Daniel Campos

Texto do dia

Se você gosta de textos inéditos, veio ao lugar certo.

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Encontrados 30 textos de setembro de 2012. Exibindo página 1 de 3.

30/09/2012 - Dúvidas frequentes

Para onde vai? De onde vem? Será minha? Serei seu também? Quando acorda? Onde mora? Ainda chora? Será adeus? Será pra sempre ou vai embora? Crê em Deus? Favorece a quem? É de ninguém? Por onde voa? Já caiu em si? Atende por sabiá, cotovia ou bem-te-vi? Tem fome de quê? Paga para ver? Será que dorme? Esconde-se, encara ou foge? Vive por bem ou na marra? Ama ou odeia? O que sonha, deseja, pleiteia? Comédia, suspense ou drama? Qual o último capítulo da sua trama?

Quer o quê? Escreve ou lê? Compra, vende ou doa? Veste cor vermelha, laranja ou azul? Passeia pela lua, pelo morro ou pela zona sul? Será que pede socorro? Segue qual calendário? É de leão, escorpião ou aquário? Quer ser enterrada, cremada ou devorada? Canta para a plateia ou para o espelho? É de maré-baixa ou maré-cheia? Escurece ou clareia? Beijos na boca, nos pés ou nos joelhos? Sem pressa ou aos atropelos? Ama ou põe de cama? Ficção ou realidade? Será a anti-saudade?


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29/09/2012 - Schumacher, demitido por justa causa

“Quando acho que cheguei ao ponto máximo, descubro que é possível superá-lo”. Essas aspas não são somente um pensamento, mas uma prática constante na carreira de Ayrton Senna. Por mais adversa que fosse a situação, Senna sempre dava um jeito de superar a tudo e a todos. Corridas como a de Interlagos, em 1991, em que ele completou as últimas voltas tendo somente a sexta-marcha e a largada de Donington Park, em 1993, quando ele largando em quarto, caiu para quinto e ao fim da primeira volta já estava em primeiro à frente de Schumacher e das favoritas Williams, inclusive a pilotada por Alain Prost, são apenas dois exemplos de superação. Porém, Senna é um caso à parte. Um herói que ainda vivo se transformou em mito. E mitos não são demitidos....
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28/09/2012 - O amor dos espantalhos

No meio da plantação eles se olharam com olhos coloridos de botão e, no primeiro vento, misturaram suas almas de palha. As bocas costuradas não podiam entoar o espanto do amor. Sem poder falar com palavras, comunicavam-se por meio da linguagem dos retalhos. Corações retalhados. Buquês retalhados. Sonhos retalhados.

Enquanto o sol quebrava na palha do chapéu do menino, a lua brincava pelas tranças das bonecas de milho. Ah! Como eles queriam se libertar daquela cruz que prendiam seus corpos para dançar pelas ruas do milharal. Se pelo menos aqueles corvos lhe levassem pelos céus ao encontro de uma bruxa que lhes devolvesse a vida. ...
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27/09/2012 - É hoje

É hoje. E somente hoje. Amanhã não será mais e ontem não foi. É hoje. É hoje, indiscutivelmente, o momento. É hoje que o sentimento se dá de forma única. O vento que venta hoje não ventará nunca mais. A água que corre hoje não voltará nunca mais. A folha que cai hoje nunca mais voltará a ser árvore. A novidade de hoje amanhã estará perdida no fundo do baú da eternidade. O beijo dado hoje nunca mais será recebido. A palavra dita hoje não terá o mesmo significado ou força ou pretensão amanhã. A mocinha de hoje amanhã poderá ser vilã. O sonho mais procurado hoje amanhã poderá não passar de uma febre terçã. ...
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26/09/2012 - Andante

Andante, sigo adiante. Sou andante do tempo e do espaço. Ando pelos traços do dia, pelos braços da noite que me puxam, que me agarram, que me amarram. Sou andante do meu destino. Sou andante das taças de vinho, das roupas de linho, das cordas do pinho. Sou andante em busca do tesouro perdido, do mundo proibido, do amor entre a mocinha e o bandido. Sou andante dos lagos, dos magos, dos afagos.

Sou andante, amante das histórias. Sou andante, retirante das memórias. Ando pelas enseadas da ilusão, pelas montanhas da imaginação, pelos desertos da alucinação. Ando com um, com dois, com doze, com cinquenta, com mil pés. Ando pelos passos da mulher amada. Ando sob os percalços da estrada. Ando descalço pela lua dourada. Ando sem paradeiro feito mãos de um deus violeiro. Ando inteiro e ao mesmo tempo deixando pedaços meus. ...
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25/09/2012 - Deixe a dor sangrar

Deixe a dor sangrar para além do entendimento de Lacan, Freud, Jung. Redimensione, conheça, persiga a sua dor por meio de pilates, ioga, macrobiótica, meditação, psicanálise introspecção. Busque a liberdade com a certeza de que a dor tentará lhe aprisionar, lhe podar, lhe cercar de todos os jeitos. A dor é autoritária, burocratizante, centralizadora, leviana, estatizante, dirigista, controladora, intervencionista...

Viva com solidariedade, respeito, coragem e união as suas dores. Esqueça-se das anormalidades físicas causadas pela dor e concentre-se no desequilíbrio psicológico provocado por ela. A dor é capaz de lhe tirar do mundo, de lhe abstrair da realidade, de mudar seu ponto de vista, de dar outra forma para sua alma. A dor lapida. Não blasfeme. O sofrimento é bem-vindo para aqueles que desejam evoluir espiritualmente....
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24/09/2012 - Não teve hoje

Hoje não teve beijo, não teve bom-dia, não teve ensejo de sorte. Hoje não teve aceno, não teve um riso ameno, não teve aporte. Hoje não teve tempo, não teve abraço, não teve contrapasso. Hoje não teve contentamento, não teve melodia, não teve ave-maria. Hoje não teve espaço, não teve fim, não teve clarim. Hoje não teve vitória, não teve fantasia, não teve glória. Hoje não teve encanto, não teve história, não teve acalanto.

Hoje não teve esperança, não teve canção, não teve dança. Hoje não teve coração, não teve carinho, não teve abre-caminho. Hoje não teve bonança, não teve promessa, não teve primavera. Hoje não teve festança, não teve brecha, não teve uma nova era. Hoje não teve mensagem, não teve miragem, não teve telefonema. Hoje não teve literatura, não teve loucura, não teve poema. Hoje não teve endereço, não teve apreço, não teve começo.


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23/09/2012 - No rastro de Oxóssi

A estrada nunca é longa para um filho de Oxóssi. Enquanto muitos seguem a pé, ele vai a cavalo. Segue no galope selvagem dos cavalos de Oxóssi. Segue escoltado pelos caboclos do senhor da floresta. Òké Caboclo, Òké Aro Oxóssi, Arolé. O corpo do filho de Oxóssi não cansa, segue sua caça sem parar, sem desistir, sem se entregar. E a caça pode ser um bicho, um amor, um sonho, uma estrela. Não há caminho que não possa ser seguido por um filho de Oxóssi.

Entre o céu azul turquesa e a mata verde, é por aí que vai que o filho de Oxóssi. Sempre dão um jeito de se locomover, de ir em frente, de fazer valer a semente. Passam pela luta em nome da sobrevivência diária com leveza e elegância. Nem sol, nem água, nem animal, nem feiticeira, nem homem, nada se move na floresta sem permissão de Oxóssi. Seus filhos caminham seguindo seu rastro, pois à frente sempre está o senhor da riqueza e da fartura.


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22/09/2012 - Chuvará

Na sexta-feira de Oxalá, Nanã apareceu em forma de chuva, num balé, bem devagar, de águas para lá, de águas para cá. E plantas e animais, em uníssono, saudaram a volta da velha senhora num grande Salubá. Sob o axé de Olodumaré, as chuvas provocaram as marés de Iemanjá e as outras iabás. As águas correntes de Oxum ganharam força nas corredeiras e cachoeiras. Os ventos de Iansã espalharam a chuva como se espalha sementes de esperança pelo ar. Obá, depois de tantas guerras, largou a espada e foi dançar. Na cor das águas, o céu de Ewá, cobriu a todos nós nas feições de um grande abadá. ...
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21/09/2012 - Árvore-da-rima

Araticum e Urucum. Araçá-amarelo e Marmelo. Angico e Ficus. Cateretê e Ipê. Ipê-roxo, Ipê-rosa, ipê-verde. Ipê-jardim e Jasmim. Ipê-felpudo, Ipê-preto, Ipê-una, Ipê-cumbuca. Pinheiro-do-Paraná, Araçá, Jabuticabeira Sabará, Baobá, Jatobá, Ingá do Brejo, Jacarandá, Juá, Jaracatiá e Manacá. Cajuaçu e Cupuaçu. Cabreúva, Embaúba e Macaúva. Jatobá e Jequitibá. Orelha-de-mico e Orelha-de-onça. Chapéu-de-sol e Árvore do Céu. Cássia-aleluia, Cássia-carnaval e Cássia-imperial.

Mangueira, Aroeira, Quaresmeira, Goiabeira, Pitangueira, Amoreira. Guamiri e Juqueri. Abacateiro e Limoeiro. Pau-jangada, Pau-pólvora, Pau-d’alho, Pau-ferro, Pau-formiga, Pau-jacaré, Pau-mulato, Pau-óleo, Pau-rei. Pau-brasil e Tamboril. Cacaueiro, Árvore-do-dinheiro, Cajueiro, Monjoleiro, Damasqueiro, Coqueiro, Jambeiro, Umbuzeiro, Juazeiro e Salgueiro. Nêspera e Nogueira. Baraúna e Sumaúma....
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