Daniel Campos

Texto do dia

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Encontrados 56 textos de novembro de 2014. Exibindo página 5 de 6.

10/11/2014 - Banho de chuva

Tomar chuva não é para qualquer um. É preciso ter uma elegância natural para se viver um bom banho de chuva. Primeiro, é bom que se diga, nada de sair correndo ou se cobrindo seja lá com o que for. Conta pontos negativos também para aqueles que não veem a hora da chuva passar ou de chegar ao telhado mais próximo. Os passos têm de ser espontâneos ligados diretamente ao prazer que há nisso tudo. Também não é permitida qualquer reclamação durante esse momento mágico, seja ela dita ou pensada. Danças e cantos são bem aceitos desde que em harmonia com a chuva, jamais tirando dela o protagonismo da história. É fechar os olhos e se conectar com aquele tempo. É sentir tudo de ruim sendo limpo pela chuva. É perceber sonhos, já dados como perdidos, recuperarem a cor, o viço, a seiva... É se comunicar com deus. De maneira alguma o corpo deve se curvar ou se encolher pelos efeitos da chuva por mais fria que ela seja, pelo contrário, é preciso se oferecer à chuva. Nada de se preocupar com sapatos, roupas, cabelo, maquiagem... Tudo isso é menor do que os bens trazidos pela chuva. Portanto, ao ver o horizonte chuvoso a sua frente pense duas vezes se está preparado para se dar à chuva.


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10/11/2014 - Identidade interior

De tempos em tempos
Eu troco de pele
Eu mudo de casca
Adoto outro visual
Mas minha essência
Continua a mesma
Não como rocha
Mas como árvore
Feito um coração
Irrigado por seiva
Que troca folhas
Que ora é semente
Ora é fruto maduro
E nunca é indiferente
Ao tempo
Mas segue sempre
Com sua verdade
Um sentimento
Para além da realidade


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09/11/2014 - Domingos de Interlagos

Os domingos de Interlagos já foram muito mais domingos. Hoje, o que se vê é uma corrida robótica, onde carros falam mais que pilotos. No meu tempo de Interlagos, a corrida era decidida no braço. As ultrapassagens eram possíveis. O risco era permitido. E o arrojo valia a coroa de um rei. Sou do tempo de Ayrton Senna, das voltas mais rápidas tiradas do fundo da cartola mais mágica da Fórmula-1 no momento certo. Domingos em que o corpo, mesmo a distância, ganhava os respingos do banho de champanhe. Domingos de vibração, de emoção, de catarse. Domingos de fé. Fé na chuva. Fé no inacreditável, no inalcançável, no imponderável. Corridas para assistir de joelho. Domingos onde Interlagos era altar e Senna, deus.


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09/11/2014 - Amores meteóricos

Eu ando olhando pro infinito
Buscando além do horizonte
O que pode haver e acontecer
De mais que mais demais bonito
No universo dos que se amam
E se chamam de amores meteóricos
Com beijos, abraços e corpos eufóricos
Entregues a um romance histórico


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08/11/2014 - Da boca pra fora

Eu estou ao seu lado
Mesmo que não me veja
Eu chamo, grito, sussurro
Seu nome
Ainda que não me escute
Eu toco seu corpo
Mesmo que me confunda
Com arrepios
Eu lhe carrego no colo
Ainda que seus pés
Nunca tenham deixado o chão
Eu sopro fantasias
Aos seus ouvidos
Mesmo que você não as confesse
Eu estou em você
Ainda que você não acredite
Ou me exorcize
Da boca pra fora


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08/11/2014 - Minhas sorte

Minha sorte foi ter ido ao fim do mundo e encontrado saída. Minha sorte foi ter despencado do abismo e caído em pé. Minha sorte foi ter feito do apocalipse meu gênesis. Minha sorte foi ter tido sete mil vidas. Minha sorte foi ter tido pouco juízo para conseguir ir tão longe. Minha sorte foi ter compreendido que o tempo é o senhor de tudo. Minha sorte foi ter passado a ouvir, ler, sentir meus instintos. Minha sorte foi ter nascido do mato e ter jurado fidelidade às matas. Minha sorte foi nunca ter sofrido de medo de amar. Minha sorte foi ter ido além do impossível e ainda voltado de lá pronto para outra. Minha sorte foi ter estado sempre à frente dos meus próprios sonhos o que me permitiu vivê-los sem que eles precisassem ter ao menos acontecido.


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07/11/2014 - Na mira

Se mire
Atire-se
No ar
Denso
Jardim
Suspenso
A flutuar
Entre
A boca
Que respira
E o olhar
De festim
Que mira
E se atira


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07/11/2014 - Doutor Chico

Sempre que preciso de um conselho recorro a Chico Buarque. Basta escolher uma música de forma aleatória e pronto, encaminha-se a vida à moda buarquiana. Tudo tem jeito segundo o poeta carioca, basta saber como se dá esse ajeito. E o mangueirense conhece os caminhos para se chegar lá como ninguém. Chico transforma qualquer sofrimento em lirismo de modo que a dor se suaviza e até se esquece de doer. Quem tem Chico Buarque como conselheiro não tem do que reclamar. Pelo contrário, eu só agradeço o fato de ter o poeta-sambista ao meu alcance. Entende dos níveis de saudade, de paixões mal resolvidas, de amores impossíveis, de fantasias da noite e do dia, da malandragem da vida que segue. Chico Buarque cura. Sem dúvida alguma, uma mistura de psicólogo com cardiologista que resolve os problemas do coração interior. Eu recomendo!


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06/11/2014 - Sou do abstrato

Meu pecado
É acreditar mais no futuro
Que no passado
É ser por demais seguro
No abstrato
Fiando minha estrada
No que muitas vezes
Para além do coração
Não dá em nada

Entrego-me ao desconhecido
Flerto com o impossível, o proibido
Deixo-me guiar e até me tomar
Pelo que é do sentimento
E faço ficar deveras esquecido
O que me é permitido
Corto minhas raízes
Por não resistir ao vento


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06/11/2014 - Ações emergenciais

Toma a minha cabeça. Sacuda o meu juízo. Assalta minha alma. Encurrala minha razão. Dispa de uma só vez a minha sensatez. Bota minha vida na sua mão. Executa desejo por desejo. Vira meu ser pelo avesso. Endireita meu rumo pro seu lado. Assusta o meu medo. Olha no olho. Trema minhas certezas. Domina o que não dei conta. Sopra essa neblina. Diga-me onde pisar. Cala a minha incompreensão. Esculacha minha divagação. Fantasia meu eu-realidade.


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