqui. Meu pai tempo, senhor dos meus dias e das minhas noites tão vazias, toma-me seus braços e me leva pra um tempo distante onde o ser-amante possa amar em paz. Tempo, é chegado o tempo. Nada de adiar, de poupar, de esperar o que já não pode mais ser esperado. É hora de cumprir a sina. Que sejam imortalizados todos os segundos dessa paixão atemporal. Que, daqui a milhões de anos, os fósseis de tudo o que foi dito em relação a esse amor estejam conservados. A missão de viver um amor maior que o próprio tempo foi vencida. Não há motivo forte o suficiente para insistir nessa existência. Dei o meu melhor a ti ó tempo, e as suas intenções, honrei de forma sobre-humana o amor que me foi confiado. Fui além do meu tempo. Tempo, não adianta me dar mais tempo. O meu tempo interior já não funciona mais. O meu tempo acabou pelo braço que carrega “que seja infinito enquanto dure”. Infelizmente, o infinito foi condicionado ao tempo. E o tempo... Ah! E o tempo... Ah! Meu senhor, sabe o que sinto e o que sou, e sou justamente o que sinto. Por mais que doa, é chegado o tempo, tempo tempo tempo.
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15/07/2014 -
A lança do destino
E eis então
Que uma princesa
De mãos pequeninas
E unhas bem feitas
Que beijei indefeso
Cravou a lança
Do destino
Que ela escolheu
Pra mim
Em meu peito.
Uma lança fria
E dolorosa
Que queima
E causa gritos
Silenciosos
E uma pane
Interior.
Uma lança negra
Como o esmalte
Que nunca usara
Nas mãos
Que se encaixavam
Perfeitamente
Nas minhas ...
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14/07/2014 -
Sentença
Sempre terei com você
Um amor impossível
Uma paixão inacabada
Um desejo proibido
Um sonho interrompido
Um romance eterno
Só com os primeiros capítulos
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14/07/2014 -
A morte de quem se ama
Como se sentir depois de receber a notícia de que a pessoa que você mais ama na vida morreu? E receber essa notícia dela mesma? Uma morte tão inesperada quanto anunciada. Uma morte que você não quer e nem vai aceitar. Afinal, quem se conforma em perder seu grande amor? Saber que nunca mais vai poder tocar sua pele, sentir seu perfume, olhar no fundo de seus olhos e declarar o que sente seja por meio de prosa ou verso com toda licença poética. A certeza de que nunca mais vai ser possível lançar um eu te amo e esperar as reações dela consome até a última gota da alma. Nunca mais, essa expressão dói, cala, grita, faz chorar por dentro e por fora, sangra sentimentos em carne viva. Dar adeus todo dia a resquícios que ainda estão impregnados no cerne do afeto é dilacerador. A morte é declarada, mas ela não é finita. A morte de alguém que se ama é infinita. Cada dia ela morre um pouco mais e de um jeito diferente, trazendo dor e perdas diferentes. A lembrança em certos momentos desse luto é pior do que o esquecimento. Há fantasmas do que você poderia ter dito e não disse, do que poderia ter feito e não fez, do que poderia ter ouvido e não ouviu lhe apavorando o tempo todo. Porque a morte, como coloca uma pedra na possibilidade de continuação, levanta a todo e qualquer instante o “podia ter sido diferente se”... quando, na verdade, sabíamos que tinha de ser exatamente assim. A morte faz com que fiquemos nos enganando para sofrer menos ou mais dependendo da necessidade. A morte da pessoa amada nos martiriza, deixando-nos sozinho e nu com nós mesmos. Aliás, a morte desse amor infinito coloca em dúvida até mesmo a existência do amor. Sim, porque desde sempre acreditamos que os amores não morrem. Como se sentir depois de receber a notícia de que a pessoa que você mais ama na vida morreu? E receber essa notícia dela mesma? Rasgado. Apunhalado. Dilapidado. É como se uma bomba atômica acabasse com todas suas ligações neurais e você não pensasse em mais nada. Apenas sentisse a dor das consequências. E entenda conseqüências como estragos, vazios, destruições... E o pior é a solidão, tão sedutora quão indiferente, querendo brindar com você a cada instante o seu estado solitário. A morte da pessoa amada faz você se sentir o mais solitário dos seres. Nada do que for dito ou feito é capaz de lhe consolar. E que ninguém tente estancar seu choro. É preciso colocar pra fora para que essas feridas todas não se transformem em uma espécie de câncer sentimental. A sensação é de que era muito melhor ter morrido no lugar dessa pessoa, mas não havia motivo algum para você morrer antes dela. E pelo resto dos seus dias você vai se perguntar a razão de ela ter morrido de forma tão brusca quão bruta. Sim, porque a morte da criatura amada por mais que aconteça durante o sono é de uma brutalidade tamanha. E daí a fé em outras vidas se reforça, mas quanto tempo ainda será necessário esperar para o reencontro. Será melhor morrer logo para antecipar esse recomeço? São tantas dúvidas pairando sobre a morte da mulher amada, que não se sabe se foi natural, acidental ou criminosa. De fato, há sempre um crime palpitando numa despedida desse porte. Aliás, despedir-se de quem se ama de forma definitiva é algo que contraria a natureza humana. Os homens inventaram o fogo, a roda, o avião, mas não criaram uma forma de superar a perda. Como se sentir depois de receber a notícia de que a pessoa que você mais ama na vida morreu? Com um ponto final no lugar do coração.
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13/07/2014 -
Mudança brusca
Como você mudou
Nem lhe reconheço
Como se sua alma
Mudasse de endereço
E ainda pede calma?
Como se transformou
Da água pro vinho
Da noite pro dia
Inverteu o caminho
Estancou a hemorragia
Mudou, mudou, mudou
O que cabia não cabe
Da demônia pra madre
Do incrível pro impossível
Do voo pra queda
Quer que eu me renda?
Amor que se quebra
Nem sempre se emenda
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13/07/2014 -
Que venha(m)
Que venham esses beijos tantos que você tem guardado pra mim. Que venha de presente sem demora nem precisa de laço de cetim. Que venham esses braços a envolver o meu corpo inteiro. Que venham suas pernas tomar-me como seu prisioneiro. Que venham esses soluços. Que venha de bruços. Que venha num prazer incontido. Que venha selar o que anda partido. Que venha me fazer dizer que eu não esperei em vão. Que venha me dizer que era sim quando dizia não.
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12/07/2014 -
E não me avisaram
Fecharam as cortinas do teatro da minha vida e não me avisaram. Censuraram o espetáculo do meu amor e não me avisaram. Esvaziaram a plateia de expectativas que me fazia seguir em frente e não me avisaram. Deram às costas ao meu texto sem nada explicar, tampouco inventar qualquer pretexto e não me avisaram. Rasgaram minhas cenas e não me avisaram. Boicotaram meu dueto mais que perfeito e depois meu monólogo, meu prefácio e meu prólogo, e não me avisaram. Roubaram a minha bilheteria, a minha alegria, a minha fantasia e não me avisaram. Queimaram o meu cenário, tiraram-me do páreo, colocaram-me num dia a dia tedioso, trevoso, nada majestoso e não me avisaram. Mudaram meu roteiro e meu letreiro e não me avisaram. Esvaziaram meu cargueiro de emoções, jogaram em mim tantos senões, tomates, limões azedos e medos e não me avisaram. Vaiaram o que eu tinha para oferecer e se calaram por querer e de nada me avisaram. Preferiram deixar meu palco do impossível, do incrível, da entrega de nível máximo para viver o possível do lugar comum e não me avisaram.
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12/07/2014 -
A pedradas
É difícil entender
É impossível aceitar
A mulher amada
Receber o amor
A pedradas
Pedras sem calor
Na frieza
Na tristeza
De um dissabor
Que só faz sufocar
Possíveis explicações
E as já inaudíveis razões
É infalível não se doer
Com a mulher amada
Que por ela açoitada
Põe tudo a perder
Com suas pedras frias
Com suas frases vazias
Com seus olhos fugitivos
Com seu amor morto-vivo ...
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