Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 29 textos de fevereiro de 2012. Exibindo página 1 de 3.

29/02/2012 - O deus do movimento

Se um dia o mundo acabar é porque Oxumaré caiu. Oxumaré é quem controla todos os movimentos, todos os ciclos, todas as fases do que chamamos de mundo. Se a terra parar de rodar é porque Oxumaré nos deixou. É Oxumaré quem cuida das estações do ano, quem faz a noite virar dia e o dia virar noite. Oxumaré não pode ser esquecido, pois se o mundo perder sua natureza cíclica toda vida que há irá se extinguir.

Oxumaré é quem garante a constante renovação do universo. É a cobra que troca de casca para seguir adiante. É o orixá que sobe ao céu e desce a terra pelo arco-íris. É o filho de Nanã Buruku, a senhora dos pântanos e das chuvas que cedeu o barro para o homem ser moldado. Oxumaré é o encontro do homem com a mulher, do macho com a fêmea, a junção que assegura a perpetuação da espécie humana. ...
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28/02/2012 - Dumont

Existem sobrenomes que mais parecem nomes, são como locomotiva, com brilho e forças próprias. Dumont, sobrenome que voa e, que mede o dia e a noite e que desenha com meadas de linha. Dumont é um sobrenome sonoro, chega a cantar na língua, estalar nos ouvidos. Sobrenome que desvirginou o céu dos homens. Santos 14 Bis Dumont. Sobrenome de asas e ponteiros, de liberdade e relógios. Uma grife do tempo que anda no pulso de homens de negócios e de mulheres atemporais.

Nome de aeroporto, de cidade do interior, de praça, de rádio, de matizes. Dumont, das linhas e das agulhas, dos pontos e das tradições, das bordadeiras mineiras. Dumont, sobrenome de visconde, de pé de valsa, de rei do café, de escritor de novelas, de donzela. Sobrenome de quem, em francês, é do monte, do morro. Sonoramente, pode ser casado perfeitamente com Drummond, com Leblon, com batom, com Saigon. Dumont, mais do que uma nomenclatura, um som.


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27/02/2012 - Detesto segunda-feira

Eu detesto a segunda-feira. Detesto o cheiro, a luz, o ambiente, a conversa, o sorriso amarelo de uma segunda-feira. Detesto o comportamento e o sentimento contidos numa segunda-feira. Eu detesto a falta de gosto e o desgosto e o mau-gosto de uma segunda-feira. Eu detesto o artificialismo, o cinismo e o entreguismo que reinam numa segunda-feira. Eu detesto os indicadores e os atores da segunda-feira. Eu detesto a preguiça que é associada à segunda-feira. Eu detesto o politicamente incorreto de uma segunda-feira....
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26/02/2012 - Vôo a dois

Amor, seu eu pedisse amor, mais amor, amar-me-ia assim sem fim? Seria capaz de me deixar viver os seus sonhos e, mais, adaptá-los, moldá-los, forjá-los a minha realidade? Por mim, seria como a esperança – a última a morrer? Permitira que eu tatuasse sua alma com desenhos de meu corpo, trançando o meu DNA ao seu a cada beijo? Trovejaríamos e relampejaríamos de desejo, de muito querer, de puro prazer, ensurdecendo e iluminando um ao outro. E a saudade seria um potro correndo leve e selvagem por uma paisagem que não se atreve a existir para mais ninguém....
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25/02/2012 - Cezar Peluso é destino

Cezar é nome de imperador. Nome que impõe respeito e até certo temor pela sua sonoridade histórica. Mas Antônio Cezar Peluso foge ao estereótipo de seu nome. Ao contrário da força, usa a suavidade para consolidar e expandir seu império nas dimensões temporal e espacial. Império? Sim. Um império de justiça, de cidadania e de bem-estar social que contraria o próprio conceito de império.

Ao contrário de lanças e espadas, a letra da lei que tatua a alma de Cezar Peluso é a arma que o conduz nos embates e a ferramenta com a qual trabalha nas oficinas do Direito pelos territórios físicos e abstratos. Definitivamente, o código genético de Peluso é a relação entre a sequência dos feitos e efeitos de sua atividade jurisdicional. ...
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24/02/2012 - O amor e o gladiador

Pode ou não um gladiador amar para além da arena? Será que suspira por um perfume de mulher ou pelo cheiro de sangue? Será que ele grita de prazer ou de dor? Será que consegue empunhar rosas no lugar das espadas? Será que se expõe ao amor ou não deixa o escudo de jeito algum? Será que tem mais cicatrizes na pele ou no coração? Será que sonha com mulheres ou com batalhas? Será mais fiel ao seu dono ou aos seus sonhos? Será que troca a areia da arena por lençóis macios?

Pode ou não um gladiador amar para além da arena? Será que ele se entrega a uma paixão como se doa a um combate? Será que pediria misericórdia se vencido por uma mulher? Será que trocaria os grunhidos por sussurros? Será que é capaz de trair a morte, com quem desde que casou mantém uma relação de proximidade e de cumplicidade? Será que ele consegue abraçar alguém sem causar fraturas ou escoriações? Será que mesmo sendo considerado um titã teria ciúme? ...
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23/02/2012 - Mesa, ou melhor, saudade posta...

Mesa posta. Pratos e talheres em seus devidos lugares. A cabeceira, mais uma vez está a sua espera. Fica tão bem ali. Como se fosse o rei. Aliás, sempre foi o rei. Será que você vem? Fiz a sua pedida favorita. Arroz, feijão, bife, ovo, torresmo e salada. Os grãos não foram plantados por suas mãos e não brotaram naquela terra vermelha, mas foram temperados com lembranças de um tempo que insiste em dar frutos. A carne vermelha, com aquela gordura margeando como um território proibido de prazer, não se sabe se é de garrote, como era de sua preferência. O torresmo também não ficou mergulhado em latas de gordura e o ovo não tem aquela gema vermelha que o senhor tanto gostava de furar com o garfo. A alface e os tomates não vieram de suas terras, mas escolhi com todo cuidado e capricho. O meu sítio agora virou o supermercado. Mesmo assim, procurei trazer o melhor para a nossa mesa....
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22/02/2012 - Agora é cinza

O encanto acabou. A bruxa da realidade voltou a reinar transformado tudo em cinzas. O que era beijo roubado agora é cinza. O que era folia agora é cinza. O que era Pierrô agora virou cinza. O que era confete agora virou cinza. O que era alegria agora virou cinza. O que era fantasia agora é cinza. O que era serpentina agora é cinza. O que era colorido agora virou cinza. O que era batuque agora é cinza. O que era axé agora é cinza. O que era amor agora é cinza. O que era estandarte agora é cinza. O que era dança agora é cinza....
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21/02/2012 - Quando a bateria parou...

Quando a bateria parou e Alcione cantou, a Estação Primeira reinventou o carnaval na Sapucaí. Mangueira inova e se renova e prova o valor de sua existência. Tia Ciata gostou da ciência, rodou no meio das baianas e sambou até que a lua raiou. Delegado autorizou a nova batida e o guerreiro Oxóssi saudou a verde e rosa da sua chegada a sua despedida. O carnaval de rua em plena Sapucaí na voz de Alcione, marrom bem-te-vi que o mundo reverenciou.

Quando a bateria parou e Alcione cantou, a fantasia ganhou vida e a poesia tomou conta da avenida. Sob a velha tamarineira, o pagode do Cacique encontrou o samba de Cartola, de Carlos Cachaça e de Nelson Cavaquinho. Da vanguarda à velha guarda ninguém ficou parado, calado ou entediado quando Mangueira deu o seu recado. ...
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20/02/2012 - Um rei

Um rei não volta atrás mesmo quando esse é único caminho a seguir. Um rei não pede, ordena. Um rei não fala, ruge. Um rei nunca deixa de amar mesmo quando não mais amado. Um rei não julga, condena. Um rei não profetiza, executa. Um rei não é feito de pena. Um rei não chora, ao menos não diante de seu reino. Um rei não se rende. Um rei não cai. Um rei não morre, afinal seu coração é a coroa que continua pulsando em sua ou em outra cabeça.

Um rei não se limita a alguém e não imita ninguém. Um rei não se orgulha de seus súditos, mas de seus muros. Um rei não suplica, pega a força. Um rei não serve a interesses que fogem ao seu espelho. Um rei não brinca, duela. Um rei não existe nu de seus brasões, mantos e espadas. Um rei não é necessário, legal ou bem-feito. Um rei não sonha, conquista. Um rei não é domado. Um rei não tem o heroísmo como seu principal talento. ...
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