Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 30 textos de setembro de 2012. Exibindo página 3 de 3.

10/09/2012 - Fora do ar

Amanheci fora do ar. Totalmente fora do ar. Desde então, canal algum consegue sinal. Estou sem acesso a qualquer texto ou imagem. Ferramenta de busca alguma consegue encontrar coisa alguma que esteja na minha memória. Vírus, hacker, tempestade ou qualquer outro objeto causador dessa pane agiu durante o meu sono. Ao dormir ainda tinha todos os meus comandos em perfeito estado. Agora, fora do ar, deixei de funcionar. Aliás, deixei de ser eu. Não consigo encontrar minha identidade. Sou só presente. Expectativas e passados estão perdidos. A esperança é de que tudo isso seja temporário. ...
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09/09/2012 - Bons ventos

Antes do sol, o vento já barulhava na janela. O mesmo vento que alvoroçava os pardais, os cardeais e os casais de sabiá. Não importava se sul ou, norte ou sudoeste. O vento trazia o friozinho da serra e o ardume do agreste. O vento grudava nos corpos como uma espécie de cipreste. Trazia cheiro de café, de pão de queijo e de outros quitutes. Trazia os últimos suspiros do orvalho. Trazia o choro da seiva no tronco do velho carvalho.

O vento atiçava os corpos a ficarem por mais tempo debaixo das cobertas. O vento em todas as direções e sentidos fazia as horas ficarem incertas. O vento de Santa Bárbara revirando o mundo. O vento de Iansã calando fundo. O vento limpando a terra de pensamentos imundos. O vento misturando pólens, folhas e cabelos. O vento despedaçando e colando corações. O vento cicatrizando canções. O vento, como trem, trazendo e levando estações. ...
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08/09/2012 - A senhora que quarava

Roupas postas para quarar quando o sol está posto. Ao contrário de flores aquela senhora semeia peças de roupa pelo quintal. Camisas, vestidos, calças, blusas... As roupas sujas, depois de ficarem de molho em baldes, vão para o chão. Ao contrário de corpos, aqueles tecidos ficam nus naquele cimentado. Uma vitrine diferente de tudo o que as madames já viram. Ali não caimentos, cortes, bordados, modismos não são levados em conta. Tanto que naquela coreografia do quarar uma das pernas de uma calça remendada fica sobre o barrado de um vestido de grife. Ali, naquele quintal, tudo não passa de roupa suja. ...
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07/09/2012 - Só não estou

Larguei o tempo pra lá. Fiquei nu de ponteiros. Não tenho hora. Não tenho bússola interior. Ando sem rumo sabendo para onde vou. Eu sou, mas não estou. Não. Não estou para a dor. Não estou para a despedida. Não estou para o rancor. Não estou para a ferida. Sou livre como pássaro. Porém, com a dose de dependência exata de quem precisa de um ninho. Não alinho nem desalinho inteiramente. Sou o que sou. Só não estou.

Ignoro regras e convenções. Deixo-me levar pelo instinto das paixões. Nada de estresse. Busco a benesse das tempestades, das saudades, das calamidades. Transformo pedra em flor. Faço mágica e encantamento. Sou bruxo. A tranquilidade é o meu luxo. Não acredito em risos de transatlântico, tampouco em pranto-dilúvio. Tudo passa. O mundo, a estação, as estrelas, os cantores, eu... todos nós passamos. Agora eu passo sendo o que sou. Só não estou. ...
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06/09/2012 - Congestionado

O velocímetro se assemelha a um coração se esvaindo: 110km/h, 80km/h, 50km/h, 20km/h, 0km/h. Impossível calcular o número exato de sensações desagradáveis ao ver uma fila de carros parada. É para acabar com o dia do mais otimista. O que pode haver de bom em um engarrafamento? Nem Chico Buarque no rádio consegue suavizar o cenário. Fumaça de escapamento, buzina, falta de educação, sirene, variações absurdas de desrespeito.

Não há ambiente para se escrever um poema, para se imaginar em outro lugar, para conversar sobre assuntos amenos, para ler um livro. A raiva anula toda e qualquer germinação de bem-estar. Tudo parado, menos o relógio. Ah! Os ponteiros do tempo aceleram como bólidos de corrida. E isso causa ainda mais angústia, tensão, nervosismo, apreensão, ansiedade. Sem falar de azia, torcicolo, inchaço, câimbra, enxaqueca......
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05/09/2012 - Eu quero ser

Eu quero ser como o verde que brota ainda mais verde depois do fogaréu. Eu quero ser o primeiro grito depois de anos e anos de silêncio. Eu quero ser o soluço de prazer mais bem quisto. Eu quero ser como a visão de alguém depois de uma operação de catarata. Eu quero ser a magia da lua que consegue aparecer translúcida em meio à poluição. Eu quero ser a vitória que nasce depois de um sem número de derrotas. Eu quero ser o coelho da cartola de um mágico. Eu quero ser o alívio depois do trágico.
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04/09/2012 - Devastado

Dia após dia, eles roubam punhados fartos de minha alma. Sugam o que sou. Deixam-me com uma sequência de traumas. Roubam meus sonhos sem que eu possa fazer nada. Cada dia vão mais fundo. Cada dia eles destroem mais do meu mundo. Está cada vez mais difícil me equilibrar nesse destino bambo. Abocanham meu caminho, acorrentam minhas pernas, cortam minhas asas. A quebra de expectativa virou rotina. As minhas comportas estão cheias de frustrações e decepções. A desilusão extravasa além do suportável. Como ser amável diante disso tudo?...
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03/09/2012 - O tempo é livre

Depois de um dia vem sempre outro dia e mais outro dia. Uma diaria só. Quem foi que inventou o dia não sabia nada sobre o tempo. Porque tempo não se prende. O dia é a maior mentira já construída. Quem disse que um dia começa ou termina? O dia não tem início nem fim. Esperamos pelo dia seguinte com a esperança de que algo vai acontecer, porém o dia seguinte não existe. O dia, na verdade, o tempo é o mesmo. Na verdade, sempre o mesmo. O tempo não muda se nós não mudarmos. Portanto, o dia só será diferente quando formos diferentes....
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02/09/2012 - O amor é simples

O amor é simples. Acontece em qualquer lugar. Não requer luxo, tampouco títulos. O amor é simples. Ocorre no mundo, mas não tem nada de mundano. Está além dos cálculos matemáticos, das experiências científicas, das teorias filosóficas. O amor é popular como entrar na igreja e rezar. O amor é simples como brincadeira de rua. O amor é popular feito popstar. O amor é simples como uma lavoura de esperança. Como o nó da trança da lua, o amor é simples.

O amor é simples. Não tem bula. Não tem contraindicação. É simples como o fato da estrela brilhar, da terra rodar, da bailarina dançar. O amor é simples. Simples como um refrão. Simples como troca de estação. Simples como um sim depois de um não. O amor é simples. Sem maiores fórmulas e piores complicações. Não necessita de cerimonialismo, apenas do encontro do realismo com o surrealismo. O amor é simples como vertigem no abismo. ...
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01/09/2012 - A única paixão de Senna

Dizem que Senna amava Xuxa, amava Galisteu, amava Liliane, amava Yasmim, amava Patrícia, amava Vanusa, amava Marcella, mas Senna amava a vitória. Amava a vitória como nunca amou ninguém. Mulher alguma foi tão perfeita para Ayrton quão aquela que tinha o nome de vitória. Era com a vitória que Senna se realizava, e se completava, e se deleitava. Senna era apaixonado pela vitória desde criança. Foi, sem dúvida, seu primeiro amor. Um amor sem limites, construído de superação em superação. Senna buscou pela vitória até a última curva de sua história. Ayrton morreu em primeiro, a caminho da sua amada vitória....
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