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Encontrados 56 textos de novembro de 2014. Exibindo página 2 de 6.
25/11/2014 -
Eu quero mais
Eu quero você um pouco mais. Eu quero você como se querem os casais. Eu quero você de um jeito diferente. Eu quero você no futuro do presente. Eu quero você na chegada da chuva. Eu quero você com olhos de viúva. Eu quero você me querendo. Eu quero você de olhos fechados me vendo. Eu quero você pela semana. Eu quero você dizendo que me ama. Eu quero você adocicada na medida exata. Eu quero que você não parta. Eu quero que você volte. Eu quero que você me note. Eu quero você no meu prato, no meu copo, no meu espelho. Eu quero você suspirando em meus cabelos. Eu quero você amada, enfeitiçada, ladeada por tudo o que sou. Eu quero você alongada pela estrada onde meu destino destinou. Eu quero você ao meu lado. Eu quero você preenchendo o meu passado. Eu quero que você recupere seu lugar. Eu quero você em todas as estações dessa linha chamada amar. Eu quero você até o fim. Eu quero você de volta no nosso jardim. Eu quero você acendendo os vagalumes. Eu quero sentir novamente os seus perfumes. Eu quero você soprando mais uma vez as velas do meu saveiro. Eu quero você de corpo inteiro. Eu quero você fechando no meu ângulo. Eu quero você num quadrado, num hexágono, num triângulo. Eu quero sentir a magia dos seus temperos. Eu quero viver em seus viveiros. Eu quero riscar seu diário com minhas flechas. Eu quero adentrar por suas brechas. Eu quero matar a saudade da sua voz. Eu quero reencontrar a cidade perdida de nós.
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25/11/2014 -
Receitinha
É preciso muito desejo e muita sensatez
Para viver um dia de cada vez
É preciso ser um vulcão de fantasia
Para explodir de prazer e poesia
Dando nova cara a mesma cara
Fazendo nossos passos
Tendo tara pelos mesmos braços
Que lhe abraçam dia após dia
Sem cansar da vida que leva
Ou da boca que o carrega
Para o beijo de costume
É preciso muito querer e ciúme
Para viver a viagem interna
E não permitir a paixão que hiberna ...
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24/11/2014 -
Mais da saudade
A saudade assovia
Pela tarde fria
Uma canção vazia
E cheia do dia
Que ficou
Para sempre
Como semente
De fantasia
Num coração
De ilusão ou não
Que muito amou
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24/11/2014 -
Perfume da memória
De vez em quando, sobe um cheiro de mato pelos confins do meu tempo. Perfumes de capim molhado, de raiz forte, de fruta madura vão se misturando pelo estradão das minhas memórias. Tudo vai ficando tão nítido e tão perto novamente de mim. É como se eu vivesse uma época que já não existe aqui do lado de fora. A essência da terra molhada vai calando lá no fundo das minhas lembranças. Numa chuva volto a ser criança, menino-sonhador. Fecho os olhos e vejo um latido fazendo festa, cheirando a cachorro molhado, chacoalhando a chuva que tomou. O galo canta limpo, como se a água limpasse sua garganta. As pererecas fazem festa, assim como os sabiás, bem-te-vis, curiós. O joão-de-barro já prepara a reforma da sua casa. A galinha chama os pintos pra debaixo de sua asa. A pitanga, o caju, a jabuticaba vão ganhando ainda mais gosto no pé. O vento vai regendo a perfumaria. Um balé de cheiros entranhado no meu temporal que a chuva, outra vez, coloca em pleno movimento.
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23/11/2014 -
Verdeja
Verdeja
Verdeja
Verdeja
Minha fé, verdeja
Veja,
Veja bem
Eu acredito
Na força do mato
No mito
Do índio que vem
Rompendo o asfalto
Numa nave
Trazendo a chave
Do amor que faz bem
Verdeja
Verdeja
Verdeja
Minha fé, verdeja
Lá na mata
Da minh’alma troveja
E relampeja sem parar
Vem de lá, vem de lá
Vem de lá da cascata
De prata
O índio de uma pureza...
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23/11/2014 -
Seu Liberato manda chuva
Seu Liberato, caboclo do mato, converse, por favor, com as nuvens pra chuva mudar o retrato dessa paisagem. Ocê que entende e fala a língua dos ventos, traz as nuvens negras, carregadas de água e sentimento. Vê o sofrimento do lavrador. Escuta o lamento das árvores que morrem à mingua nessa sequidão. Tem planta lá do morro que já nem grita mais por socorro tamanha rouquidão. Mas ocê, seu Liberato, que é feito do sangue do mato, pode ouvir o coração empoeirado, seco e atrofiado desses campos que não cansam de pedir chuva aos santos. É tanto pó que a estrada anda ruiva. A mina já não corre mais pras bandas do seu mundo. O poço da casa grande agora tem fundo. O desespero de bicho, planta e gente é profundo. Peça para Tupã que traga água para essas crias que ardem numa febre terça. Que venha a chuva antes que a terra do amanhã tenha olhos de viúva.
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22/11/2014 -
Saldo
Eu queria não contar moedas, mas contar estrelas. Eu queria só ter cartões de eu te amo. Eu queria me preocupar apenas com o que diz meu coração. Eu queria perder o sono por uma única causa: brincar de amor. Eu queria que minhas contas fossem as contas dos meus orixás. Que queria um banco de sentimentos. Eu queria ter crédito com deus. Eu queria receber meus sonhos à vista. Eu queria não ter hipotecado minha esperança.
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22/11/2014 -
Querendo você
Eu quero provar da sua comida
Eu quero lhe chamar pra briga
Eu quero adoecer nos seus braços
Para que você me dê dia a dia
Um pouco mais da sua vida
Eu quero cicatrizar sua ferida
Eu quero nossos olhos dando liga
Eu quero que você me diga
Onde começa e onde recomeçam
Os nossos eternos laços
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21/11/2014 -
Continuaremos um dia
Eu desejo sua companhia
Eu arquejo meu corpo
Ao alcance do seu dia
Eu vejo você e eu
No sopro da profecia
De um romance
Que começou
Aconteceu
E ainda não se findou
Uma espécie
De Romeu e Julieta
Que o destino
Só atrapalhou
Mas não ceifou
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21/11/2014 -
Planta sonho, planta
Planta um pouco de sonho nessa sua vida, companheiro. Ara fundo as terras do seu coração, terras essas tão endurecidas pelo tempo. Semeia fantasia, joga essas sementes sonhadoras todo santo dia. Os corvos da realidade vão vir pra cima da sementeira, mas nada que um bom susto na dor não resolva. Suja suas mãos de sentimento, sim, coloca a mão no coração, pegue as emoções nem que seja a unha. Faça da sua vida uma razão a ser sonhada. Não pense em quanto tempo demorará a colher, mas no fato que é preciso plantar sem parar, pois a vida é cíclica, nasce, cresce e morre a todo instante. Planta, companheiro, uns bons punhados de sonho nessa sua existência. Tira as sementes do seu interior desse estado de dormência.
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